O que é detecção precoce ou screening em câncer?
A detecção precoce significa fazer o diagnóstico do câncer no seu estágio pré-sintomático, ou seja, antes que a pessoa manifeste algum sintoma relacionado com a doença ou apresente alguma alteração ao exame físico realizado por um profissional da área da saúde.
O câncer, como outras doenças, tem uma história natural que se caracteriza por um espectro que tem, no seu início algumas células malignas - que por razões ainda não esclarecidas não são destruídas pelo sistema de proteção natural do organismo - e vai até o estágio em que a doença é clinicamente diagnosticável através de seus sinais e sintomas.
Características da detecção precoce
Os exames e testes laboratoriais e de imagem , utilizados na detecção precoce de um determinado tipo de câncer, não fazem o diagnóstico desse câncer, mas sim selecionam as pessoas com suspeita de ter esse tipo de câncer, para que testes mais específicos sejam realizados e seja confirmada ou afastada tal suspeita. Geralmente, o teste confirmatório é uma biópsia ou exame de um determinado tecido do corpo (anátomo-patológico).
Para que um teste seja considerado de "screening", ou seja, para que seja considerado adequado para ser realizado numa pessoa que não apresente sinais e sintomas da doença, ele deve:
| Ter a capacidade de diagnosticar o câncer, antes que a pessoa desenvolva sintomas |
| Oferecer pouco risco ou desconforto para a pessoa |
| Ter um custo acessível |
Por outro lado, para desenvolver métodos de detecção precoce em relação a um determinado tipo de câncer, é necessário:
| Haver evidências científicas suficientes de que, se esse câncer for diagnosticado precocemente haverá um tratamento médico disponível que melhore a evolução da doença |
| Que esse tratamento não seja pior que a própria doença |
Isto quer dizer que não adianta o teste ser bom, pouco desconfortável e barato mas não ter um tratamento disponível para mudar a história natural da doença. Também não adianta ter tratamentos que possam ser instituídos na fase pré-clínica da doença (fase da doença em que ainda não se pode fazer o diagnóstico pelos sinais e sintomas que a doença provoca), se não existem testes que diagnostiquem esse câncer nesta fase pré-clínica.
Além dessas características descritas anteriormente (ter a capacidade de diagnosticar um câncer precocemente e esse câncer ter tratamentos disponíveis para se alterar a sua história natural), a detecção precoce deve ser realizada só naqueles cânceres que, se diagnosticados precocemente e instituído tratamento efetivo precocemente, podem modificar o custo afetivo, pessoal e financeiro relacionado ao diagnóstico e ao tratamento e/ou diminuir a mortalidade relacionada com esse tipo de câncer. Ou seja, não adianta fazer diagnóstico precoce e tratar o câncer na sua fase pré-clínica , se isto não vai alterar a mortalidade e/ou o sofrimento da pessoa. Porque nesse caso, o que está sendo feito é simplesmente tornar uma pessoa saudável e assintomática em uma pessoa doente com todos os custos pessoais e financeiros relacionados ao diagnóstico e ao tratamento de uma doença como essa.
Muitos tipos de cânceres e vários testes diagnósticos têm essas características:
| Diagnosticar o câncer antes de desenvolver sinais e sintomas |
| Ter um tratamento efetivo contra este tipo de câncer |
Que tipo de testes são feitos para detectar precocemente um câncer?
A forma mais fácil de fazer esse teste é através da observação visual de lesões suspeitas, seguida da palpação. São procedimentos fáceis, de baixo custo e com um mínimo de desconforto.
A inspeção(ou exame visual) de alterações de textura e coloração da pele, mucosa oral, retina e colo uterino é um exemplo de como se pode buscar alterações sugestivas de uma lesão pré-maligna.
A palpação também é particularmente útil, fácil de se fazer e barata para detectar precocemente nódulos de mama, próstata aumentada ou linfonodos alterados.
Outros tipos de testes são feitos para se detectar precocemente. São testes de imagem como raio-X, ecografias ou testes laboratoriais, como testes de sangue e urina.
Que tipos de cânceres podem ser diagnosticados precocemente?
Exemplos de cânceres nos quais é possível ser realizada a detecção precoce e serem tratados efetivamente:
| câncer de mama |
| o câncer de colo uterino |
| câncer de cólon. |
Para diminuir as suas chances de desenvolver um câncer, siga estes conselhos:
| Consulte-se com o seu médico regularmente |
| Faça os exames de detecção precoce de câncer que ele recomendar, com a freqüência que for mais adequada para o seu caso específico. |
| Não fume |
| Não ingira bebidas de álcool em excesso |
| Coma frutas, legumes e verduras diariamente |
| Tome bastante água |
| Pratique exercícios físicos regularmente conforme indicação médica |
| Evite o sol entre as 10 horas e 16 horas |
| Mulheres: amamentem seus filhos |
| Previna-se de doenças sexualmente transmissíveis através de métodos de barreira(camisinha) |
| Pratique uma fé religiosa ou outra forma de espiritualização |
| Seja feliz! |
Perguntas que você pode fazer ao seu médico
Uma doença descoberta na sua fase pré-clínica pode regredir?
Existe algum teste genético que diga se algum dia eu terei câncer?
Exames Complementares no Diagnóstico do Câncer |
A anamnese e o exame físico são a base do diagnóstico clínico e constituem os elementos orientadores da indicação de exames complementares.
São múltiplas as finalidades dos exames complementares na área da oncologia. A solicitação destes exames visa a avaliar o tumor primário, as funções orgânicas, a ocorrência simultânea de outras doenças e a extensão da doença neoplásica (estadiamento). Além disso, os exames complementares são indicados para detecção de recidivas, controle da terapêutica e rastreamento em grupos de risco. Os exames utilizados para diagnosticar e estadiar o câncer são, na maioria, os mesmos usados no diagnóstico de outras doenças. Assim é que os exames laboratoriais, de registros gráficos, endoscópicos e radiológicos, inclusive os ultra-sonográficos e de medicina nuclear, constituem meios pelos quais se obtêm a avaliação anatômica e funcional do paciente, a avaliação do tumor primário e suas complicações loco-regionais e à distância.Alguns tumores se caracterizam pela produção de substâncias, cuja dosagem é usada como meio diagnóstico, como parâmetro de estadiamento, como controle da terapêutica e como fator prognóstico. Essas substâncias são conhecidas como marcadores tumorais. Os principais marcadores de valor clínico reconhecido e os tumores a que correspondem estão relacionados no quadro a seguir. É necessário ressaltar que, dependendo da dosagem desses marcadores, eles podem ser interpretados como de resultado normal, suspeito ou patológico.
Alguns marcadores tumorais de valor clínico reconhecido |
Marcador | Problemas Específicos |
Antígeno carcinoembrionário | Tumores do trato gastrintestinal |
Alfa-fetoproteína | Tumor do fígado, tumores embrionários |
Gonadotrofina coriônica | Tumores embrionários e placentários |
Tirocalcitonina | Carcinoma medular de tiróide |
Beta-2- Microglobulina | Mieloma múltiplo e linfoma maligno |
CA 125 | Carcinoma de ovário |
CA 15-3 | Carcinoma de mama |
CA 19-9 | Carcinoma de pâncreas, vias biliares e tubo digestivo |
CA 72-4 | Carcinoma de estômago e adenocarcinoma mucinoso de ovário |
HTG | Carcinoma de tireóide |
PAP | Carcinoma prostático |
PSA | Carcinoma prostático |
SCC | Carcinoma epidermóide do colo uterino, cabeça e pescoço, esôfago e pulmão |
TPA | Carcinoma de bexiga |
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Indicação Criteriosa de Exames Complementares Deve-se avaliar cuidadosamente uma série de fatores antes da solicitação dos exames complementares, pois a realização de múltiplos exames não significa, obrigatoriamente, maior acerto diagnóstico. Verifica-se, freqüentemente, uma solicitação excessiva de exames, o que acarreta aumento dos custos da assistência à saúde. Deve-se notar também que, ao contrário da opinião corrente, o fato de um serviço dispor de aparelhos sofisticados não significa, necessariamente, que o padrão da assistência prestada seja superior.
Relacionam-se a seguir alguns exemplos de equívocos freqüentemente cometidos com relação a exames complementares:• solicitação de cintilografia hepatesplênica para detecção de metástases hepáticas, quando este exame não tem valor diagnóstico para esta finalidade. • solicitação de seriografia esôfagogastroduodenal, em lugar de duodenopancreatografia, para avaliação de tumor de cabeça de pâncreas. • solicitação de exame ultra-sonográfico de abdômen que apresenta drenos, feridas abertas, suturas recentes etc., já que estas condições invalidam o exame. • indicação de procedimento invasivo para avaliar a ressecabilidade de tumor, quando o caso não tem indicação de tratamento cirúrgico. • solicitação, no mesmo caso, tanto de ultra-sonografia como de tomografia computadorizada do abdômen para detectar metástases hepáticas, quando um só desses exames é suficiente para alcançar tal finalidade.
É importante lembrar que, conforme já mencionado, os exames devem ser solicitados de acordo com o comportamento biológico do tumor, ou seja, o seu grau de invasão e os órgãos para os quais ele origina metástases, quando se procura avaliar a extensão da doença.
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