sábado, 26 de fevereiro de 2011

150 Dias Sem VOCÊ



150 Dias sem ouvir sua voz


150 Dias sem falar com você


150 Dias sem te vê


150 Dias sem seu sorriso


150 Dias sem sua "marra" habitual


150 Dias sem vc me chamar de mãe


150 Dias sem suas histórias de fim de semana


150 Dias sem seus conselhos


150 Dias sem vc me ligar de 1 em 1 hora


150 Dias sem conversar com você


150 Dias sem zuar com você

150 Dias sem fazer churrasco para você


150 Dias sem ter quem chamar de gigante





-Porém São 150 Dias Rezando Por Você Diariamente e Sem Te Esquecer Um Só Instante.





SAUDADES SEMPRE GIGANTE!!!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Site anuncia descoberta da receita de Coca-Cola

receita de Coca-Cola


DE FOLHA SÃO PAULO

Os ingredientes da bebida mais famosa do mundo parecem não ser mais um “segredo de Estado”. De acordo com publicação do site “The Telegraph”, a receita criada em 1889 pelo farmacêutico John Pemberton, leva 16 ingredientes agora revelados pelo site norte-americano “This American Life”.






A descoberta teria surgido com a afirmação do site de que havia descoberto uma lista em uma fotografia de um artigo de jornal que dá os ingredientes e quantidades exatas para fazer a bebida.

RicFeld/AP

Segundo o “Telegraph”, a receita da Coca-cola, criada em 1889, leva 16 ingredientes

Na edição do Atlanta Journal-Constitution, de 8 de fevereiro de 1979, há uma imagem de alguém segurando um livro aberto com a receita exata de Pemberton.

Nenhuma publicação foi categórica em afirmar a autenticidade do achado histórico, mas a receita supostamente contém as medidas exatas de todos os óleos e ingredientes necessários para colocar um fim ao maior segredo da marca Coca-Cola.

A RECEITA SECRETA

3 dracmas de extrato fluido de coca
3 onças de ácido cítrico
1 onça de cafeína
30 açúcar ( mas não está claro a partir das marcações que quantidade é necessária)
2,5 galões de água
2 1/4 pints de de suco de limão
1 onça de baunilha
1,5 onças de Caramelo
7 vezes de sabor (use 2 onças de sabor para cada 5 galões de xarope)
8 onças de álcool
20 gotas de óleo de laranja
30 gostas de óleo de limão
10 gotas de óleo de noz-moscada
5 gotas de coentro
10 gotas de neroli
10 gotas de canela

MEDIDAS

As unidades seguem a métrica norte-americana. Veja os valores da métrica brasileira equivalente abaixo:

Onça fluída, líquida = 28,4123 ml
Galão = 3,785 litros
Dracma = 3,552 mililitro
Pint =0,568 litro

Unidade do eterno e do novo

Há um paradoxo da unidade entre eterno e novo, já que eterno compreende algo que está fora do tempo e permanece idêntico a si mesmo sempre. Já o novo é algo totalmente dependente do tempo e só existe enquanto temporalidade. A essa união aparentemente impossível, dá-se o nome de arte. Segundo Merleau-Ponty, a arte é “... advento como promessa infinita de acontecimentos”. A obra de arte é a busca incessante pelo eternamente novo, uma nova maneira de apreciar o que já existe, como fez Monet ao pintar várias vezes a mesma catedral.

Alberto Caeiro, um dos pseudônimos de Fernando Pessoa afirma que o artista busca o espasmo que uma criança sentiria ao perceber que nasceu. O artista busca um mundo que nasce a todo instante, como teria sido no momento da criação, mas ao mesmo tempo busca o mundo em sua permanência.

A arte é uma forma de ver, sentir, ouvir, pensar e que a rigor não exibe nada que nos é desconhecido, mas o que fazemos parte a todo instante e não percebemos. Após transcrever um poema de Jorge Lima, o autor afirma que “o poeta transfigura a linguagem para fazê-la dizer algo, mas esse algo não existe antes, aquém, depois, além do poema, pois é o próprio poema”.

Um livro, por exemplo, transfigura em uma linguagem comum a ambos, leitor e escritor, uma explosão de sentidos que leva o leitor a ser “pego” pela estória. Da mesma forma, uma pintura ou escultura ou qualquer das artes é a transfiguração do existente numa outra realidade.

Os poetas distanciam as palavras da linguagem-instrumento, tratando as palavras como entes reais e não como meros signos ou sinais estabelecidos. Já o prosador quer que as palavras designem o mundo, mesmo que para isso seja preciso reconstruir o mundo todo através das palavras.

A obra de arte é, assim, o desvendamento do mundo através da recriação do mesmo. A música, por exemplo, seria destruída se tentássemos ouvi-la no seu âmbito físico, como vibração de um corpo. A sua harmonia, combinação de sons e ritmo cria um muno sonoro que é ela própria.

Arte e Técnica

A palavra arte, etimologicamente, está relacionada à toda espécie de atividade humana submetida a regras. Em sentido amplo, arte é um conjunto de regras para dirigir uma atividade humana qualquer. Apesar desse amplo sentido, ao longo do tempo houve separações, que começaram com Platão, em sua distinção entre dois tipos de artes ou técnicas: as judicativas, dedicadas apenas ao conhecimento; e as dispositivas, voltadas para uma atividade.

Aristóteles estabeleceu a distinção do necessário, ou que não pode ser diferente do que é; e o contingente, ou o que pode ser diferente do que é. Platino completa a distinção separando as artes que auxiliam a natureza (medicina, agricultura, etc.) daquelas cuja finalidade é fabricar um objeto com os materiais oferecidos pela natureza (artesanato). Ainda acrescenta uma técnica não relacionada à natureza, apenas ao próprio homem, como a retórica, a música, etc.

As sociedades antigas geraram uma classificação que seguia a estrutura social escravista: as artes liberais, ou aquelas que exigem apenas do intelecto; e aquelas relacionadas ao trabalho e, portanto, inferiores. Após o Renascimento houve uma valorização das artes mecânicas. Com o desenvolvimento do capitalismo, o trabalho passou a ser fonte e causa de riquezas. Daí surge a separação entre a arte como sendo o belo, e a técnica como sendo o útil.

A partir do século XX as artes tornam-se trabalho da expressão e mostram que são inseparáveis da ciência e da técnica. A pintura e a arquitetura do séc. XX seriam incompreensíveis sem a matemática, a teoria da harmonia, a física e a óptica. A novidade é que agora as artes não buscam ocultar esse fato, elas se referem aquelas explicitamente.

Três manifestações contemporâneas ilustram a comunicação entre arte e técnica: a fotografia; o cinema e o design. A fotografia e o cinema, a princípio surgem como reprodução da realidade, porém, como o tempo, passam a ser artes da expressão. O design introduz as artes na produção fabril, produzindo objetos técnicos. A diferença entre arte e objeto técnico é que o último tem como principal atributo a funcionalidade.

Este tema é bastante polêmico, visto que a maioria designers não se considera artista e nega cumplicidade com as artes. O designer deve ter disciplina, atender a requisitos de mercado, especificações técnicas e normativas, de segurança, usabilidade e ergonomia. Emprestando algumas palavras, “se além de tudo isso ele se considerar um artista, deve-se perguntar se não é um ser sobrenatural”.

Arte e Religião

Trabalho e religião foram as duas primeiras manifestações culturais. Sendo a religião uma forma de sociabilidade e autoridade. A relação humana com o sagrado, o divino em suas mais diversas manifestações, gerou uma ritualização de atividades e acontecimentos, como a colheita, a passagem do dia para a noite, entre outros.

As artes existem no interior dos cultos e para servi-los. Assim o artistarealizava um ofício sagrado, recebendo educação especial para isso e respeitando as regras e normas para a fabricação de objetos ou outras formas de representação.

A dimensão religiosa deu as obras de arte uma qualidade: a aura. A autenticidade, a unicidade da obra, o que dá a ela a transcendência. Mesmo após o distanciamento entre arte e religião, as obras não perderam sua aura. Devido a isso o artista ainda é visto como gênio criador, mentor de uma obra excepcional, mágico.

Arte e Filosofia

A princípio, as artes foram analisadas no contexto da poética pelos filósofos gregos Platão e Aristóteles. Essa óptica sugere o estudo das obras de arte como fabricação de seres e gestos artificiais, ou seja, produzidos por seres humanos.

Por volta de 1750 o termo estética foi usado pela primeira vez. Aos poucos passou a substituir a poética. A estética sugere que a finalidade de uma obra é a contemplação, a busca do belo, e que o belo é diferente do verdadeiro.

No início do século XX, porém, o critério de avaliação das obras de arte muda. As artes passam a ser vistas de outras perspectivas, tais como a expressividade, a interpretação e a crítica da realidade social e inovação em procedimentos criadores.

Relação entre Arte e Natureza

A primeira relação entre arte e natureza foi a de imitação. Por meio das várias formas de arte, o artista busca imitar outros seres com materiais e formas adequados.

Após o Romantismo, a filosofia passa a definir a obra de arte como criação. Em oposição à concepção anterior que buscava o valor do objeto imitado, agora o valor está na imaginação criadora, no artista.

Outra concepção contemporânea valoriza a expressão de um sentido novo, coloca o artista numa relação contínua com a natureza e com a sociedade, rejeitando a visão de gênio criador solitário e excepcional.

Relação entre Arte e Humano

Há duas concepções de arte que percorrem a história das relações entre arte e homem: a de Platão, que considera a arte um conhecimento, porém no plano mais baixo, pois é apenas a imitação do sensível; e a de Aristóteles, que toma a arte como atividade prática.

Na Renascença, a visão platônica é modificada e a arte passa a ser mais valorizada. Isso ocorre devido a idéia de que Deus criou o homem com capacidade de criar novos mundos e até deuses, e isso se dá por meio da arte.

Essa é uma concepção estranha, impregnada de religiosidade, pois a criação de um novo ser implica a criação de vida autogovernável (no sentido estrito) e, apesar de algumas formas de arte até serem dotadas de movimento, caracterizam uma forma de linguagem, possuem vida apenas na sua comunicação com os espectadores, e apenas, os que conhecem tal linguagem.

Finalidades-Funções da Arte

Duas concepções de funções predominam na história das artes: a pedagógica e a expressiva.

A concepção pedagógica inicia com Platão e Aristóteles. Platão, porém, exclui poetas, pintores e escultores, pois estes apenas imitam o sensível. Dança e música, segundo ele, são disciplinas fundamentais na formação do corpo e da alma. Aristóteles desenvolve longamente o papel das artes (com ênfase na tragédia), que purificaria espiritualmente os espectadores.
Vários filósofos contemporâneos como Kant e Hegel, defendem o papel educativo das artes. Assim, por ter uma relação intrínseca com a sociedade, a arte também deve ser crítica social e política, interpretação do presente e imaginação do futuro.

Em outra perspectiva, a arte é tida como expressiva. Um mundo novo é criado para nos fazer entender o real. Segundo essa concepção, a arte é alegórica e simbólica.

A concepção de arte como símbolo é motivo de controvérsias entre vários autores, engajados no subjetivismo e no objetivismo das artes. Os últimos afirmam que a arte não pode,em um panorama geral, ser simbólica, pois não se pode definir o seu objeto, ou seja, “simbólico de quê?”. Entre eles destaca-se David Best, que dedicou vários volumes ao papel das artes na educação.

A obra de arte surge de um duplo ponto de partida: o desejo do artista de exprimir alguma coisa que ainda não sabe bem o que é; e o excesso de significações de outras obras. A primeira afirmação é duvidosa, afinal se o artista não sabe o que exprimir, como ele o faz? Nesse caso exprimiria dúvida em todas as suas obras ou simplesmente não exprimiria nada de seu, pois a obra significaria alguma coisa que ela próprio desconhece e passaria a conhecer somente após vê-la terminada, o que o tornaria comparável a um espectador qualquer.

Arte e Sociedade

Também nesse aspecto há o dualismo. De um lado defende-se a arte “pura”, “arte pela arte”, sem influência dos acontecimentos externos; de outro, há as artes engajadas, que passa uma mensagem e é meio de divulgação e conscientização da sociedade.

Indústria Cultural

A modernidade libertou as artes da religião e a submetetu a uma nova servidão: o mercado capitalista. As obras de arte viraram mercadorias, como tudo o que existe no capitalismo.

Embora exista uma massificação, o acesso à arte não é pleno por toda a população, há a obra de arte elitizada e a massificada. A seleção do que é cada uma delas é dá-se pelo preço atribuído a cada uma delas.

Por vender cultura, a indústria cultural deve convencer o consumidor, não incomodá-lo de forma alguma (o que é propósito de muitas obras), pois o que perturba não vende. Massificar é, assim, banalizar a expressão artística e intelectual.

Os meios de comunicação

Os meios de comunicação mais afetados pela indústria cultural são o rádio e a televisão. Isso se manifesta inicialmente pela divisão de horários e públicos. Essa divisão é feita para atender às exigência dos patrocinadores, que veiculam suas marcas de acordo com o público alvo e horário apropriado. Além disso, os patrocinadores controlam a programação, pois caso alguma informação desagradável seja veiculada, pode implicar no fim do patrocínio.

A desinformação é o principal resultado oferecido pelos noticiários. A falta de localização espacial faz com que os espectadores coloquem notícias de vários lugares do mundo como igualmente distantes ou igualmente próximas. Há também a falta de localização temporal, onde não há a ligação entre os fatos e o passado e os efeitos futuros.

Um efeito negativo da mídia nos espectadores é o criado pela divisão do conteúdo em blocos, intercalados com intervalos comerciais, nos quais há a dispersão de atenção. Pouco a pouco, isso se torna um hábito, usado em várias ocasiões rotineiras, como por exemplo ler um livro. Assim, um jovem não consegue ler mais do que dez minutos de cada vez e não suportam a idéia de ler um livro inteiro.

Outro efeito negativo da mídia é a infantilização do público. Um indivíduo é infantil quando não tolera o intervalo de tempo entre um desejo e sua satisfação. Por oferecer satisfação instantânea ao espectador, a mídia faz com que o espectador assuma essa postura e este passa a não tolerar esse intervalo. Um bom exemplo é o telespectador que troca de canal compulsivamente, pois acha que a satisfação de sua necessidade o aguarda em outro canal.

Há ainda o autoritarismo da indústria cultural. Isso se manifesta por exemplo nos programas que ensinam ao público cada ato de sua existência, como viver, criar os filhos, fazer sexo e ter o corpo juvenil. Esse processo ocorre por intimidação social, visto que o público não tem preparação para analisar criticamente as informações e por isso deve seguir o “padrão”.

Como conclusão pode-se dizer que essa falsa democratização das arte e a sua vulgarização ocorrem por dois motivos principais: iludir o público, mantendo-o passivo e supostamente saciado; e maximizar lucros, afinal tudo é mercadoria.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

2 De Fevereiro é dia de Yemanjá, Rainha do Mar









Para nós de “Afrodescendestes em Amai-Vos”, o Dia Dela também chegou!

Apesar de receber homenagem em diferentes épocas do ano, nas datas dedicadas às Iabás (Orixás Femininos) e na virada do ano (no dia 31 de dezembro), em praticamente todas as cidades costeiras do Brasil, independentemente da fé religiosa de cada participante, o dia 2 de fevereiro é louvado como o “dia de Iemanjá”.

E essa louvação, como um “presente para Iemanjá”, surgiu na Bahia. É uma idéia que teria vindo de um pescador, para reviver a festa do Rio Vermelho, devido a problemas de “sincretismo” que a igreja católica não admitia(2) e (3). Os pescadores, então, decidiram dar um presente à Mãe d´Àgua, no dia 2 de fevereiro. Mas precisavam da ajuda de alguém que conhecesse bem o culto da Mãe d’Água. Os pescadores acorreram a Júlia Bogun, Mãe-de-Santo do candomblé. Ela explicou como deveria ser um presente para Iemanjá, de acordo com o preceito africano. Pediu que fossem comprados um balaio grande, uma talha de barro, flores e fitas nas cores do Orixá: branco e azul. O presente foi levado para a Casa do Peso e depois encaminhado ao mar.

Foi assim que a partir da década de 1930 houve a ascensão do Presente da Mãe d’Água que só recebeu a denominação de Festa de Iemanjá na década de 1960 e se espraiou por todo o Brasil.


Ìyáàgbà ó dé iré sé
A kíì e Yemonja
A koko pè ilê gbè a ó yó
Odò ó fí a sà
Wè rè ó

A velha mãe chegou fazendo-nos felizes,
Nós vos cumprimentamos Iemanjá,
A primeira que chamamos para abençoar a nossa casa e nos encher de satisfação.

Usar o seu rio que escolhemos para nos banharmos, pois o rio que escolhemos é o que usas para o seu banho.(4)

Iemanjá é uma dentre as divindades do panteão africano: Iyemanjá, Yemanjá, Yemaya, Iemoja, Iemanjá ou Yemoja. Seu nome deriva da expressão na língua Iorubá "Yèyé omo ejá" ("Mãe cujos filhos são peixes").

Em sua origem africana, Iemanjá é representada como mulher adulta, sendo filha de Olóòkun - Orixá do Mar.

Yemoja é Orixá da nação Egbá, na Nigéria, onde existe um rio com o mesmo. É Orixá que representa a criação efetivada, sendo responsável pela fertilidade, fecundidade, abundância. Seu culto tem relevo nas religiões de matrizes africanas, na medida em que a iniciação dos/as adeptos/as (Bori) é dedicada a esse Orixá. É assim que ela é a Mãe de todos os Orixás.

Conforme Pierre Verger, seu culto inicialmente era feito na região entre Ifé e Ibadan, "onde existe ainda o rio Yemoja. As guerras entre nações Yorubás levaram os Egbá a emigrar na direção oeste, para Abeokutá, no início do século XIX, onde passou a ser cultuada em outro rio... O principal templo de Iemanjá está localizado em Ibará, um bairro de Abeukutá. Os fiéis desta divindade vão todos os anos buscar a água sagrada para lavar os axés, numa fonte de um dos afluentes do rio Ògùn, o rio Lakaxa. Essa água é recolhida em jarras, transportada numa procissão seguida por pessoas que carregam esculturas de madeira (ère) e um conjunto de tambores. O cortejo na volta, vai saudar as pessoas importantes do bairro, começando por Olúbàrà, o rei de Ibará."(5)


O culto à Iemanjá e aos demais Orixás foi trazido para as Américas pelos africanos escravizados, muitos dos quais eram sacerdotes nas nações do continente africano. Ao se defrontarem com a realidade das novas terras, para onde foram levados sem direito de escolha, sacerdotes e sacerdotisas tiveram que fazer adaptações aos costumes rituais para dar continuidade ao culto aos Orixás. Despojados pelo tráfico explorador de mão-de-obra, negros e negras chegavam com o único bem, com o qual agüentaram as agruras da travessia do Oceano Atlântico: suas lembranças e a fé que tinham nos Orixás, nos Ancestrais.

Quando comparamos as histórias contadas oralmente, pode-se constatar que os métodos utilizados foram praticamente os mesmos em lugares muitas vezes muito distantes entre si. O sincretismo foi um dos modos que o povo negro encontrou para se proteger e poder cultuar seus Orixás.

Os “senhores” vendo seus escravos dançarem de acordo com os seus hábitos e cantarem nas suas próprias línguas, julgavam não haver ali senão divertimentos de negros nostálgicos. Na realidade, não desconfiavam que o que eles cantavam (...) eram preces e louvações a seus orixás, a seus vodun, a seus inkissi.

Quando precisam justificar o sentido dos seus cantos, os escravos declaravam que louvavam, nas suas línguas, os santos do paraíso [da igreja católica]. Na verdade, o que eles pediam era ajuda e proteção aos seus próprios deuses.

Não se pode afirmar que já se tratava de sincretismo entre os deuses da África, por um lado, e os santos católicos, por outro, pois, no século XVIII, as características das divindades africanas eram ainda desconhecidas dos senhores e do clero português, enquanto os escravos não podiam também conhecer os detalhes da vida dos santos.

As primeiras menções às religiões africanas no Brasil são (do ano) de 160, por ocasião das pesquisas do Santo Oficio da Inquisição, quando Sebastião Barreto denunciava o costume que tinham os negros, na Bahia, de matar animais, quando de luto... Para lavar-se no sangue, dizendo que a alma, então, deixava o corpo para subir ao céu.

(...) É difícil precisar o momento exato em que esse sincretismo se estabeleceu. Parece ter-se baseado, de maneira geral, sobre detalhes das estampas religiosas que poderiam lembrar certas características dos deuses africanos.(6)

Na “Santeria” cubana ou “La Regla Lucumí”, que funde crenças católicas com a religião tradicional africana, essa ligação de Orixás e Santos chega a se confundir, a ponto de os fiéis dizerem se tratar do mesmo Santo, tanto para a Santeria, como para a igreja católica. Nesse caso, Yemaya vem a ser a representação da "Virgem de la Regla" padroeira dos cubanos ou a Black Madonna, a Nossa Senhora negra homenageada em vários países.(7)

No Brasil, Iemanjá é cultuada de Norte a Sul, de formas diferentes. É importante o exemplo do Nordeste onde a religião dos Egbá, também chamada Nagô-Egbá, Xangô do Recife ou Xangô do Nordeste, tem como Orixá principal Iemanjá, por ser a mãe de Xangô, como patrono da nação. Assim teve origem o Maracatu, onde a dança, executada com as Calungas tem caráter religioso e é obrigatória na porta das igrejas, representando um "agrado" a Nossa Senhora do Rosário e a São Benedito. Quando o Maracatu visita um terreiro homenageia os Orixás.

A associação que se faz de Iemanjá com Dona Janaína (branca), sereia de tantas lendas e histórias, tem origem nas mesmas referências da Bahia que deram origem às homenagens no dia 2 de fevereiro. Deve-se observar que o Orixá Iemanjá não tem qualquer referência com a volúpia das sereias das lendas européias ou mesmo com Iara (ou Mãe-D'água), figura mitológica difundida entre os indígenas. Sereias têm a origem nos mitos e lendas ocidentais cuja aparência nada tem a ver com Iemanjá cultuada em qualquer um dos países da Diáspora Africana.

Nos vários estados brasileiros, o dia 2 de fevereiro homenageia Nossa Senhora dos Navegantes (RS); Nossa Senhora da Candelária (madroeira de Indaiatuba – SP); Nossa Senhora das Candeias; Nossa Senhora da Luz; Nossa Senhora da Purificação;(8) Nossa Senhora d’Ajuda (Itaporanga – SE); Santa Maria Madalena (madroeira União dos Palmares – AL); Nossa Senhora do Bom Conselho (madroeira de Arapiraca - AL) e, possivelmente, ainda mais...

São conhecidas e concorridas as procissões e entregas de presentes a Iemanjá, em Salvador – BA, no bairro do Rio Vermelho(9); no Rio de Janeiro: o presente a Iemanjá da Casa de Cultura Estrela d´Oyá; o presente e a procissão organizada pela IRMAFRO (Irmandade de Cultura e Religiões Afro-Brasileira do Rio de Janeiro) em Sepetiba, bairro do Rio de Janeiro – RJ, desde 1994.

A procissão de Sepetiba, iniciada por Paulo de Oxossi, é, atualmente, coordenada por Pai Renato de Obaluayê. Mesmo antes de falecer, em 2003, Paulo de Oxossi havia passado a condução da IRMAFRO a Pai Renato de Obaluayê, que deu continuidade ao Presente e à Procissão em louvor a Iemanjá, com a colaboração de Babalorixás e Yalorixás (do Rio de Janeiro e de outras cidades), com reconhecido destaque para Mãe Miriam d´Oyá.

Ainda no Rio de Janeiro são conhecidas: a carreata até a Praia de Copacabana, por iniciativa do Mercadão de Madureira e a celebração do Barco de Iemanjá, por iniciativa da Congregação Espírita Umbandista do Brasil – CEUB.


Com a saudação a Iemanjá, “Odoyá”, que reafirma ser Ela a mãe, a senhora (Yá) do rio (Odo), as autoras desejam a cada um/a que vier a ler este texto, em qualquer tempo, a serenidade, a fartura e a sabedoria dos rios que não se intimidam diante de obstáculos.



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Dois de Fevereiro
Dorival Caymmi
Composição: Dorival Caymmi







Dia dois de fevereiro
Dia de festa no mar
Eu quero ser o primeiro
A saudar Iemanjá
Dia dois de fevereiro
Dia de festa no mar
Eu quero ser o primeiro
A saudar Iemanjá
Escrevi um bilhete a ela Pedindo pra ela me ajudar
Ela então me respondeu
Que eu tivesse paciência de esperar
O presente que eu mandei pra ela
De cravos e rosas vingou
Chegou, chegou, chegou
Afinal que o dia dela chegou
Chegou, chegou, chegou
Afinal que o dia dela chegou

Revolução dos Cravos