Neocolonialismo foi o processo de dominação de territórios na África, Ásia e América Latina pelos principais países capitalistas, ocorrido entre a metade do século XIX e início do XX.
Esse processo buscava principalmente a obtenção de mercados consumidores e matérias-primas para os países industrializados. Como consequência, a disputa por áreas coloniais intensificou a rivalidade entre as potências europeias e resultou em exploração, violações de direitos e conflitos nas áreas dominadas.
O neocolonialismo também é conhecido como Imperialismo do século XIX.
Contexto histórico e causas do neocolonialismo
Ao longo do século XIX, as principais nações europeias e os EUA passaram por um processo acelerado de industrialização.
O avanço tecnológico, o uso do petróleo como novo combustível e a difusão da eletricidade favoreceram o rápido crescimento industrial, caracterizando o que é conhecido como a Segunda Revolução Industrial.
Nessa época, a Inglaterra, a Bélgica, a França, os Estados Unidos e a Alemanha se destacam como principais centros industriais neocoloniais.
Para continuar o desenvolvimento econômico e abastecer suas economias, era necessário que os países buscassem fontes abundantes de matérias-primas e mercados consumidores para seus produtos industrializados.
Desta forma, os países europeus buscaram garantir a dominação em territórios de outros continentes, sobretudo na África e na Ásia. Já os Estados Unidos teve como principal foco a manutenção de sua influência na América Latina.
Foi em meio a esse contexto histórico que surgiram os maiores conglomerados econômicos, como os trustes, cartéis e holdings.
Como justificativa dessa dominação de outros continentes, o argumento civilizacionalista teve grande importância. Alegava-se que era preciso levar o progresso da ciência e da tecnologia ao mundo.
Isto foi reforçado pela teoria do darwinismo social, de Hebert Spencer, segundo o qual a Europa representava o auge do desenvolvimento das sociedades humanas. Em compensação, a África e a Ásia eram consideradas sociedades incivilizadas.
Consequências do neocolonialismo
O neocolonialismo trouxe consequências desastrosas para as áreas colonizadas, pois a exploração de seus recursos naturais enfraqueceu as economias locais. Houve também violência sistemática contra as populações colonizadas, que sofreram graves violações de direitos humanos nessa época.
Além disso, a divisão dos territórios da África entre as potências europeias não respeitou as características locais. Isso levou à formação de colônias que uniam povos rivais, favorecendo a instabilidade política e as guerras civis.
Foi somente no século XX que as colônias conseguiram suas independências, algumas ainda na década de 1970 e, em muitas dessas ex-colônias, destacam-se sérios problemas sociais e econômicos.
Diferenças entre Neocolonialismo e Colonialismo
Neocolonialismo e Colonialismo são processos históricos distintos.
O Colonialismo ocorreu entre os séculos XVI e XVIII e concentrou-se na formação de colônias nas Américas pelos reinos europeus. Estes buscaram explorar metais preciosos e cultivar produtos agrícolas raros na Europa, com o intuito de lucrar através da mineração ou do comércio.
Por sua vez, o Neocolonialismo do século XIX teve como principais áreas colonizadas a África e a Ásia. Aqui, as nações capitalistas buscaram recursos naturais e mercados consumidores para fortalecer suas economias já industrializadas.
Outra diferença envolve o povoamento dos territórios colonizados. Enquanto o Colonialismo foi marcado por uma migração de populações das metrópoles para as colônias, o Neocolonialismo não apresentou um novo povoamento significativo dos continentes explorados.
Uma comparação sobre a mão de obra utilizada também é possível. No Colonialismo, o trabalho escravo era legalizado e predominante, enquanto no Neocolonialismo, a escravidão era condenada - embora a exploração violenta dos trabalhadores persistisse.
Por último, durante o Colonialismo, as ações eram justificadas pelo discurso religioso e pelo intuito de evangelizar os povos indígenas. No Neocolonialismo do século XIX, alegava-se a necessidade de "civilizar" e auxiliar os povos colonizados a alcançar o “progresso”.
Para a Europa, o neocolonialismo acelerou a concentração de riquezas e a industrialização de seus principais países. Por outro lado, a disputa por colônias acentuou as rivalidades existentes entre as nações, elemento que contribuiu para o início da Primeira Guerra Mundial.
Como as nações europeias “justificavam” o neocolonialismo?
A exploração neocolonialista foi uma das maiores atrocidades cometidas pela humanidade, e as violências às quais as populações dos continentes africano e asiático foram sujeitas foram inúmeras. Por isso, as potências europeias estabeleceram teorias que procuravam “justificar” essa exploração. Entretanto, todas essas explicações partiram de visões etnocêntricas e racistas que vigoravam no século XIX.
O etnocentrismo foi o ponto de partida para entendermos as ideologias que justificavam o neocolonialismo. Isso porque os europeus viam a si mesmos como povos superiores, dotados dos “valores da civilização”, e apenas o modo de vida deles — cristão e baseado em sociedades industriais — era entendido como civilização.
Sendo assim, povos da África e da Ásia não compartilhavam os “valores da civilização”, sendo, portanto, obrigação dos europeus levá-los a eles. Os europeus entendiam que africanos e asiáticos eram povos atrasados, ignorantes e selvagens e, por isso, deveriam ensiná-los a como viver melhor.
O que os europeus tentaram, na verdade, foi estabelecer forçadamente o seu padrão civilizatório. Essa ideia de eles se sentirem na obrigação de levar os seus “valores civilizatórios” de maneira forçada para outros povos foi nomeada como “fardo do homem branco”, e, junto dela, estava a questão religiosa.
Os europeus se sentiam compelidos a levarem o cristianismo para outros povos, considerados pagãos. A religião foi um elemento fundamental da ideia de civilização para os europeus, e a vocação missionária do cristianismo foi abertamente efetivada pelas potências a fim de explorar e mapear, sobretudo, o continente africano.
As justificativas europeias também se baseavam no darwinismo social, uma interpretação deturpada e racista das teorias desenvolvidas por Charles Darwin. Segundo essa teoria, existiam sociedades e povos mais fortes que outros, sendo dever dos mais fortes dominar os mais fracos. Essa ideia foi amplamente utilizada para embasar a atividade neocolonial.
Neocolonialismo na África e a Conferência de Berlim
O neocolonialismo foi responsável pela colonização da África e da Ásia, embora o continente que mais sofreu as consequências dessa atividade tenha sido o africano. Isso porque grande parte do território africano caiu nas mãos dos europeus. A corrida pela ocupação da África se deu por meio de ações da Bélgica, de Portugal e da França.
Dessa forma, inúmeras nações europeias procuraram estabelecer uma colônia em território africano, o que causou conflitos entre as potências da Europa. Para organizar a ocupação do continente africano, foi realizada a Conferência de Berlim, evento que debateu questões relativas à ocupação, estipulou a divisão do território e organizou a navegação em rios africanos e o comércio lá realizado.
Esse evento ocorreu entre 1884 e 1885, dando início ao auge do neocolonialismo, que se estendeu até 1914, entretanto, até a década de 1970, ainda existiam colônias europeias na África.
Neocolonialismo no continente asiático
No caso da Ásia, destacou-se a colonização da China e da Índia pelo Reino Unido. A colonização inglesa foi violenta e marcada por grande exploração das populações locais. Houve também uma grande colônia inglesa na Ásia, a Indochina Francesa. O Japão também ficou marcado como uma potência neocolonial, embora de caráter regional, expandindo sua ambição para a Coreia e China.