quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Algumas explicações sobre a Fé Bahá’í


Os bahá’ís consideram sua Fé a renovação de toda religião profética. A revelação é progressiva. Cristo expressou este conceito ao dizer: "Ainda tenho muitas coisas que vos dizer mas vós não as podeis suportar agora, porém quando vier aquele Espírito da Verdade, ele vos guiará em toda a verdade." Cristo, como também os outros Instrutores divinos, prometeu a vinda de um Outro que guiaria mais uma vez Seus filhos...

O bahá’í vê todas as grandes religiões proféticas como partes de um plano divino para educar o homem a fim de que ele possa por sua vez levar avante "uma civilização que há de evoluir sempre." Desde Abraão, cada Educador Divino tem trazido uma mensagem na qual se destaca algum princípio necessário, e cada vez se reiteram certos preceitos básicos por serem estes sempre verdadeiros, sempre vitais ao bem-estar do homem. Moisés trouxe uma mensagem- de justiça, Buda ensinou a renúncia, Jesus o amor, Maomé a submissão. Hoje, o Autor da Fé Bahá’í traz a mensagem da unidade. Mas através de todas essas mensagens se percebe a Regra de Ouro, segundo a qual todos os homens são irmãos, filhos de um só Deus.

É óbvia a razão porque o Criador tem enviado uma série de Mensageiros. Assim como a criança no jardim de infância não está pronta para enfrentar a álgebra, também os homens no tempo de Jesus estavam longe de poder compreender o conceito de um só mundo. Naquele tempo, os meios de comunicação rápida não haviam ligado as nações. À medida que as condições mudam, deve a religião adaptar-se. E quando a religião declina, tem que ser revitalizada. Somente Deus pode efetuar a transformação.

Essa transformação deverá ter início no coração dos homens do mundo inteiro. O ensino religioso só pode ter efeito se se educam os corações. Nosso Criador funciona através dos homens; são eles Seus instrumentos para criar novos padrões de ação, devendo, pois, evoluir. Urge haver homens de coração maduro, bem como de mente madura. O bahá’í acredita ser possível transformar-se a natureza humana, podendo-se enobrecê-la quando o homem se sujeita espontânea e conscientemente à Vontade Divina.

Disforme era a humanidade à qual Bahá’u’lláh se dirigiu, aleijada de mente e espírito, e Ele proveu a cura. Na receita que ofereceu, a vida pessoal deve imbuir-se de um grande fluxo de amor e compreensão. Quando não podemos amar um indivíduo por suas características pes-soais, devemos apreciá-lo por amor a Deus. Todo homem é filho do Criador. Deve ser nosso objetivo ver a face de Deus – falando figuradamente – em toda criatura humana...

Estes ensinamentos podem ser melhor compreendidos à luz de uma breve história da Fé Bahá’í Mundial. Não deve causar admiração o fato de não se haver anunciado em todo o mundo o nascimento da Fé. Jesus não figurou em cabeçalhos no Seu tempo. H. G. Wells observou com acerto que os primórdios do renascimento religioso "nunca são conspí-cuos." No dia 23 de maio de 1844, um jovem persa de vinte e cinco anos de idade, que viria a ser conhecido como o Báb, anunciou Sua missão: a de preparar o caminho para "Aquele que Deus tornaria manifesto", e de introduzir certas reformas vitais. À medida que o número de Seus adeptos crescia, o clero maometano se alarmava. Após apenas seis anos de ensino, Ele foi martirizado publicamente por ordem desse clero. Já cumprira, porém, Sua missão. Assim como João Batista preparou os corações e as mentes para o advento de Jesus, também o Báb abriu o caminho para a vinda de Bahá’u’lláh ("Glória de Deus").

Nascido numa família da alta nobreza da Pérsia, em 1817, Bahá’u’lláh deveria ter seguido os passos de Seu pai, que era Ministro de Estado do Xá, porém a isso renunciou. Ainda criança, mostrava sabedoria e bondade extraordinárias. Mais tarde, abraçou os ensinamentos do Báb sem receio das conseqüências, seguindo-se resultados catastróficos: a bastonada, a confiscação de Suas proprie-dades, longos anos de encarceramento e exílio.

No ano de 1863, pouco antes de Seu degredo de Bagdá à cidade de Constantinopla, Bahá’u’lláh disse aos adeptos que era Aquele Cuja vinda não só o Báb mas todos os Profetas haviam predito. Esta estupenda verdade se insuflara Nele num tempo de grande sofrimento físico. Seus adeptos receberam esta declaração com júbilo intenso. Muitas notabilidades, inclusive o governador de Bagdá, vieram prestar homenagens ao Prisioneiro antes de Sua partida. Finalmente, para afastarem Bahá’u’lláh das multidões que se sentiam tão atraídas a Ele e à Sua Mensagem, encarceraram-No na terrível colônia penal de Akká, na Palestina. Por muito tempo, muros espessos excluíram-No da natureza que Ele tanto amava.

O Professor Edward Granville Browne, da Universidade de Cambridge, única pessoa do Ocidente a visitar Bahá’u’lláh, conta-nos: "Desnecessário era perguntar em presença de quem eu me achava, enquanto me curvava ante Aquele que é objeto de uma devoção e um amor que os reis bem poderiam invejar e os imperadores suspirar em vão." Proferiu-lhe Bahá’u’lláh palavras de ânimo: "Só desejamos o bem do mundo e a felicidade das nações. Que todas as nações se unam na mesma fé e todos os homens se tornem irmãos; que se fortaleçam os laços de afeto e união entre os filhos dos homens, cesse a divergência de religião e se anulem as diferenças de raça. Que mal há nisso? E assim há de ser: essas lutas infrutíferas, essas guerras ruinosas passarão e a Maior Paz virá. ... Não se vanglorie o homem de amar a pátria; antes, tenha ele glória em amar sua espécie."

Não permitindo que exílio e encarceramento Lhe sustassem a pena, Bahá’u’lláh escreveu longas epístolas aos governantes do mundo ocidental, exortando-os ao caminho da paz. Foi autor de muitos livros que abrangem inúmeros assuntos. Segundo seu conceito, a religião é uma atitude para com Deus que se reflete em nossa vida de todo dia. Assim Seus Escritos tratam da ética e moral, da fé em Deus, das relações humanas, da prece e da meditação; interpretam os Ensinamentos religiosos anteriores e as profecias do futuro; discorrem sobre a economia política, a educação e as relações entre as raças... Embora seja estupenda a pretensão de Bahá’u’lláh — a de ser o Prometido de todos os tempos, o Espírito da Verdade predito por Jesus — Sua sublime Mensagem, segundo a expõem esses Escritos, sustenta a pretensão.

Com o falecimento de Bahá’u’lláh em 1892, Seu filho mais velho, ’Abdu’l-Bahá, tornou-se Seu intérprete autorizado da nova Fé. ’Abdu’l-Bahá visitou a América em 1912, difundindo a Mensagem de Bahá’u’lláh de costa à costa numa "tournée" histórica. Na Última Vontade e Testamento, ’Abdu’l-Bahá nomeia Seu neto, Shoghi Effendi, como o Guardião da Fé Bahá’í. Shoghi Effendi faleceu em 1957.

Vinte mil martírios não lograram sustar a influência dos novos Ensinamentos que vieram então a abranger o globo e são apreciados desde Egedesminde, na Groelândia, até Magalhães do Chile, a cidade mais próxima do Pólo Sul. Bahá’ís já se estabeleceram em mais de 150.000 centros em 300 países e territórios. Há represen- tantes de raças, entre elas sudaneses da África, esquimós no Alaska e maoris na Nova Zelândia; as origens religiosas são muitas; traduziu-se a literatura para mais de 800 idiomas. Desde as ilhas de Fiji no Pacífico, do Japão e da Índia até a Alemanha e a Grã-Bretanha, onde quer que os bahá’ís se encontrem, corações e mentes associam-se em harmonia. Representantes da Comunidade Internacional Bahá’í ocupam atualmente lugares como delegados e observadores com status consultivo em diversos organismos das Nações Unidas, como a UNICEF, ECOSOC, UNEP e outros, convocados para selecionadas organizações não-governamentais.

As atividades bahá’ís coordenam-se harmoniosamente dentro de um sistema administrativo que é tão simples quanto eficaz. Não havendo clero, é dever dos bahá’ís ensinarem a Fé e trabalharem onde quer que haja necessidade. Há bahá’ís isolados, outros em grupos; servem nos comitês, nas comunidades, nas Assembléias Locais, ou nas Assembléias Nacionais, ou na Casa Universal de Justiça. Não existe facção; tomam decisões após preces e consulta franca, com espírito de amor. Aqueles eleitos aos vários cargos têm as respectivas responsabilidades em virtude de mérito, a ninguém tendo de responder senão a Deus. Deste modo consegue-se unidade em meio a grande diversidade.

Nesta Fé os homens vêem cumprirem-se as profecias, quase em nossos dias; acham a solução para seus problemas, respostas às suas preces; e paz de espírito e de coração. Os aspectos pessoais da Fé satisfazem o indivíduo; seus aspectos sociais haverão de curar uma civilização.

Quem deseja conhecer a Fé Bahá’í deve lembrar-se de que esta Fé não somente é um vibrante apelo para a paz mundial, mas também convoca a todos poderosamente para Deus. A Palavra de Deus exorta o homem neste versículo de Palavras Ocultas: "Volve tua face para a Minha e renuncia a tudo menos a Mim; pois Minha soberania dura e Meu domínio não perece. Se buscares a outro senão a Mim, ainda que procures no universo para todo o sempre, em vão será tua busca.

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