quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A Grande Voz

É terrível, Senhor! Só a voz do prazer cresce nos ares. 
Nem mais um gemido de dor, nem mais um clamor de heroísmo 
Só a miséria da carne, e o mundo se desfazendo na lama da carne. 

É terrrível, Senhor. Desce teus olhos. 
As almas sãs clamam a tua misericórdia. 
Elas crêem em ti. Crêem na redenção do sacrifício. 
Dize-lhes, Senhor, que és o Deus da Justiça e não da covardia 
Dize-lhes que o espírito é da luta e não do crime. 

Dize-lhes, Senhor, que não é tarde! 

Senhor! Tudo é blasfêmia e tudo é lodo. 
Se um lembra que amanhã é o dia da miséria 
Mil gritam que hoje é o dia da carne. 
Olha, Senhor, antes que seja tarde 
Abandona um momento os puros e os bem-aventurados 
Desvia um segundo o teu olhar de Roma 
Dá remédio a esta infelicidade sem remédio 
Antes que ela corrompa os bem-aventurados e os puros. 
Não, meu Deus. Não pode prevalecer o prazer e mentira. 
A verdade é o Espírito. Tu és o Espírito supremo 
E tu exigiste de Abraão o sacrifício de um filho. 
Na verdade o que é forte é o que mata se o Espírito exige. 
É o que sacrifica à causa do bem seu ouro e seu filho. 
A alma do prazer é da terra. A alma da luta e do espaço. 
E a alma do espaço aniquilará a alma da terra 
Para que a Verdade subsista. 

Talvez, Senhor meu Deus, fora melhor 
Findar a humanidade esfacelada 
Com o fogo sagrado de Sodoma. 

Melhor fora, talvez, lançar teu raio 
E terminar eternamente tudo. 
Mas não, Senhor. A morte aniquila - ao fraco a morte inglória. 
A luta redime - ao forte a luta e a vida. 
Mais vale, Senhor, a tua piedade 
Mais vale o teu amor concitando ao combate último. 

Senhor, eu não compreendo os teus sagrados desígnios. 
Jeová - tu chamaste à luta os homens fortes 
Tua mão lançou pragas contra os ímpios 
Tua voz incitou ao sacrifício da vida as multidões. 
Jesus - tu pregaste a parábola suave 
Tu apanhaste na face humildemente 
E carregaste ao GóIgota o madeiro. 
Senhor eu não os compreendo, teus desígnios. 

Senhor, antes de seres Jesus a humanidade era forte 
Os homens bons ouviam a doçura da tua voz 
Os maus sentiam a dureza da tua cólera. 
E depois, depois que passaste pelo mundo 
Teu doce ensinamento foi esquecido 
Tua existência foi negada 
Veio a treva, veio o horror, veio o pecado 
Ressuscitou Sodoma. 

Senhor, a humanidade precisa ouvir a voz de Jeová 
Os fortes precisam se erguer de armas em punho 
Contra o mal - contra o fraco que não luta. 
A guerra, Senhor, é em verdade a lei da vida 
O homem precisa lutar, porque está escrito 
Que o Espírito há de permanecer na face da Terra. 

Senhor! Concita os fortes ao combate 
Sopra nas multidões inquietas o sopro da luta 
Precipita-nos no horror da avalancha suprema. 
Dá ao homem que sofre a paz da guerra 
Dá à terra cadáveres heróicos 
Dá sangue quente ao chão! 

Senhor! Tu que criaste a humanidade. 
Dize-lhe que o sacrifício será a redenção do mundo 
E que os fracos hão de perecer nas mãos dos fortes. 
Dá-lhe a morte no campo de batalha 
Dá-lhe as grandes avançadas furiosas 
Dá-lhe a guerra, Senhor!

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