terça-feira, 21 de maio de 2024

Neocolonialismo; O que foi e consequências

 Neocolonialismo foi o processo de dominação de territórios na África, Ásia e América Latina pelos principais países capitalistas, ocorrido entre a metade do século XIX e início do XX.

Esse processo buscava principalmente a obtenção de mercados consumidores e matérias-primas para os países industrializados. Como consequência, a disputa por áreas coloniais intensificou a rivalidade entre as potências europeias e resultou em exploração, violações de direitos e conflitos nas áreas dominadas.

O neocolonialismo também é conhecido como Imperialismo do século XIX.

Contexto histórico e causas do neocolonialismo

Ao longo do século XIX, as principais nações europeias e os EUA passaram por um processo acelerado de industrialização.

O avanço tecnológico, o uso do petróleo como novo combustível e a difusão da eletricidade favoreceram o rápido crescimento industrial, caracterizando o que é conhecido como a Segunda Revolução Industrial.

Nessa época, a Inglaterra, a Bélgica, a França, os Estados Unidos e a Alemanha se destacam como principais centros industriais neocoloniais.

Para continuar o desenvolvimento econômico e abastecer suas economias, era necessário que os países buscassem fontes abundantes de matérias-primas e mercados consumidores para seus produtos industrializados.

Desta forma, os países europeus buscaram garantir a dominação em territórios de outros continentes, sobretudo na África e na Ásia. Já os Estados Unidos teve como principal foco a manutenção de sua influência na América Latina.

Foi em meio a esse contexto histórico que surgiram os maiores conglomerados econômicos, como os trustes, cartéis e holdings.

Como justificativa dessa dominação de outros continentes, o argumento civilizacionalista teve grande importância. Alegava-se que era preciso levar o progresso da ciência e da tecnologia ao mundo.

Isto foi reforçado pela teoria do darwinismo social, de Hebert Spencer, segundo o qual a Europa representava o auge do desenvolvimento das sociedades humanas. Em compensação, a África e a Ásia eram consideradas sociedades incivilizadas.

Consequências do neocolonialismo

O neocolonialismo trouxe consequências desastrosas para as áreas colonizadas, pois a exploração de seus recursos naturais enfraqueceu as economias locais. Houve também violência sistemática contra as populações colonizadas, que sofreram graves violações de direitos humanos nessa época.

Além disso, a divisão dos territórios da África entre as potências europeias não respeitou as características locais. Isso levou à formação de colônias que uniam povos rivais, favorecendo a instabilidade política e as guerras civis.

Foi somente no século XX que as colônias conseguiram suas independências, algumas ainda na década de 1970 e, em muitas dessas ex-colônias, destacam-se sérios problemas sociais e econômicos.

Diferenças entre Neocolonialismo e Colonialismo

Neocolonialismo e Colonialismo são processos históricos distintos.

O Colonialismo ocorreu entre os séculos XVI e XVIII e concentrou-se na formação de colônias nas Américas pelos reinos europeus. Estes buscaram explorar metais preciosos e cultivar produtos agrícolas raros na Europa, com o intuito de lucrar através da mineração ou do comércio.

Por sua vez, o Neocolonialismo do século XIX teve como principais áreas colonizadas a África e a Ásia. Aqui, as nações capitalistas buscaram recursos naturais e mercados consumidores para fortalecer suas economias já industrializadas.

Outra diferença envolve o povoamento dos territórios colonizados. Enquanto o Colonialismo foi marcado por uma migração de populações das metrópoles para as colônias, o Neocolonialismo não apresentou um novo povoamento significativo dos continentes explorados.

Uma comparação sobre a mão de obra utilizada também é possível. No Colonialismo, o trabalho escravo era legalizado e predominante, enquanto no Neocolonialismo, a escravidão era condenada - embora a exploração violenta dos trabalhadores persistisse.

Por último, durante o Colonialismo, as ações eram justificadas pelo discurso religioso e pelo intuito de evangelizar os povos indígenas. No Neocolonialismo do século XIX, alegava-se a necessidade de "civilizar" e auxiliar os povos colonizados a alcançar o “progresso”.

Para a Europa, o neocolonialismo acelerou a concentração de riquezas e a industrialização de seus principais países. Por outro lado, a disputa por colônias acentuou as rivalidades existentes entre as nações, elemento que contribuiu para o início da Primeira Guerra Mundial.



Como as nações europeias “justificavam” o neocolonialismo?

A exploração neocolonialista foi uma das maiores atrocidades cometidas pela humanidade, e as violências às quais as populações dos continentes africano e asiático foram sujeitas foram inúmeras. Por isso, as potências europeias estabeleceram teorias que procuravam “justificar” essa exploração. Entretanto, todas essas explicações partiram de visões etnocêntricas e racistas que vigoravam no século XIX.

O etnocentrismo foi o ponto de partida para entendermos as ideologias que justificavam o neocolonialismo. Isso porque os europeus viam a si mesmos como povos superiores, dotados dos “valores da civilização”, e apenas o modo de vida deles — cristão e baseado em sociedades industriais — era entendido como civilização.

Sendo assim, povos da África e da Ásia não compartilhavam os “valores da civilização”, sendo, portanto, obrigação dos europeus levá-los a eles. Os europeus entendiam que africanos e asiáticos eram povos atrasados, ignorantes e selvagens e, por isso, deveriam ensiná-los a como viver melhor.

O que os europeus tentaram, na verdade, foi estabelecer forçadamente o seu padrão civilizatório. Essa ideia de eles se sentirem na obrigação de levar os seus “valores civilizatórios” de maneira forçada para outros povos foi nomeada como “fardo do homem branco”, e, junto dela, estava a questão religiosa.

Os europeus se sentiam compelidos a levarem o cristianismo para outros povos, considerados pagãos. A religião foi um elemento fundamental da ideia de civilização para os europeus, e a vocação missionária do cristianismo foi abertamente efetivada pelas potências a fim de explorar e mapear, sobretudo, o continente africano.

As justificativas europeias também se baseavam no darwinismo social, uma interpretação deturpada e racista das teorias desenvolvidas por Charles Darwin. Segundo essa teoria, existiam sociedades e povos mais fortes que outros, sendo dever dos mais fortes dominar os mais fracos. Essa ideia foi amplamente utilizada para embasar a atividade neocolonial.

Neocolonialismo na África e a Conferência de Berlim

O neocolonialismo foi responsável pela colonização da África e da Ásia, embora o continente que mais sofreu as consequências dessa atividade tenha sido o africano. Isso porque grande parte do território africano caiu nas mãos dos europeus. A corrida pela ocupação da África se deu por meio de ações da Bélgica, de Portugal e da França.

Dessa forma, inúmeras nações europeias procuraram estabelecer uma colônia em território africano, o que causou conflitos entre as potências da Europa. Para organizar a ocupação do continente africano, foi realizada a Conferência de Berlim, evento que debateu questões relativas à ocupação, estipulou a divisão do território e organizou a navegação em rios africanos e o comércio lá realizado.

Esse evento ocorreu entre 1884 e 1885, dando início ao auge do neocolonialismo, que se estendeu até 1914, entretanto, até a década de 1970, ainda existiam colônias europeias na África

Neocolonialismo no continente asiático

No caso da Ásia, destacou-se a colonização da China e da Índia pelo Reino Unido. A colonização inglesa foi violenta e marcada por grande exploração das populações locais. Houve também uma grande colônia inglesa na Ásia, a Indochina Francesa. O Japão também ficou marcado como uma potência neocolonial, embora de caráter regional, expandindo sua ambição para a Coreia e China.


terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Revolução dos Cravos

 A Revolução dos Cravos, ocorrida em Portugal, foi um golpe militar realizado em 25 de abril de 1974 e que pôs fim aos 41 anos de ditadura salazarista.

Trata-se de um dos mais importantes acontecimentos históricos da década de 70.


25 de Abril de 1974

Os portugueses não suportavam mais as imposições do regime salazarista, de forma que um grupo de militares, os chamados "capitães de abril", começaram a planejar sua deposição.

Houve uma primeira tentativa em março, mas esta não teve sucesso. Desta maneira, um mês depois, outra investida é feita e no dia 25 de Abril de 1974, as ruas de Lisboa se tornam o palco do golpe militar que conseguiu depor o presidente Marcello Caetano.

Caetano se rendeu às 19h30 desse dia e seguiria para o exílio no Rio de Janeiro, onde faleceria.

Origem do Nome

A Revolução dos Cravos aconteceu praticamente sem violência, com apenas quatro mortos. Diante da vitória rápida e sem hostilidades, dizem que uma florista começou a oferecer flores aos soldados. Outras versões afirmam que foi uma pedestre que voltava do trabalho.

De todas as maneiras, a flor foi entregue aos soldados, que as puseram nos canos dos fuzis. Os cidadãos que saíam às ruas para comemorar, também pegavam cravos e assim, esta flor ficou como o símbolo e nome da revolução.

Revolução dos Cravos
1ª página no jornal República em 26 de abri de 1974

Cronologia

  • Em 9 de setembro de 1973 tem início o Movimento responsável pelo fim da ditadura em Portugal, o MFA - Movimento das Forças Armadas.
  • No dia 16 de março de 1974 uma tentativa de golpe militar falha e cerca de 200 militares são presos.
  • A seguir, no dia 24 de março, a MFA se reúne e decide derrubar o governo através de um golpe militar.
  • Um mês depois, no dia 24 de abril, o jornal "República" publica nota para que o povo escute a emissão da rádio Renascença dessa noite.
  • Nesse dia, às 22h55, os Emissores Associados de Lisboa começam a transmitir a canção “E Depois do Adeus”, interpretada por Paulo de Carvalho, e tem início as operações do MFA.
  • No dia 25 de abril às 00h20 a transmissão pela rádio da música “Grândola Vila Morena”, de Zeca Afonso, que era então censurada, foi a senha utilizada pelo MFA para informar que as operações militares seriam levadas adiante.

Causas da Revolução dos Cravos

Vários motivos para o fim do regime podem ser apontados.

O principal deles foi o falecimento do seu criador e mentor, Antônio de Oliveira Salazar, em 1970, que encarnava os princípios e valores daquela doutrina.

Igualmente, o desgaste provocado pela guerra colonial travada, principalmente em Angola e Moçambique, estava cada vez mais difícil de manter e justificar.

As tímidas reformas do próprio regime, a partir da posse de Marcello Caetano (1906-1980) são importantes, pois a sociedade portuguesa queria experimentar a mesma vida que se levava na Europa Ocidental.

Consequências da Revolução dos Cravos

Dentre as consequências da revolução, destacam-se:

1) O fim da guerra colonial e o reconhecimento da independência das colônias portuguesas na África:

  • Guiné-Bissau, em 9 de setembro de 1974;
  • Moçambique, em 25 de junho de 1975;
  • Cabo-Verde, em 5 de julho de 1975;
  • São Tomé e Príncipe, em 12 de julho de 1975;
  • Angola, em 11 de novembro de 1975.

A independência desses territórios, provocou a volta de milhares de portugueses de maneira desordenada, o que seria um transtorno para o novo governo.

2) Os exilados pelo regime salazarista puderam voltar.

3) É estabelecido um regime de transição, a Junta de Salvação Nacional, cujo presidente será o general Antônio Spínola (1910-1996). Em 1975, após realização de eleições livres e diretas para o legislativo, tem início a elaboração da nova Carta Magna.

4) Aprovada a nova Constituição Portuguesa, em 2 de abril de 1976. Em 27 de junho do mesmo ano é feita a eleição presidencial vencida por Ramalho Eanes (1935) e tendo Mário Soares (1924-2017) como primeiro-ministro.

5) Portugal inicia o processo de entrada para a Comunidade Econômica Europeia.

Ditadura Salazarista

O Salazarismo, dirigido pelo professor universitário Antônio de Oliveira Salazar, teve início em 1933. Em 1928 Salazar passara a comandar o Ministério das Finanças e se destacou nessa tarefa em consequência das medidas que implementou conseguindo, desta forma, estabilizar a economia portuguesa.

Assim, em 1932 foi nomeado Presidente do Conselho de Ministros e, conforme a nova constituição de 1933, alcançava plenos poderes.

Autoritarismo, censura, repressão, exílios, guerra coloniais foram as características do salazarismo. Igualmente. para controlar a população, havia a atuação da PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado) - a polícia política.

O governo de Salazar, também conhecido como Estado Novo, teve a duração de 41 anos. Após o afastamento por invalidez do então ditador Salazar, vítima de um derrame em 1968 vindo a falecer em 1970, foi continuado por Marcello Caetano.

Música

A Revolução dos Cravos ficou marcada pela arte musical. A música “Grândola Vila Morena”, de Zeca Afonso, se tornou o hino da revolução, sendo desta forma, bastante conhecida em Portugal.

Confira a letra dessa canção:

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina, um amigo
Em cada rosto, igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto, igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola, a tua vontade

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade.




Fontes : TodaMateira / HistoriaDoMundo


segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Conheça a história de Tereza de Benguela, uma heroína negra!

A mulher que tornou-se símbolo de liderança, força e luta pela liberdade.

Imagem do Google


Uma mulher que tornou-se símbolo de liderança, força e luta pela liberdade. Apesar de sua história ter sido pouco divulgada durante um longo período, hoje seu legado é cada vez mais reconhecido. Tereza de Benguela é um ícone da resistência negra no Brasil Colonial. Sua trajetória remonta ao século XVIII, quando Vila Bela da Santíssima Trindade era a primeira capital de Mato Grosso.

Rainha Tereza”, como ficou conhecida em seu tempo, viveu nesta região do Vale do Guaporé. Após a morte do marido, passou a liderar a comunidade, resistindo bravamente à escravidão por mais de 20 anos. Tereza comandou a estrutura política, econômica e administrativa da comunidade, enfrentando diversas batidas da Coroa Portuguesa. Teresa de Benguela sobreviveu até meados da década de 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças do então governador da capitania.

A história de Tereza de Benguela demorou a ganhar projeção. No entanto, passados quase 250 anos, o reconhecimento começa a aparecer. Uma lei aprovada em 2014 institui 25 de julho como o Dia Nacional de Teresa de Benguela e da Mulher Negra. Motivo de orgulho para os habitantes de toda a região e porque não, de todo o País.


Artigo transcrito da pagina http://gshow.globo.com/TV-Centro-America/E-Bem-MT/noticia/2015/03/conheca-historia-de-tereza-de-benguela-um-heroina-negra.html

Um Brasil de Terezas de Benguela

25 de julho é Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra
Redação
Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG),25 de Julho de 2019 às 13:00

Um território onde não tinha escravidão, onde não havia um patrão branco chicoteando negros e negras forçados a trabalhar. Ainda no século XVIII, mas com legislação complexa e participativa. O quilombo de Quariterê, no estado do Mato Grosso, existiu entre 1730 e 1795. Mais de 60 anos de resistência ativa, de demonstração de que era possível outra forma de organização social e do trabalho. Mas provavelmente você nunca ouviu falar dele. E talvez você não saiba, também, que ele foi comandado por uma mulher, Tereza de Benguela.

Líder do Quilombo do Quariterê, Tereza desafiou a Coroa e o sistema escravocrata português / Foto: Reprodução

Não há muitas informações certeiras sobre ela. Há quem diga que ela passou a liderar o quilombo após a morte do companheiro, José Piolho. Há outros registros que a colocam como a rainha do quilombo desde antes, que era ela quem presidia as reuniões daquilo que funcionava como um Senado. Outra incerteza é em relação ao seu nascimento, se na África ou já no Brasil. Também não se sabe ao certo se havia indígenas entre os habitantes do território livre, mas muitos indicativos levam a crer que sim.

Sabe-se que Tereza liderava e inclusive organizou um exército em resistência à invasão bandeirante, violenta e assassina, que levou à sua morte. As dúvidas e o desconhecimento da história de Tereza falam muito sobre o Brasil. Por um lado, há uma intensa vivência de enfrentamento, de coragem, de ação decidida e dirigente de pessoas oprimidas. Entre essas pessoas, negros, mulheres, negras. Por outro lado, um apagamento sistemático e interessado dessa tradição e a construção de um ilusório “povo pacífico”, uma mentirosa “democracia racial”, mito atrás de mito que escondem nossa formação violenta e resistente.

25 de julho: memória histórica

Em 1992, na República Dominicana, foi realizado o 1º Encontro de Mulheres Afro-latinoamericanas e caribenhas, e instituído o 25 de julho como dia de luta. Em 2014, coube à primeira presidente mulher da história do Brasil, Dilma Rousseff, sancionar uma lei que colocava o 25 de julho como Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

Essa homenagem mais que justa e tardia a uma heroína brasileira precisa ser lembrada e celebrada. Mais que isso, precisamos honrar a história de luta e seguir fazendo como Tereza. É preciso resistir ao opressor, seja ele um bandeirante armado, seja um presidente que faz apologia à violência e à morte. É preciso lembrar e contar nossa história, porque a memória e a verdade são revolucionárias. 

Tereza mostrou o caminho: é possível construir um território livre. Façamos como ela, todos os dias.



Edição: Joana Tavares

Artigo trascrito do Brasil de Fato 
https://www.brasildefato.com.br/2019/07/25/editorial-or-um-brasil-de-terezas-de-benguela/

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Nina Rodrigues

Imagem do Google
Médico e antropólogo brasileiro nascido em Vargem Grande, MA, fundador da antropologia criminal brasileira e pioneiro nos estudos sobre a cultura negra no país. Iniciou medicina na Bahia, mas concluiu no Rio de Janeiro, RJ (1888). Voltou à Bahia para assumir a cátedra na Faculdade de Medicina da Bahia (1891), onde promoveu a nacionalização da medicina legal brasileira, até então inclinada a seguir padrões europeus.

Desenvolveu profundas pesquisas sobre origens étnicas da população e a influência das condições sociais e psicológicas sobre a conduta do indivíduo. Com o resultados de seus estudos propôs uma reformulação no conceito de responsabilidade penal, sugeriu a reforma dos exames médico-legais e foi pioneiro da assistência médico-legal a doentes mentais, além de defender a aplicação da perícia psiquiátrica não apenas nos manicômios, mas também nos tribunais.
Também analisou em profundidade os problemas do negro no Brasil, fazendo escola no assunto e faleceu em Paris, França. Entre seus livros destacaram-se As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil (1894), O animismo fetichista dos negros da Bahia (1900) e Os africanos no Brasil (1932).

O Instituto Médico-Legal Nina Rodrigues (IMLNR), o mais antigo dos quatro órgãos que compõem a estrutura do Departamento de Polícia Técnica da Bahia, foi criado (1906) pelo Prof. Oscar Freire e intitulado Nina Rodrigues pela Congregação da Faculdade de Medicina da Bahia, em homenagem ao famoso professor catedrático de Medicina-Legal, falecido naquele mesmo ano, aos 44 anos de idade.


Fonte: Biografias - Unidade Acadêmica de Engenharia Civil / UFCG

terça-feira, 20 de agosto de 2019

João Cândido

João Cândido Felisberto nasceu no Rio Grande do Sul, no dia 24 de Junho de 1880. Seus pais eram escravos, ele desde pequeno ele costumava acompanhar seu pai quando este viajava conduzindo o gado.

João Cândido começou sua participação política cedo, aos 13 anos apenas, quando lutou a serviço do governo na Revolução Federalista do Rio Grande do Sul, no ano de 1893. Com 14 anos se alistou no Arsenal de Guerra do Exército e com 15 entrou para a Escola de Aprendizes Marinheiros de Porto Alegre. Cinco anos depois foi promovido a marinheiro de primeira classe e com 21 anos, em 1903, foi promovido a cabo-de-esquadra, tendo sido depois novamente rebaixado a marinheiro de primeira classe por ter introduzido no navio um jogo de baralho. Serviu na Marinha do Brasil por 15 anos, tempo durante o qual viajou por este e outros países.

Participou e comandou a Revolta dos Marinheiros do Rio de Janeiro (Revolta da Chibata) no ano de 1910, movimento que trouxe benefícios aos marinheiros, com o fim dos castigos corporais na Marinha, mas que trouxe prejuízos a João Cândido, que foi expulso e renegado, vindo a trabalhar como timoneiro e carregador em algumas embarcações particulares, sendo depois demitido definitivamente de todos os serviços da Marinha por intervenção de alguns oficiais.

No ano de 1917, ano em que sua primeira esposa faleceu, começou a trabalhar como pescador para sustentar a família, vivendo na miséria até os seus últimos dias de vida. Casou-se novamente, mas sua segunda esposa cometeu suicídio no ano de 1928. Dez anos depois a tragédia voltaria a acontecer, mas desta vez com uma de suas filhas. Ao todo foram três casamentos, tendo o último durado até o fim de sua vida, dia 06 de Dezembro de 1969.

Atuou na política durante toda a sua vida. Durante o governo de Vargas teve contato com o líder da Ação Integralista Brasileira (AIB) e com o Partido Comunista, chegou a ser preso por suspeita de relacionamento com os integrantes da Aliança Liberal e até o fim da sua vida continuou sendo “vigiado” pelas autoridades, sendo acusado de subversivo.

O “Almirante Negro”, como João Cândido ficou conhecido, morreu aos 89 anos e teve ao todo 11 filhos ao longo dos três casamentos. Faleceu na cidade de São João do Meriti, no Rio de Janeiro.

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Marechal Rondon





Marechal Rondon (1865-1958) foi militar e sertanista brasileiro. Foi o idealizador do Parque Nacional do Xingu e Diretor do Serviço de Proteção ao Índio. Integrou a Comissão Construtora de Linhas Telegráficas, atravessou o sertão desconhecido, na maior parte, habitado por índios bororos, terenas e guaicurus. Abriu estradas, expandiu o telégrafo e ajudou a demarcar as terras indígenas.


Infância e Formação

Cândido Mariano da Silva (Marechal Rondon) nasceu em Mimoso, hoje Santo Antônio de Leverger, Mato Grosso, no dia 5 de maio de 1865. Filho de Cândido Mariano e de Claudina Lucas Evangelista, neta de índios Bororos. Seu pai morreu sem conhecer o filho, e anos depois perderia também a mãe. Em 1873, foi para Cuiabá, levado por um tio, que era Capitão da Guarda Nacional. Estudou na Escola Mestre Cruz e no ano seguinte na Escola Pública Professor João B. de Albuquerque. Em 1879 entrou para o Liceu Cuiabano e em 1881 formou-se professor.


Carreira Militar

Em 1881, Rondon foi para a Escola Militar no Rio de Janeiro. Com autorização do Ministério da Guerra, acrescentou o sobrenome Rondon, em homenagem ao tio que lhe criou Manuel Rodrigues da Silva Rondon. Em 1884, Rondon já estava habilitado para fazer o curso superior. Em 1888 foi promovido a alferes-aluno, nesse mesmo ano o governo imperial cria a Escola Superior de Guerra, para onde é transferido Rondon.


Instalação de Linhas Telegráficas

Em 1889, após a Proclamação da República, Rondon foi nomeado ajudante do Major Gomes para a Comissão Construtora de Linhas Telegráficas, com o objetivo de estender as comunicações entre o Rio e Cuiabá, passando por Uberaba e Goiás. Designado para o Rio de Janeiro, do Observatório Nacional, no morro do Castelo, Rondon determinava as coordenadas geográficas.

Em março de 1890 foi para Cuiabá, onde foi graduado ao posto de engenheiro militar e bacharel em matemática e ciências físicas e naturais. Passou a chefiar o grupo que fazia o levantamento topográfico. Junto com vinte soldados avançavam pelo sertão desconhecido, na sua maior parte habitado por tribos bororos, algumas já pacificadas. De volta ao Rio, assume a docência na Escola Militar.


Contato com Tribos Indígenas

Em 1891, Rondon é nomeado chefe do Distrito Telegráfico de Mato Grosso. Pede exoneração do cargo de professor. Casa-se em 1 de fevereiro de 1892, com Francisca Xavier e, a 6 de março parte para Cuiabá com a esposa, para assumir o cargo. Em 1899 chefia uma comissão destinada a estender linhas telegráficas de Cuiabá a Corumbá e para as fronteiras com a Bolívia e o Paraguai, quando contou com a ajuda dos bororos, que abriam as picadas e erguiam os postes.

Rondon descobriu e nomeou rios, montanhas, vales e lagos, mapeando a região. Em 1906, foi encarregado pelo presidente Afonso Pena, de ligar Cuiabá ao território do Acre, recentemente incorporado ao país. Nessa expedição trava contato com os índios parecis e os nhambiquaras, tidos como antropófagos. O desbravamento continuou e a pacificação só foi conquistada em 1910.


Serviço de Proteção ao Índio

No dia 2 de março de 1910, no governo de Nilo Peçanha, Rondon é convidado para assumir a chefia do Serviço de Proteção ao Índio, a ser criado. Em 1913, já coronel, acompanhou uma expedição que Roosevelt, o antigo presidente dos Estados Unidos, fez pelo sertão brasileiro, com seu filho e cientistas.


Comissão Rondon

Até 1917, a Comissão Rondon havia construído 2.270km de linhas telegráficas, instalado 28 estações que deram origem a outros povoados, havia realizado o levantamento geográfico de cinquenta mil km lineares de terras e de águas, determinado duzentas coordenadas geográficas e incluído 12 rios no mapa do Brasil e corrigido o curso de outros.
Em 1919, já general de brigada, é nomeado diretor de Engenharia do Exército, e autoriza a construção de quarteis. Em 1927, depois de concluir a ligação telegráfica da Amazônia com o Rio de Janeiro, Rondon trabalhou na inspeção das fronteiras, por ordem ministerial. Reformado no posto de general-de-divisão, Rondon foi nomeado, em 1934, para a comissão mista da Liga das Nações, para dirimir o conflito entre o Peru e a Colômbia pela posse da região de Letícia.


Parque Nacional do Xingu

Em 1939, Rondon tornou-se o primeiro presidente do Conselho Nacional de Proteção aos Índios. Nesse mesmo ano, recebeu do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o título de “Civilizador dos sertões”. Em 1952, vê aprovado seu projeto de criação do Parque Nacional do Xingu. Em 1955, Rondon torna-se marechal, e em 1956, em sua homenagem, o território de Guaporé passou a denominar-se Rondônia.

Marechal Rondon foi casado com Francisca Xavier, teve seis filhas e um único filho homem. Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 19 de janeiro de 1958


Fonte: Todamateria/Google/Wikipedia