quarta-feira, 30 de abril de 2014

Almas Gémeas

A teoria modernamente divulgada e defendida das almas gémeas, não encontra base de sustentação no bom-senso, nem na Doutrina Espírita.

Segundo as teorias da Nova Era, Deus teria originariamente criado uma alma para a dividir em duas metades e, tendo-as separado, elas se buscam até voltarem a encontrar-se, ficando a alma novamente completa. Estas almas, sendo gémeas, desde a criação, possuiriam características únicas semelhantes entre si, mas distintas de todas as outras, o que poria em causa o princípio do livre-arbítrio, em que cada um de nós é o único responsável pela sua própria evolução espiritual.
  • “…não há união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a de todos os Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais unidos. Da discórdia nascem todos os males dos humanos; da concórdia resulta a completa felicidade.” In O Evangelho segundo o Espiritismo - Item 298.

Com este tipo de pensamento, (das falsas almas gémeas) se vêm justificando algumas atitudes precipitadas de divórcio, adultério e outras práticas que, sendo reveladoras de comportamentos exagerados, porque centrados no ego, muitas vezes filhos do orgulho e da incapacidade de doar-se, exigem ainda a aprovação da sociedade a quem este tipo de ideias seduz e liberta da censura da consciência (essa sim, FATAL) que, um dia, não poderá ser silenciada, pois todos respondemos, queiramos ou não, pelos prejuízos causados a outros.
  • "Em que sentido se deve entender a palavra metade, de que alguns Espíritos se servem para designar os Espíritos simpáticos?
  • “A expressão é inexata. Se um Espírito fosse a metade do outro, separados os dois, estariam ambos incompletos.”

  • a) - Podem deixar de ser simpáticos um ao outro dois Espíritos que já o sejam?
  • “Certamente, se um deles for preguiçoso.” In O Evangelho segundo o Espiritismo - item 299

Como se vê, embora todos nós pertençamos a famílias espirituais, comunguemos de pensamentos e sentimentos similares, teremos sempre de lutar em cada existência pelo nosso aperfeiçoamento individual, sobretudo se essa mesma família espera por nós. E quem não tem um anjo guardião (ou anjo da guarda) que é tão somente um espírito simpático, um pouco mais evoluído a orientar-nos no caminho do bem? Todavia, quando o não ouvimos, ele se cansa e vai embora. Voltará quando nos predispusermos a alterar a nossa vida.

Terminamos esta reflexão, com as belas e sábias palavras de Léon Denis, contemporâneo de Kardec:

“O espírita conhece e compreende a causa de seus males; sabe que todo sofrimento é legítimo e aceita-o sem murmurar; sabe que a morte nada aniquila, que os nossos sentimentos perduram na vida de além-túmulo e que todos os que se amaram na Terra tornam a encontrar-se, libertos de todas as misérias, longe desta lutuosa morada; conhece que só há separação para os maus. Dessas crenças resultam-lhe consolações que os indiferentes e os cépticos ignoram. Se, de uma extremidade a outra do mundo, todas as almas comungassem nessa fé poderosa, assistiríamos à maior transformação moral que a História jamais registrou.”
“Depois da Morte” 

O Culto dos Mortos na Visão Espírita

Este culto aos mortos num dia determinado, com a visita aos cemitérios e oferendas remonta aos tempos antigos e tem a sua origem nos cultos pagãos de adoração aos Deuses.


Com a ascensão da Igreja Católica, na época Romana, à categoria de religião oficial, no reinado de Constantino Magno no ano de 321, houve que fazer cedências e assimilar a cultura latina e a de outros povos que praticavam rituais e procediam a festivais nos cemitérios, em homenagem aos antepassados.
Dessa assimilação surgiram as próprias concepções de Céu, Inferno e Purgatório na religião dos cristãos que, para além de crer na ressureição dos corpos no dia do juízo final, passaram a cultivar o hábito de orar aos seus mártires, visitando-os nos cemitérios.
A partir do século XIII, a Igreja instituiu o dia 2 de Novembro como oDia de Finados.
Um pouco por todo o lado este culto é praticado, apenas variando nas datas: na China comemora-se o Festival do Fantasma Faminto durante o Outono; no Japão o Festival das Lanternas (Obon) acontece entre 13 e16 de Julho; mesmo o termo Halloween parece ser uma corrupção do termo católico “Dia de Todos os Santos”, praticado nos festivais dos antigos povos celtas na Irlanda, cujo Verão terminava a 31 de Outubro.
Mais tarde, este costume foi transferido para os Estados Unidos, através da imigração Irlandesa.

No Espiritismo não há um dia especifico para recordar e homenagear os entes queridos, pois todos os dias do ano são bons para o fazermos e eles, que continuam vivos, embora noutra dimensão, agradecem as nossas lembranças sinceras, qualquer que seja o local onde elas se dêem.
Se estiverem felizes, regozijar-se-ão com o amor que lhes dedicamos e com a saudade que sentimos; se ainda se encontrarem algo perturbados (por desencarne recente ou violento, por exemplo), mais reconhecidos ficarão, pois a nossa prece lhes levará consolo e alívio, abrindo janelas luminosas para o auxílio que se lhes faz necessário.
Pouco se importarão se os visitamos ou não nos cemitérios, pois sabem que aí apenas se encontram os despojos carnais que lhes serviram para mais uma etapa de evolução e que, causa de sofrimento nos derradeiros tempos, abandonaram com alegria. Se lá comparecem é para mais um reencontro com os que ainda se encontram na terra e que mantêm o culto das sepulturas.
Conto-vos uma situação concreta que acompanhei de muito perto, ocorrida há 20 anos.
Tendo desencarnado havia pouco mais de um ano, o marido duma pessoa minha conhecida, manifestou-se mediunicamente, dando todas as informações que lhe foram solicitadas para a sua correcta identificação. Quando a esposa lhe perguntou se precisava de alguma coisa, todos ouvimos surpreendidos o pedido que lhe foi endereçado, com algum humor, característico da sua personalidade, enquanto na terra.
Pediu a entidade encarecidamente à esposa que deixasse de ir ao cemitério todos os dias, informando que ele já lá não estava, porque não era o seu lugar preferido. E que ainda por cima a esposa o “obrigava” a acompanhá-la diariamente, porque ele tinha receio de que a assaltassem pelo caminho.
A esposa vivia na Costa da Caparica e o cemitério distava alguns quilómetros da vila; ela percorria o caminho a pé e este não é de facto muito seguro. Quem conhece a zona, sabe do que falo.

Como se vê, a nossa visão facilmente se altera, quando aportamos ao mundo espiritual e percebemos que afinal não estamos mortos, mas mais vivos do que nunca com o Futuro imenso pela frente e oportunidades infinitas de reparação de nossos erros passados; abandonamos crenças ilusórias e passamos a valorizar todas as boas acções que praticámos, nesta ou em vidas passadas, de esperanças renovadas.
Se queremos homenagear os nossos “mortos”, recordemo-los nos momentos bons e troquemos uma ida ao cemitério, ou mais uma missa, por uma acção caridosa em seu nome e isso lhes será mais útil e recebido como uma prova do amor que lhes continuamos a dedicar. Até um novo reencontro, pleno de alegria.
Vejamos o que nos dizem os Espíritos, através de Kardec:

321. O dia da comemoração dos mortos é, para os Espíritos, mais solene do que os outros dias? Apraz-lhes ir ao encontro dos que vão orar nos cemitérios sobre seus túmulos?

“Os Espíritos acodem nesse dia ao chamado dos que da Terra lhes dirigem seus pensamentos, como o fazem noutro dia qualquer.”

a) - Mas o de finados é, para eles, um dia especial de reunião junto de suas sepulturas?

“Nesse dia, em maior número se reúnem nas necrópoles, porque então também é maior, em tais lugares, o das pessoas que os chamam pelo pensamento.

323. A visita de uma pessoa a um túmulo causa maior contentamento ao Espírito, cujos despojos corporais aí se encontrem, do que a prece que por ele faça essa pessoa em sua casa?

“Aquele que visita um túmulo apenas manifesta, por essa forma, que pensa no Espírito ausente. A visita é a representação exterior de um fato íntimo. Já dissemos que a prece é que santifica o ato da rememoração. Nada importa o lugar, desde que é feita com o coração.”
"O Livro dos Espíritos"

Para onde vamos depois de morrer?

Resumo
O registo de inúmeros casos e investigação de experiência de vidas passadas apontam claramente para a vida após a morte.
 Em todos os casos de registo de reincarnações, verificou-se que houve um lapso de tempo variável entre a morte de uma pessoa e a sua reincarnação na Terra. Então, para onde vamos depois de mortos até reincarnarmos na Terá ? 
É um único plano de existência ou há uma variedade de planos de existência ? 
Em caso afirmativo, quais são os factores que decidem para onde vamos após a morte ? Neste artigo, apresentamos as respostas para estas e outras questões sobre este tema. Estas respostas foram obtidas através da investigação espiritual  feita por pesquisadores espirituais da Fundação para a pesquisa e Ciência Espiritual (SSRF- spiritual  Science  spiritual Research  (SSRF)), com um sexto sentido altamente desenvolvido (ESP).
Nota: De modo a compreender melhor este artigo, é recomendado que leia o artigo sobre os três componentes básicos subtis de  sattva,raja e tama.

1. O que acontece depois de se morrer?

A pesquisa espiritual tem mostrado que o homem é composto pelos seguintes quatro corpos básicos
  • Físico
  • Mental
  • Causal ou Intelectual
  • Supracausal ou ego subtil
A imagem abaixo é um diagrama que representa do que o ser humano é composto.
 
 
Quando a pessoa morre o corpo físico deixa de existir. No entanto, o resto de sua existência continua. A existência da pessoa sem o corpo físico é conhecida como corpo subtil (linga deha) e é composto pelo mental, causal  (intelecto) e supracausal (ego subtil). Este corpo subtil, em seguida, vai para um dos 13 planos subtis de existência  que não seja o plano da Terra.

2. Os catorze planos de existência do Universo

Sete deles são planos positivos da existência e sete são planos negativos da existência. Os sete planos negativos da existência são conhecidos como Inferno   (Paataal). Existem inúmeros sub-planos dentro destes planos principais da existência.                                                                                                                                                                   

Os sete planos positivos da existência:  Os planos de existência ocupados  pelas pessoas vivas e corpos subtis fazendo atos Dharma ou engajados na prática espiritual, seguindo a trajetória positiva da prática espiritual, são conhecidos como os sete planos positivos da existência ousaptaloka. Por caminho positivo, queremos dizer a orientação espiritual ou prática espiritual mais condutiva à realização de Deus, que é o objectivo supremo em termos de crescimento espiritual.

O plano da Terra é o único plano físico de existência no Universo e é também o primeiro plano de existência na hierarquia dos planos positivos de existência no Universo.

Os sete planos negativos da existência :Estes são planos de existência ocupados principalmente por corpos sutis que fizeram atos injustos e estão empenhados na prática espiritual de acordo com o caminho negativo. Por caminho negativo, queremos dizer a orientação da prática espiritual é no sentido de alcançar o poder espiritual, por exemplo, poderes sobrenaturais. Este poder espiritual é usado principalmente para melhorar seu controle sobre os outros ou para fins negativos. Assim, todos os corpos sutis que vão para qualquer um dos planos de existência do Inferno, em virtude de suas más intenções tornam-se fantasmas. 

Consulte o artigo sobre  “O que é um fantasma”?

Sub planos de existência do Inferno  (Narak): Cada plano de existência do Inferno  (Paataal)  tem um sub plano conhecido como Narak. Por exemplo, o primeiro plano de existência do Inferno tem dentro deste um sub-plano que é conhecido como o primeiro Narak. O Narak é reservado para os piores fantasmas (demónios, diabos, energias negativas, etc) no Inferno. Os fantasmas (demónios, diabos, energias negativas, etc.) ocupando o primeiro Narak têm dentro punições mais severas e de maior duração do que aqueles que ocupam o primeiro plano de existência no Inferno.

O diagrama abaixo mostra os 14 planos de existência no Universo.

Uma explicação por trás do esquema de cores usado
  • Terra é representado avermelhada, pois representa a ação (componente básico raja isto é sutil), já que é o único avião em que temos o corpo físico para fazer alguma coisa.
  • O Céu é retratado em cor de rosa, o que representa uma abundância de felicidade.
  • O amarelo representa o conhecimento espiritual e um aumento do componente básico subtil  sattva . Este finalmente torna-se quase branco no estado mais alto, que representa a proximidade com o princípio de Deus em manifesto.
  •  As regiões do Inferno são representadas por tons mais escuros de preto e há um aumento do componente básico subtil  tama

3. Céu e os outros planos positivos de existência do Universo.



Notas de rodapé(baseadas nos números em vermelho na tabela acima)

  1. Cada plano positivo ou negativo da existência para além da Terra (física), torna-se mais e mais subtil.Por subtil nós queremos dizer, que isso está para além da compreensão dos cinco sentidos, mente e intelecto. Satyaloka é o mais subtil ou seja é o mais difícil de ser percebido ou compreendido a menos que um alto sexto sentido (ESP), seja atingido.
  2. Devido à falta de prática espiritual, a maioria das pessoas na época atual, vão para o mundo inferior ou para um dos planos de existência do Inferno. Nós geralmente vamos para o Nether após a morte quando a proporção de deméritos (incorridos devido a acções erradas na Terra) é aproximadamente 30%. Deméritos normalmente incluem malícia para com os outros e um monte de desjos. A probabilidade de serem atacados no mundo Nether por fantasmas de nível superior a partir de um plano inferior de existência do Inferno é quase certa.
  3. A  Terra é o único plano de existência  onde há uma amálgama de pessoas com diferentes níveis espirituais. No entanto, após a morte vamos para o plano preciso da existência correspondente ao nosso nível espiritual.
  4. nível espiritual  mínimo para atingir o Céu após a morte é de 60%. Por favor consulte o artigo, que descreve o nível espiritual e a repartição mundial em 2006 de acordo com o nível espiritual. Básicamente, a partir da perspectiva da Ciência espiritual , atos meritórios para alcançar o Céu ou planos mais elevados positivos da existência são os atos praticados com o objectivo da realização de Deus. Os seguintes critérios podem ser aplicados.
  • Atos feitos sem doership, ou seja, com a perspectiva de que o próprio Deus é que começa por mim e que portanto não posso reinvindicar qualquer crédito.
  • Feitos sem perspectiva de aclamação ou apreciação
  • Feitos sem a perspectiva de resultados.
  1. Para alcançar um plano superior de existência além do Céu é preciso estar em um nível espiritual superior a 80%. Isso só pode ser alcançado pela prática espiritual consistente  e de acordo com as seis leis básicas da prática espiritual em conjunto com uma redução do ego.
  2. Pelo corpo predominante queremos dizer que o corpo mais ativo é o mental, intelecto ou ego mental ou subtil. Por exemplo, no plano  de existência Nether  (Bhuvalok), os corpos subtis ainda têm um monte de desejos e apegos. Como resultado, muitas vezes eles se tornam fantasmas tentando cumprir  alguns de seus desejos. Isto deixa-os vulneráveis  a fantasmas de nível superior dos degraus inferiores do Inferno os quais tiram proveito dos seus desejos  para afetar as pessoas na Terra
  3. No plano de existência Nether nós experimentamos alguma felicidade. No entanto a infelicidade é amplificada quando comparada com a infelicidade na Terra.
  4. No Céu plano de existência os corpos subtis sentem uma experiência sobre a abundância de felicidade. Esta felicidade está muito além da felicidade experimentada na Terra em quantidade, qualidade e duração. À medida que subimos nos planos positivos da existência, há um aumento na qualidade da felicidade e não há infelicidade.
  5. A felicidade sattvik significa a felicidade devida a ajudar os outros sem qualquer expectativa ou amarras. Quando o ego está envolvido no ato isso torna-se raajasik.
  6. Serenidade é uma experiência mais alta que alta que a felicidade

3.1 Planos positivos de existência e reincarnação naTerra.


Desde os planos de existência abaixo  Mahālok, as pessoas precisam reincarnar no plano da Terra para resolver o seu destino e completar a sua conta de dar e receber.
Se uma pessoa atinge  Mahālok e Janalok após a morte, isso significa que elas estão acimado nível espiritual de 80%. Estas almas não precisam reincarnar como destino como todas as outras. ( A conta acumulada ) pode ser  trabalhada a partir desses planos em si. No entanto, estes  corpos subtis evoluídos podem optar por nascer pela sua própria vontade. Eles fazem isso para actuar como guias espirituais para a humanidade!
Em algumas circunstâncias pessoas que morrem com o nível espiritual de 60% podem alcançar o  Mahālok. Aqui , o potencial da pessoa para o crescimento ainda é considerado. Através da pesquisa espiritual, descobrimos cinco factores que influenciam esse potencial de crescimento espiritual
  • Ter uma grande quantidade de emoção espiritual (bhāv), 
  • Ter um ego baixo
  • Ter um desejo intenso de progredir espiritualmente.
  • Fazer a prática espiritual ou atingindo níveis  mais elevados.
  • Afetados ou não afetados por energias negativas.

Ser afetado por energias negativas pode afetar severamente a capacidade de crescimento espiritual. Por isso uma pessoa que está  no nível espiritual de 65% mas que é severamente afetado pelas energias negativas, a sua capacidade para atingir os planos mais elevados da existência como Mahālok, é restrita.
Se uma Alma  atinge o Tapalok ou Satyalok depois de morrer, então não tem de nascer no plano de existência da Terra, mas continua a fazer a prática espiritual a partir desses planos de existência até se fundir completamente com Deus.

3.2 A importância do plano da Terra na existência

 O plano da Terra de existência é muito importante. É o único plano de existência em que podemos ter um crescimento espiritual rápido e liquidar as nossas contas de dar e receber no menor período de tempo. A principal razão para isto é que com a ajuda do corpo físico, podemos fazer muitas coisas para melhorar o nosso crescimento espiritual e reduzir o componente básico subtil tama.
Além da Terra o crescimento espiritual é mais provável de ocorrer para as regiões para além do Céu, como   Mahaaloka etc. Isto porque no Céu, os corpos subtis correm o risco de ficar presos nos prazeres intermináveis que ele oferece.Nos planos Nether e Inferno de existência o castigo é tão severo assim como a angústia provocada por fantasmas de nível superior que se torna extremamente difícil superar o sofrimento de forma a proceder a qualquer prática espiritual de valor.

4. O que é o Inferno, quem vai para o Inferno e como é o Inferno?

  • À medida que se vai progressivamente para planos mais baixos de existência no Inferno, como o componente básico subtilsattva vai-se reduzindo progressivamente e o ambiente torna-se cada vez menos condutivo à experiência da felicidade.
  • Dentro dos planos de existência do Inferno, há alguns fantasmas que fazem certos tipos de prática espiritual para conquistar o poder espiritual. Os mais altos da hierarquia dos fantasmas são os feiticeiros do sétimo plano de existência do Inferno. Eles têm imenso poder espiritual quase equivalente a um Santo e nível espiritual de 90%. Eles controlam  os outros tipos de fantasmas de menor poder espiritual.
  • À medida que se vai aprofundando nos vários planos de existência do Inferno ou seja, desde o primeiro até ao sétimo, a extensão da infelicidade vai-se multiplicando. A experiência mínima de felicidade também é devida a memórias do passado de eventos positivos, memórias agradáveis de riqueza numa vida passada, etc. A experiência de infelicidade é devida a memórias de dor física e eventos insultuosos, lembranças de desejos não realizados, por exemplo  em relação à escolaridade, casa, carreira, expectativas de felicidade de crianças numa vida passada.
  • A extensão da punição/dor a ser suportada nos diversos planos de existência do Inferno e seus associados Narak, continuam a aumentar no subsequente plano de existência do Inferno. Além disso o período de punição a ser suportado em cada Narak é superior em comparação com o correspondente plano de existência do Inferno. Se considerarmos a punição do primeiro plano de existência do Inferno como 100% então a punição no correspondente Narak é 50% mais elevada, ou seja 150%.
A tabela a seguir é uma descrição de exemplos com a intensidade média de felicidade e infelicidade que vivenciamos nos vários planos de existência do Inferno.

5. Movimento entre os planos subtis no Universo

Uma vez que é atribuído a alguém um plano de existência, que corresponde às naturezas básicas em termos de   sattvaraja e tama. Isso também é função do seu nível espiritual. Assim, corpos subtis de planos mais baixos de existência não podem subir para planos mais altos de existência e aqueles do primeiro ou segundo planos negativos da existência  também não podem ir para os planos mais profundos de existência no Inferno. Isto é similar na forma como as pessoas que vivem nos planos acham difícil respirar em altitudes mais elevadas, mas as pessoas que ficam nas altitudes mais elevadas ficam bem.

6. que decide para onde vamos depois de morrer?

No momento da morte, como o corpo físico torna-se inativo a energia vital utilizada para o funcionamento do corpo físico é libertada para o Universo. Essa  energia no momento da morte impele o corpo subtil, longe da região da Terra. Assim como o peso de um projéctil decide o quanto vai impulsionar um foguete que, da mesma forma o peso do corpo decide o plano de existência, vai para os campos subtis de existência da vida após a morte.
O “peso” do corpo subtil é primáriamente uma função da quantidade  do componente básico tama  no nosso ser.
Os três componentes básicos  Cada um de nós é feito de três componentes básicos subtis ou  gunas. Esses componentes são espirituais na  sua natureza e não podem ser vistos, mas eles definem as nossas personalidades. Eles são:
  • Sattva: Pureza e conheciment
  •  
  • Raja: Acção e paixão
  •  
  • Tama: Ignorância e inércia. Numa pessoa média na era corrente, o componente  tama básico subtil é tão elevado como 50%.
    Por favor leia o artigo artigo sobre os três componentes básicos subtis
Quanto mais estamos cheios dos componentes  raja e  tama mais nos apresentam as seguintes características que contribuem para o nosso “peso” e o impacto do plano de existência para onde vamos na nossa vida após a morte.
  • Mais apego às coisas mundanas e egoísmo
  • Mais desejos não satisfeitos
  • Sentimentos de vingança
  • Mais quantidade de defeitos de personalidade, como a ira, avareza, medo, etc.
  • Uma quantidade maior de ego: por ego queremos dizer o quanto uma pessoa se identifica com o seu corpo, mente e intelecto ao invés da sua Alma
  • Resultando em um menor nível espiritual
Uma redução permanente na proporção do comonente subtil  tama e as características relacionadas  e mencionadas acima vem apenas com a prática espiritual sustentada de acordo com as seis leis básicas da prática espiritual. Melhorias psicológicas com a ajuda de livros de auto-ajuda tentando melhorias  são na melhor das hipóteses superficiais e temporários.

6.1 Importância do estado mental no momento da morte

O estado mental no momento da morte, além do que foi mencionado acima, é muito importante. Nosso estado mental é, em geral em relação à proporção dos componentes básicos do nosso ser.
Se uma pessoa está realmente a fazer a sua prática espiritual, tal como  a cantar o Nome de Deus   no momento da morte, então a influência dos desejos, apegos, fantasmas, etc, são os  mínimos possíveis em comparação com alguém que não está a cantar. Isso faz com que o seu corpo subtil fique mais leve. Assim, se  ela morre a cantar, ela alcança um plano melhor de existência entre os sub-planos os quais não teria atingido se morresse sem cantar.
No momento da morte, se uma pessoa está a cantar o nome de Deus e também está num estado  de rendição à vontade de Deus, então ela atinge ainda um plano melhor de existência e sua mente após a vida e a sua permanência é realizada com uma velocidade relâmpago. Isso é porque a pessoa está num estado de rendição na Terra plano da própria existência e tem uma chance muito menor de aumentar o seu ego depois da vida. Além disso a inteira responsabilidade pelo seu bem estar na sua vida após a morte é realizado pelo seu guia espiritual  (Guru).

6.2 Quem vai para o Inferno?

Tipos de ações em nossa vida na Terra, que normalmente nos deixam em cada um dos planos de existência do Inferno.
A extensão e intenção por detrás dos erros, são factores importantes para decidir os planos de existência no inferno alcançado após a morte, e não apenas por ação do próprio.

7. Suicídio e vida após a morte

Existem dois tipos de morte em relação ao seu calendário.

Morte final destinada: Este é o tempo de morte que ninguém pode escapar.
Morte possível : Este é um tempo onde a pessoa pode morrer. Cada pessoa pode sofrer uma morte possível na qual se chega perto da morte, mas que pode ser economizado devido ao seu mérito.

Para maior informação acerca dos tipos de morte por favor consulte o nosso artigo  – Tempo de Morte

Nos casos em que a pessoa está a passar por uma crise insuperável em sua vida ou tem distúrbios graves de personalidade, ela pode pensar em tirar a própria vida em um estado depressivo.Fantasmas (demónios, diabos, energias negativas, etc), fornecem também o combustível para a pressão sobre a pessoa suicida e por vezes são determinantes na promoção de uma pessoa na borda em cometer suicídio. No entanto o suicídio continua a ser um acto voluntário que acontece quando uma pessoa está a passar por uma morte possível como seu destino.
A vida no plano da Terra de existência é preciosa e é dada principalmente para o crescimento espiritual. Quando matamos os outros criamos uma conta de dar e receber kārmic (Kármica) com eles. No entanto, se cometermos suicídio estamos a desbaratar a oportunidade de crescimento espiritual e portanto a incorrer no maior pecado. As consequências de uma pessoa se suicidar são ir para o  Narak  do plano 7 de existência do Inferno por um período de 60 000 anos da Terra, nessa vida após a morte. É um lugar que é sem qualquer luz, algo como um confinamento solitário em uma prisão. Como não há ninguém  naquela região Narak não se tem conselhos sobre a prática espiritual, e o corpo subtil permanece na escuridão da ignorância espiritual.

8. Porque há uma defazagem de tempo entre duas reincarnações?

No curso da investigação, utilizando o transe hipnótico para traçar as vidas passadas da pessoa, verificou-se que o intervalo entre duas reincarnações na Terra poderia ser em média 50 a 400 anos. As razões para este atraso são as seguintes:
  • O corpo subtil permanece no Céu ou no plano de existência Nether por períodos variáveis de tempo para submeter os seus méritos e deméritos (pecados).
  • As circunstâncias na Terra, no plano de existência precisam ser favoráveis para a conta de dar e receber dos nascimentos anteriores com várias pessoas. Isto em conformidade com a lei do Karma. A reincarnação do corpo subtil é adiada até ao momento até que várias pessoas que têm uma conta de dar e receber também se estão a preparar para assumir a reincarnação
  • Por vezes em regressão de vidas passadas, uma pessoa não relata uma reincarnação em estado de transe. A razão para isto é que certas reincarnações teriam sido muito breves e sem intercorrências ou a pessoa pode não se lembrar de quaisquer pro menores  sobre as mesmas.
No caso de corpos subtis que têm sido relegados a planos mais profundos da existência do Inferno, até que eles tenham concluído a sua punição. Na maioria dos casos isso significa definhando no plano de existência do Inferno em sua vida após a morte até à dissolução do Universo.

9. Vida após a morte – Resumo

Os factos acima sobre os vários planos de existência dão-nos uma ideia justa das possíveis consequências na nossa vida após a morte, como vivemos as nossas vidas. Somente com a prática espiritual ou com ações mereditórias extremas a pessoa pode ir para planos superiores de existência e assim evitar a infelicidade do castigo e desfrutar de níveis mais altos de felicidade. Há chances também de mais de uma encarnação na Terra plano de existência em circunstâncias condutivas à prática espiritual. Isto é assim que se move mais acima nos planos subtis de existência no Universo. À medida que avançamos mais na era actual de Strife (Kaliyuga), há menor verossimilhança de pessoas que vão para planos superiores de existência. 
Uma vez que vamos para planos inferiores de existência como o plano Nether de existência ou outros planos de existência do Inferno, ficamos lá e experimentamos infelicidade grave por séculos até pagarmos completamente os nossos deméritos (pecados) por sofrer as punições inflingidas e ter a chance de reincarnar na Terra.
Fazer a prática espiritual consiste no plano da Terra de acordo com as seis leis básicas da prática espiritual é como nadar contra a maré na era actual. No entanto,também é uma forma garantida de avançar para níveis mais altos de existência em nossa vida após a morte.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Reflexões Sobre a Paixão


Nestes dias atuais em que o cristianismo organizado comemora a semana santa, e mais especificamente a sexta feira da paixão, faz-se necessário à luz da nova interpretação que o espiritismo propõe do Evangelho fazermos algumas reflexões sobre o significado desta data.

Desde sempre aprendemos que estes eram dias de grande tristeza, pois lembrávamos do sacrifício de Nosso Senhor em favor de toda humanidade. Era comum particularmente na sexta feira não podermos praticamente nada fazer. Não podíamos escutar música, trabalhar, divertir, nem mesmo viajar.

 Lembro-me que em certa ocasião uma família amiga foi fazer uma viagem neste dia, e na viagem ocorreu um acidente com vítimas. Não foram poucos os que comentaram ter havido um castigo dos céus, “veja se isto é data para viajar a passeio?” eram os comentários naturais.

Hoje não compreendo o porquê de tal comportamento. Mesmo dentro da ótica do cristianismo oficial não dá para compreender.

Se Jesus veio ao mundo para nos salvar, e a crucificação foi o ponto sublime desta salvação, como dizem, e que com este ato ele libertou toda humanidade do pecado, então, por que tristeza nestas comemorações? Não seria um ato digno de alegria de nossa parte? Foi com a morte que ele salvou segundo dizem, e não com a ressurreição. A ressurreição é apenas a confirmação desta realidade.

Porém, façamos uma nova interpretação.

Mesmo nos meios espíritas a paixão é tida como uma vitória das trevas sobre a luz, porém se analisarmos melhor vamos perceber que é justamente o oposto.

A treva foi iludida como sempre, e onde viu uma vitória sofreu uma enorme derrota.

É que os adversários do Bem têm no interesse pessoal, na vaidade, no orgulho, entre outros, instrumentos de escravidão dos Espíritos invigilantes.

Jesus veio até nós com o objetivo de educar-nos para a vida verdadeira, não foi por outro motivo que o título de Mestre ele aceitou.

Para mostrar-nos que o exemplo é o melhor instrumento de didática, veio ele mesmo para o testemunho, poderia mandar outros entre aqueles que também estivessem bem adiantados em evolução, todavia veio ele mesmo para ratificar o que dissemos sobre a importância do exemplo, do testemunho pessoal.

Como tratava de uma missão sublime, de um trabalho a ser elaborado pelo homem espiritual em detrimento do homem biológico este não a compreendeu, e não compreenderá enquanto não mudar o paradigma de sua compreensão.

Assim fez-se comum chorar pelo Cristo, quando ele mesmo alertou-nos:

…não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas, e por vossos filhos.[1]

Talvez o nosso choro seja o da consciência culpada, não pelo ato de há dois mil anos, mas por continuar crucificando-o nestes dois milênios posteriores mesmo após nos considerarmos cristãos.

A lição da paixão é uma só, a da necessidade do testemunho pessoal, Ele mesmo já havia antecipado:

Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me.[2]

O que deve ser crucificado em nossa “sexta feira da paixão” é o homem velho, o interesse pessoal, nossos valores que só dizem respeito ao homem biológico.

E tendo a consciência que hoje temos após o Advento do Espírito de Verdade, não será este dia um motivo de grande alegria, não será isto o que devemos celebrar?

Faz-se neste ponto necessário aprofundarmos um pouco mais a análise.

É muito bonito e cheio de espiritualidade falarmos em sacrifício dos interesses pessoais, em alijar de nossa onda mental os resquícios do homem velho, todavia, raríssimos entre nós têm realmente atitudes de assim fazer.

Isto se dá porque não há outra forma de realizarmos tal empreitada senão através do testemunho vivo e pessoal conforme já dissemos, e isto é duro e difícil de fazer, pois significa entre outras dificuldades, momentos de muita solidão pela incompreensão de todos, principalmente daqueles que mais amamos.

Outras vezes até empreendemos esforços, mas tudo envolto em muito sofrimento e até achando que somos heróis incompreendidos e vítimas de um processo indescritível.

Parafraseando Jesus podemos dizer, quando assim se der, ainda não é o fim[3].Pois o nosso tem de ser um testemunho de alegria, este deve ser o sentimento da paixão, será esta senha de validação do término do processo.

Perguntado certa vez sobre qual seria o novo nome de Jesus se ele em carne voltasse a nós, nosso querido e sábio Chico Xavier deu uma simples resposta:

“- Alegria, se Jesus renascesse entre nós seu nome seria Alegria.”

A Paixão de Cristo




  A paixão de Cristo: 

Os últimos cinco dias que Jesus Cristo passou vivo foram emocionantes. Tanto para ele como para seus seguidores. A entrada triunfal dele em Jerusalém na semana da páscoa judaica, os tumultos que sua presença causou ao redor do Templo Sagrado, as altercações com os fariseus, a última ceia, a traição, a prisão, o julgamento, a flagelação e a crucificação, tudo foi muito rápido, avassalador, compondo os atos do Drama da Paixão. Episódio trágico até hoje representado no mundo inteiro pelas comunidades cristãs. 

  A páscoa em Jerusalém:

"A religião, até hoje, não teria existido sem uma parte de ascetismo, de devoção, de maravilhoso." E.Renan – A Vida de Jesus, 1863.

Na páscoa Jerusalém lotava. Em situações normais acredita-se que a cidade não comportasse mais de 50 mil habitantes na época de Jesus Cristo. Todavia, durante as grandes festas judaicas, multidões vindas de todas as partes do País de Canaã para lá afluíam. As cercanias ao redor do Beit Hamikdash, o Templo Sagrado, tornavam-se um vespeiro humano com o entra e sai daqueles que para lá iam depositar suas oferendas nos altares santos e fazer as prostrações. 

Vindo da Galiléia, um tanto que fugido, sentindo-se ameaçado pela polícia de Herodes Antipas, Cristo decidiu-se por fazer uma entrada triunfal na cidade santa. Para afirmar publicamente que o seu reinado, ao contrário da monarquia herodiana, era o império dos simples, adentrou pelo portão montado num jumentinho. A multidão local, lançado Hosanas, recebeu-o como "o filho de Davi", alguém que havia herdado do lendário rei o poder de fazer curas e operar milagres. Entretanto, o recém chegado logo se indispôs com meio mundo. 

  A PALESTINA NO TEMPO DE CRISTO.

  Herodes o Grande e dois de seus filhos:

A Palestina, na ocasião chamada de País de Canaã (da cor púrpura, em fenício), estava ocupada pelas legiões romanas desde que Pompeu fizera de Jerusalém seu quartel-general, no ano 63 a.C. Sabendo que a única maneira de manter uma certa autonomia dos judeus era aliando-se aos romanos, o rei Herodes, dito o Grande, da etnia dos ismodeus judaizados, resolveu associar-se inteiramente aos desígnios de Roma. Desde o ano de 38 a.C. ele, com o beneplácito dos triúnviros Marco Antônio e Otávio, fora indicado como Rex amicus et socius populi Romani. 

A política de Herodes foi sempre apoiar o principal caudilho romano, posição essa que não era bem vista pelo seu povo em geral. Mas o que poderia fazer o pequeno reino de Israel frente às águias imperiais cujas asas estendiam-se por boa parte do mundo europeu e mediterrâneo? Assim é que os hebreus tiveram que conformar-se em submeter-se ao Regime do Protetorado. Quanto Herodes o Grande morreu, no ano 4 a.C. (data que virou festa judaica), seu reino foi dividido numa tetrarquia entre seus filhos. O próprio povo, por meio dos altos sacerdotes, intercedeu junto as autoridades de ocupação para que os poderes tirânicos da dinastia herodiana fossem limitados por Roma.

  A tetrarquia e os procuradores romanos:

A Arquelau coube a posição de tetrarquia (uma espécie de governador de província) da Judéia e da Samária, a Herodes Antipas a parte da Galiléia e da Perea, enquanto que o seu irmão Herodes Filipe ficou com a Iturea e a Galaunítida. Todos eles inteiramente obedientes ao Legatus Augustae, ao governador-geral romano da Síria. Este por sua vez se fazia representar na região através de um procurador cuja sede oficial ficava na cidade de Cesaréia Marítima, deixando que Jerusalém permanecesse no controle simbólico do sinédrio, da assembléia dos anciãos responsáveis pelo Templo Sagrado, presidida por um sumo-sacerdote. 

  Na época de Cristo, ele chamava-se Caifás. 

Os romanos, seguindo a tradição de serem liberais nas questões religiosas, permitiam que os judeus mantivessem suas cerimônias e se comprometeram a não perturbarem os rituais ou a profanarem os espaços sagrados deles. Tanto assim que causou enorme tumulto quando Herodes o Grande, num gesto de querer agradar os ocupantes, mandara expor uma águia dourada, símbolo romano, numa das entradas do Templo. Perturbação que obrigou os romanos a submeterem os hierosolimitas, a população de Jerusalém, ao duro braço da legião.



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A tensão entre a população e os ocupantes era pois constante, resultando em intermináveis desavenças e amotinamentos que eram reprimidos sem dó pelos centuriões (desavenças essas que três décadas depois da morte de Cristo gerarão a grande rebelião judaica de 66, seguida da destruição de Jerusalém pelos romanos no ano de 70). Além das rivalidades que separavam os saduceus (mais conciliadores) dos fariseus (os “separados”), os escribas e doutores da lei que desejavam viver o mais próximo possível de acordo com a Lei Mosaica, havia ainda entre os judeus uma facção extremista, a dos zelotes. 

Muitos deles atacavam os romanos, e aqueles que colaboravam com eles, armados com punhais (sikos, em grego), dai também serem designados como sicários. 

Seguramente foi essa instabilidade crescente que fez com que a administração romana aumentasse ainda mais a sua presença na região, transformando o Regime do Protetorado (que se estendeu de 38 a.C. ao ano 6 d.C.), onde os tetrarcas tinham certa autonomia, numa a ordem política mais controlada diretamente por eles: a dos Procuradores Romanos (de 6 a 66 d.C.).

  Jesus Cristo se indispõe:

Em Jerusalém, indignou-se Cristo com a presença de centenas de vendedores que ocupavam o adro do Templo para negociarem de tudo, inclusive pombas a serem dadas em holocausto. Agindo com o cajado na mão para afastar dali os profanadores, disse que aquele era um espaço para orar e não mercadejar. A tensão aumentou ainda mais no dia seguinte. Instalado nas escadas do Templo para pregar a chegada do Reino dos Céus, logo atraiu a atenção dos escribas e dos fariseus, que questionaram a presença dele naquele recinto.

Como Jesus fora batizado, uns tempos antes, por João Batista (o famoso profeta que, quando preso na fortaleza de Maquerunte, tivera a cabeça decepada a mando de Herodes Antipas, para antender o pedido da sua esposa Herodíade), acreditou que não devia dar explicação aos burocratas do Templo. 

Como o assédio deles o incomodava, pois não cessavam as provocações, o Nazareno reservou a eles uma bateria de maldições, sete no total, nas quais clamou abertamente para que o povo local não seguisse aquela gente serpentina de dupla cara e atitude hipócrita que dominava o Templo. Assim, em pouco tempo, ele declarou guerra ao comércio e à burocracia sacerdotal, tendo ao seu lado somente um punhado de seguidores que tinham vindo com ele desde a Galiléia.

Não só isso, lançando mão de algumas parábolas, profetizou que os judeus perderiam em breve o estatuto de ser o Povo Eleito de Deus (a mais explicita delas foi a dos “vinhateiros homicidas”, Mateus 21-22), como por igual imprecou contra Jerusalém acusando-a de matar os profetas e apedrejar os que eram enviados a ela, vaticinando que “ a vossa casa ficará abandonada” (Mateus 23-24). Não é de se estranhar, assim, que o considerassem como alguém abertamente dissidente do judaísmo de então.

  A última ceia:

Entre um dia e outro, ele se recolhia à casa de Simão, o leproso, na aldeia de Betânia, para mostrar a todos que nada podia assustá-lo. Os testemunhos indicam, todavia que o seu temperamento se alterara naqueles dias derradeiros. Tornou-se pensativo e tristonho. Em três ocasião anteriores ele alertara os discípulos que a vinda dele para Jerusalém resultaria na sua morte e ressurreição (Mateus 16;17-18;19-20).

Na noite de quinta-feira, véspera da Sexta-feira da Paixão, no jardim de Getsémani, no Monte das Oliveiras, fez a derradeira reunião com seus apóstolos. Durante a ceia, quando deu-se a Eucaristia, a partilha do pão e do vinho entre ele e os seus, previu a traição de um deles. De fato, Judas Escariotes entregou-o a gente do Templo por 30 moedas de prata. Seguramente deve tê-lo chocado a covarde debandada dos seus seguidores quando, encerrado o encontro, a guarda chegou para levá-lo.

  DO PRETÓRIO AO GÓLGATA.

  A Ressurreição de Cristo:

As denúncias recebidas por Caifás, o sumo sacerdote e principal autoridade teocrática judaica, obrigara-o a mandar deter Cristo. O fato dele se apresentar como Rei dos Judeus colocava-o na posição de agente subversivo: contra o Templo, que não lhe reconhecia nenhuma autoridade mística e contra o Governo dos Procuradores instalado por Roma, que naquela ocasião era exercido por Pôncio Pilatos. 

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  A briga com os vendilhões e as discussões públicas com os escribas selaram-lhe o destino.

O julgamento dele foi sumaríssimo. Levado na mesma noite à corte do Sinédrio, o grande tribunal dos anciãos, Caifás acusou-o de blasfemo. Crime punido com a morte. Se fosse seguida a lei mosaica ele seria lapidado. Os romanos encarregados de aplicar o ius gladii, preferiam a crucificação. Na presença de Pilatos, o prefeito da Judéia (*), provavelmente instalado na Torre Antônia, ao lado do Templo, para a decisão final, ele não esboçou nenhum gesto de defesa.

A turba que estava presente, na hora em que o romano lançou mão da venia, o direito de suspensão de uma sentença proferida, saudou o nome de Barrabás, um delinqüente local. Cristo, apupado, aceitou o martírio. No calvário até chegar ao Gólgota, a colina em forma de caveira situada fora da cidade, ele, além de carregar o lenho, passou pelo inferno das vergastadas e demais flagelos que os romanos costumavam aplicar aos sentenciados que padeciam na cruz. Somente as mulheres o acompanharam até o derradeiro suspiro (João, o evangelista, assegurou que ele era o único dos seguidores que estava presente).

(*) O procurador Pôncio Pilatos estava em Jerusalém para acompanhar a páscoa e, com sua presença, evitar a ocorrência de possíveis perturbações da ordem. Herodes Antipas, o tetrarca, também lá se encontrava por ocasião do julgamento de Cristo, mas apenas para se fazer presente naquela ocasião festiva. 





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Como nos deixamos enganar com facilidade! 
Desde que sejam as palavras bonitas, inspiradoras; que nos toquem os sentimentos, que façam sofrer nosso coração, que nos  emocionem e nos façam bem, aceitamos aquilo que nos dizem como sendo verdade; consideramos que tudo está certo, sem sequer analisar!

Observem o que disse o autor citado pela nossa irmã! 
(Só estou escrevendo isto para tentar, e isso é muito importante para quem busca a vida do espírito, mostrar que não se deve aceitar todas as interpretações que outros fazem e nos dão como verdades. Não que haja qualquer intenção de corrigir o que, naquele texto, está escrito. Pois que esses fatos não tem tanta importância assim; são apenas detalhes. O essencial são os ensinamentos que esse homem realizado deixou para os semelhantes).
 
Em primeiro lugar, os eventos dos últimos dias de Jesus não compõem os atos do Drama da Paixão. Pode até dizer-se que complementam, mas não que compõem. A paixão de Jesus, conforme as escrituras, vem desde sua infância quando já demonstrava amor pelo semelhante; ou a partir do momento de sua iluminação, talvez aquele momento em que “o céu se abriu” sobre sua cabeça, no seu batismo no Jordão. Paixão significa “amor extremado”, que é o que todos que se iluminam tem despertado em seu coração, pelos homens que não despertaram ainda e que, por isso, estão sofrendo. Pode-se dizer que, por essa paixão pelo mundo, Jesus foi preso, torturado e executado. Como todos os que se iluminam, não conseguiu se calar e, onde estivesse falava, na tentativa de abrir os olhos dos demais para o caminho do conhecimento da verdade, que é o que ilumina e que salva. Paixão significa amor extremado, que leva até a morrer na tentativa de ajudar o próximo.

E, meus irmãos, vejam mais:
Jesus, um iluminado, pois que percebeu que era “um com o Pai”, um homem de sua estatura moral e espiritual, nunca se indignaria com vendilhões à porta do templo ou com o que quer que fosse. Por sua compreensão, fruto de sua consciência divina, conheceria muito bem o que os homens são capazes de fazer e porque o fariam; conhecia muito bem a extensão da ignorância e imperfeição dos semelhantes. Ele deve ter tido, sim, pena, sentimento de pena. Ao constatar, mais uma vez, essa ignorância e imperfeição, e isso conseqüente do ponto de aprendizado a que os semelhantes ainda se encontravm, deve ter sentido sua compaixão mais uma vez aflorar. Em vez de mostrar repulsa pelo que os homens faziam, deve ter-se sentido ainda mais compadecido. Nunca, o iluminado que aconselhou a “oferecer a outra face”, levantaria a mão contra quem e contra o que quer que fosse.

Novamente, outro absurdo é alguém chegar crer que Jesus amaldiçoou aqueles que se mostravam hostis a ele. Percebam isso! Um homem como Jesus nunca amaldiçoaria o que quer que fosse. Como sempre, perdoaria, ensinaria e amaria mais, e com mais desejo ainda de se que os demais compreendessem suas palavras, que eram a verdade absoluta. 

E qual a razão de Judas entregá-lo a troco de 30 moedas de prata? Porque os sacerdotes lhe pagariam, se seu paradeiro era conhecido de todos, pois que ele não se ocultava? Andava livremente e às claras pelas escadarias do adro do templo, pelas praças e campos! 

Do mesmo modo, nunca Jesus se chocou com a debandada de seus seguidores. Sabia exatamente o que isso ia acontecer; as próprias escrituras permitem essa dedução, pois que, pouco antes, Jesus já dissera a Pedro que “antes que o galo cantasse três vezes, tu me negarás duas vezes”.

Outro absurdo é acreditar-se que sofreu o inferno das vergastadas etc. Um homem de sua luz, nada mais sofre; está livre de qualquer sofrimento. Foi, sim, chicoteado, esbofeteado, torturado, mas nisso não há qualquer dor para o iluminado; nem humilhação.

Percebam isso, irmãos. “Não ponham outra cabeça acima da sua”.

Revolução dos Cravos