quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O que há de vir

Aquela que dormirá comigo todas as luas 
É a desejada de minha alma. 
Ela me dará o amor do seu coração 
E me dará o amor da sua carne. 

Ela abandonará pai, mãe, filho, esposo 
E virá a mim com os peitos e virá a mim com os lábios 
Ela é a querida da minha alma 
Que me fará longos carinhos nos olhos 
Que me beijará longos beijos nos ouvidos 
Que rirá no meu pranto e rirá no meu riso. 
Ela só verá minhas alegrias e minhas tristezas 
Temerá minha cólera e se aninhará no meu sossego 
Ela abandonará filho e esposo 
Abandonará o mundo e o prazer do mundo 
Abandonará Deus e a Igreja de Deus 
E virá a mim me olhando de olhos claros 
Se oferecendo à minha posse 
Rasgando o véu da nudez sem falso pudor 
Cheia de uma pureza luminosa. 
Ela é a amada sempre nova do meu coração 
Ela ficará me olhando calada 
Que ela só crerá em mim 
Far-me-á a razão suprema das coisas. 
Ela é a amada da minha alma triste 
É a que dará o peito casto 
Onde os meus lábios pousados viverão a vida do seu coração 
Ela é a minha poesia e a minha mocidade 
É a mulher que se guardou para o amado de sua alma 
Que ela sentia vir porque ia ser dela e ela dele. 

Ela é o amor vivendo de si mesmo. 
É a que dormirá comigo todas as luas 
E a quem eu protegerei contra os males do mundo. 

Ela é a anunciada da minha poesia 
Que eu sinto vindo a mim com os lábios e com os peitos 
E que será minha, só minha, como a força é do forte e a poesia é do poeta.

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