O que faz um bom presente ou uma boa declaração é uma mistura de personalização (quanto mais único, melhor), poesia (tem de significar algo além de si mesmo) e inserção na vida da pessoa amada (realização de um desejo antigo, por exemplo). Além disso, se a declaração levar algum tempo e fizer com que você se transforme no processo, aí sim o outro transbordará de felicidade. Listo abaixo algumas sugestões que contemplam um ou mais desses quatro itens: personalização, poesia, inserção e transformação. Algumas já fiz, outras ainda não. As sugestões se adequam a homens e mulheres. Para facilitar, porém, direcionei minha linguagem ao público masculino. Deixem suas sugestões nos comentários para enriquecer essa lista!
1. Jantar em silêncio
Conduza-a por um jantar em silêncio repleto de respirações, olhares e toques. Não faça em casa: o ideal é que seja em público, em um restaurante mesmo. Leve um bloco de notas para que vocês se divirtam com bilhetinhos entre si. Ficará ainda mais gostoso se vocês não pronunciarem nenhum som e usarem bilhetinhos até mesmo com o garçom. Não tenham medo do (inevitável) ridículo. E leve a brincadeira a sério, caso contrário a vergonha dela será maior do que a diversão. Ah, você pode ousar até mesmo no simples ato de marcar o encontro…
2. Audiotour pela cidade
Fiquei fascinado com esse projeto da Mostra SESC de Artes de 2007. Um percurso de uma hora no qual as pessoas são guiadas por um MP3 Player e caminham por vários locais da cidade em busca da resolução de um mistério policial. Por que não fazer isso com sua mulher? Escolha um local, vá até lá para se certificar, volte, abra o Google Maps e use o Audacity para gravar as orientações. Você pode deixar algum presente escondido debaixo do banco de uma igreja, fazer o percurso acabar em um restaurante com você dentro, em um motel ou em uma loja na qual todas as atendentes já estão avisadas: “Olha, eu deixo pago e ela compra o que ela quiser dentro desse valor, pode ser?”.
3. Blog secreto
Use os serviços gratuitos do Wordpress ou do Blogger para criar um blog privado (em ambos, há a opção de não deixá-lo público) e comece a escrever com bastante freqüência sobre sua relação com ela. Relate sensações, percepções e pensamentos que não contou na hora. Descreva em detalhes a noite passada. Escreva para você mesmo, para ela, para o mundo. Alterne discursos com a idéia de que ela acessará o blog depois de algum tempo – é isso que difere essa sugestão de uma outra mais simples que descrevi há algum tempo. A declaração pode durar um mês ou um ano, você decide. Já imaginou um presente assim de 10 anos? É claro que você corre o risco de levar um pé na bunda antes de revelar o blog… Ainda assim, você terá treinado um amor desprendido de expectativas, que se declara sem sequer precisar que o outro nos ouça.
4. Dança de salão às escondidas
Essa é simples: sem que ela saiba, matricule-se em um curso de dança de salão. Diga que seu chefe inventou reuniões semanais ou simule qualquer situação do tipo. Para acelerar seu aprendizado, escolha apenas um ritmo. Salsa e gafieira são ótimas pedidas. Tango já será mais complicado se sua mulher não tiver experiência alguma. Depois de uns 6 meses, vá com ela a um lugar que toca o que você já sabe e convide-a para dançar. Atenção: essa sugestão não é recomendada para mulheres! É muito provável que o homem sinta-se constransgido por não conseguir acompanhar e ainda por cima fique nervoso ao saber que sua mulher ficou esse tempo todo dançando com outros. Parece machista, mas é muito mais fácil uma mulher inexperiente ser conduzida por um bom cavalheiro do que um homem iniciante dançar com uma dama treinada.
5. Os dias da semana
Um presente para cada dia da semana. Na segunda, ela desfrutará de um, na terça de outro, e assim por diante. Quinta-feira pode ser um livro de poesia, sexta-feira uma calcinha quase transparente, sábado um sabonete de menta… O presente é menos importante do que a idéia de acompanhá-la em seu cotidiano, expandindo sua presença na vida de sua parceira.
6. Transformação
Pare de fumar, coma menos, faça musculação, abandone a raiva ou o orgulho, medite, aprenda alguma coisa, desaprenda várias outras… Transforme-se para ela, deixe que sua vida se torne um presente a ser lentamente degustado por sua mulher. Porque presente bom não se dá, se oferece. Para conseguir tais transformações, use toda aquela energia e potência que surgia bem no início da relação, quando você queria sexo e fazia de tudo para levá-la para a cama, lembra? Você passava dias inteiros planejando noites inesquecíveis, se vestia bem, comprava presentes, dirigia por horas seguidas, abria portas, perguntava “Está frio demais aqui dentro?”, e tudo aquilo que um homem presente e atento faz. A potência que deseja sexo é a mesma que deseja amar. E amar é isso: agir a favor da felicidade do outro.
7. Agenda
Compre uma agenda e a preencha inteira, dia após dia, com anotações, declarações, lembranças (“Nesse dia, há dois anos, nós fizemos…”), coisas que você quer fazer com ela em tal dia, conduções (“Ouça agora essa música…”), loucuras, propostas e insights. No início de janeiro, entregue e peça que ela use como uma agenda convencional e também como uma forma de dialogar com seus escritos.
8. Album erótico
O processo, não o resultado, é a melhor parte dessa declaração. É gostoso pedir as poses, olhar, fotografar, beijar, deixar a câmera cair, editar, imprimir, montar, entregar… Tire fotos de ângulos improváveis, use o Photoshop e faça surgir uma mulher que nem você conhece. A nudez é opcional. Você pode mostrar para ela enquanto edita ou somente ao final. Você pode pedir para que ela faça poses ou pode fazer tudo em absoluto segredo (enquanto ela dorme, por exemplo).
9. Mestre-cuca
Assim como o curso de dança de salão proporciona uma noite de giros e pernadas, um curso de culinária pode promover alguns jantares deliciosos. Escolha o tipo e se matricule: tailandesa, japonesa, árabe, francesa… Tudo em segredo para a grande surpresa, claro.
10. Outra luz na Avenida Paulista
É uma pena que não consegui fazer essa declaração! Preparei tudo, escrevi, planejei… Mas sabe quando a temperatura muda abruptamente? No dia escolhido, a logística não permitiu; no seguinte, já não havia mais espaço. Com declarações, o momento é talvez o mais importante de todos os fatores. Uma mesma ação pode causar prazer ou desconforto, dependendo da temperatura da relação.
A idéia é usar um vasto espaço público significativo para o casal e fazer dele um ambiente imersivo para o amor. Escreva um texto e divida-o em vários cartazes (poucas palavras por cartaz e reticências). Vá ao local no fim da tarde. Leve algum tipo de cola ou fita adesiva. Planeje um percurso e saia colando cartazes em locais protegidos e estratégicos. Marque de encontrá-la em algum lugar perto do início do percurso (após o pôr-do-Sol), invente algum programa que justifique uma caminhada e conduza-a pelos cartazes usando uma lanterna. Peça a ela silêncio e vá lentamente focando cada um dos cartazes.
No fim, você pode deixar as últimas palavras por baixo da sua camiseta (e apontar a lanterna para si próprio) ou simplesmente apontar para o céu – depende do texto, dos caminhos do seu amor por ela. Eu escolheria a Avenida Paulista e deixaria também alguns cartazes perdidos em arbustos ou dentro de alguns locais (prateleiras ou bancos na livraria Cultura, por exemplo). Seria sábado à noite, com muito movimento e vida ao redor. Como perdi minha chance, ofereço a idéia para que outros possam fazê-lo. O que importa não é quem faz, o que importa é a abertura impessoal que brota disso.
Para quem quiser pedir em casamento, há um outro fim para essa declaração. Converse com umas 20 pessoas (estranhos, se tiver coragem e dinheiro, ou amigos) e peça para que elas fiquem no final do percurso com cartazes em mãos, todos com a mesma pergunta: “Quer casar comigo?”. Eles serão a sua voz, uma expansão de seu corpo. Após a caminhada com o texto preparatório, você chega com sua mulher e dá um sinal: todos se agrupam de repente e mostram os cartazes. Serão 20 “Quer casar comigo?” direcionados a ela! Aí basta se ajoelhar, tirar a aliança do bolso
1. Jantar em silêncio
Conduza-a por um jantar em silêncio repleto de respirações, olhares e toques. Não faça em casa: o ideal é que seja em público, em um restaurante mesmo. Leve um bloco de notas para que vocês se divirtam com bilhetinhos entre si. Ficará ainda mais gostoso se vocês não pronunciarem nenhum som e usarem bilhetinhos até mesmo com o garçom. Não tenham medo do (inevitável) ridículo. E leve a brincadeira a sério, caso contrário a vergonha dela será maior do que a diversão. Ah, você pode ousar até mesmo no simples ato de marcar o encontro…
2. Audiotour pela cidade
Fiquei fascinado com esse projeto da Mostra SESC de Artes de 2007. Um percurso de uma hora no qual as pessoas são guiadas por um MP3 Player e caminham por vários locais da cidade em busca da resolução de um mistério policial. Por que não fazer isso com sua mulher? Escolha um local, vá até lá para se certificar, volte, abra o Google Maps e use o Audacity para gravar as orientações. Você pode deixar algum presente escondido debaixo do banco de uma igreja, fazer o percurso acabar em um restaurante com você dentro, em um motel ou em uma loja na qual todas as atendentes já estão avisadas: “Olha, eu deixo pago e ela compra o que ela quiser dentro desse valor, pode ser?”.
3. Blog secreto
Use os serviços gratuitos do Wordpress ou do Blogger para criar um blog privado (em ambos, há a opção de não deixá-lo público) e comece a escrever com bastante freqüência sobre sua relação com ela. Relate sensações, percepções e pensamentos que não contou na hora. Descreva em detalhes a noite passada. Escreva para você mesmo, para ela, para o mundo. Alterne discursos com a idéia de que ela acessará o blog depois de algum tempo – é isso que difere essa sugestão de uma outra mais simples que descrevi há algum tempo. A declaração pode durar um mês ou um ano, você decide. Já imaginou um presente assim de 10 anos? É claro que você corre o risco de levar um pé na bunda antes de revelar o blog… Ainda assim, você terá treinado um amor desprendido de expectativas, que se declara sem sequer precisar que o outro nos ouça.
4. Dança de salão às escondidas
Essa é simples: sem que ela saiba, matricule-se em um curso de dança de salão. Diga que seu chefe inventou reuniões semanais ou simule qualquer situação do tipo. Para acelerar seu aprendizado, escolha apenas um ritmo. Salsa e gafieira são ótimas pedidas. Tango já será mais complicado se sua mulher não tiver experiência alguma. Depois de uns 6 meses, vá com ela a um lugar que toca o que você já sabe e convide-a para dançar. Atenção: essa sugestão não é recomendada para mulheres! É muito provável que o homem sinta-se constransgido por não conseguir acompanhar e ainda por cima fique nervoso ao saber que sua mulher ficou esse tempo todo dançando com outros. Parece machista, mas é muito mais fácil uma mulher inexperiente ser conduzida por um bom cavalheiro do que um homem iniciante dançar com uma dama treinada.
5. Os dias da semana
Um presente para cada dia da semana. Na segunda, ela desfrutará de um, na terça de outro, e assim por diante. Quinta-feira pode ser um livro de poesia, sexta-feira uma calcinha quase transparente, sábado um sabonete de menta… O presente é menos importante do que a idéia de acompanhá-la em seu cotidiano, expandindo sua presença na vida de sua parceira.
6. Transformação
Pare de fumar, coma menos, faça musculação, abandone a raiva ou o orgulho, medite, aprenda alguma coisa, desaprenda várias outras… Transforme-se para ela, deixe que sua vida se torne um presente a ser lentamente degustado por sua mulher. Porque presente bom não se dá, se oferece. Para conseguir tais transformações, use toda aquela energia e potência que surgia bem no início da relação, quando você queria sexo e fazia de tudo para levá-la para a cama, lembra? Você passava dias inteiros planejando noites inesquecíveis, se vestia bem, comprava presentes, dirigia por horas seguidas, abria portas, perguntava “Está frio demais aqui dentro?”, e tudo aquilo que um homem presente e atento faz. A potência que deseja sexo é a mesma que deseja amar. E amar é isso: agir a favor da felicidade do outro.
7. Agenda
Compre uma agenda e a preencha inteira, dia após dia, com anotações, declarações, lembranças (“Nesse dia, há dois anos, nós fizemos…”), coisas que você quer fazer com ela em tal dia, conduções (“Ouça agora essa música…”), loucuras, propostas e insights. No início de janeiro, entregue e peça que ela use como uma agenda convencional e também como uma forma de dialogar com seus escritos.
8. Album erótico
O processo, não o resultado, é a melhor parte dessa declaração. É gostoso pedir as poses, olhar, fotografar, beijar, deixar a câmera cair, editar, imprimir, montar, entregar… Tire fotos de ângulos improváveis, use o Photoshop e faça surgir uma mulher que nem você conhece. A nudez é opcional. Você pode mostrar para ela enquanto edita ou somente ao final. Você pode pedir para que ela faça poses ou pode fazer tudo em absoluto segredo (enquanto ela dorme, por exemplo).
9. Mestre-cuca
Assim como o curso de dança de salão proporciona uma noite de giros e pernadas, um curso de culinária pode promover alguns jantares deliciosos. Escolha o tipo e se matricule: tailandesa, japonesa, árabe, francesa… Tudo em segredo para a grande surpresa, claro.
10. Outra luz na Avenida Paulista
É uma pena que não consegui fazer essa declaração! Preparei tudo, escrevi, planejei… Mas sabe quando a temperatura muda abruptamente? No dia escolhido, a logística não permitiu; no seguinte, já não havia mais espaço. Com declarações, o momento é talvez o mais importante de todos os fatores. Uma mesma ação pode causar prazer ou desconforto, dependendo da temperatura da relação.
A idéia é usar um vasto espaço público significativo para o casal e fazer dele um ambiente imersivo para o amor. Escreva um texto e divida-o em vários cartazes (poucas palavras por cartaz e reticências). Vá ao local no fim da tarde. Leve algum tipo de cola ou fita adesiva. Planeje um percurso e saia colando cartazes em locais protegidos e estratégicos. Marque de encontrá-la em algum lugar perto do início do percurso (após o pôr-do-Sol), invente algum programa que justifique uma caminhada e conduza-a pelos cartazes usando uma lanterna. Peça a ela silêncio e vá lentamente focando cada um dos cartazes.
No fim, você pode deixar as últimas palavras por baixo da sua camiseta (e apontar a lanterna para si próprio) ou simplesmente apontar para o céu – depende do texto, dos caminhos do seu amor por ela. Eu escolheria a Avenida Paulista e deixaria também alguns cartazes perdidos em arbustos ou dentro de alguns locais (prateleiras ou bancos na livraria Cultura, por exemplo). Seria sábado à noite, com muito movimento e vida ao redor. Como perdi minha chance, ofereço a idéia para que outros possam fazê-lo. O que importa não é quem faz, o que importa é a abertura impessoal que brota disso.
Para quem quiser pedir em casamento, há um outro fim para essa declaração. Converse com umas 20 pessoas (estranhos, se tiver coragem e dinheiro, ou amigos) e peça para que elas fiquem no final do percurso com cartazes em mãos, todos com a mesma pergunta: “Quer casar comigo?”. Eles serão a sua voz, uma expansão de seu corpo. Após a caminhada com o texto preparatório, você chega com sua mulher e dá um sinal: todos se agrupam de repente e mostram os cartazes. Serão 20 “Quer casar comigo?” direcionados a ela! Aí basta se ajoelhar, tirar a aliança do bolso
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