sexta-feira, 16 de agosto de 2013

DETECÇÃO PRECOCE EM CÂNCER

O que é detecção precoce ou screening em câncer?
A detecção precoce significa fazer o diagnóstico do câncer no seu estágio pré-sintomático, ou seja, antes que a pessoa manifeste algum sintoma relacionado com a doença ou apresente alguma alteração ao exame físico realizado por um profissional da área da saúde.
O câncer, como outras doenças, tem uma história natural que se caracteriza por um espectro que tem, no seu início algumas células malignas - que por razões ainda não esclarecidas não são destruídas pelo sistema de proteção natural do organismo - e vai até o estágio em que a doença é clinicamente diagnosticável através de seus sinais e sintomas.

Características da detecção precoce
Os exames e testes laboratoriais e de imagem , utilizados na detecção precoce de um determinado tipo de câncer, não fazem o diagnóstico desse câncer, mas sim selecionam as pessoas com suspeita de ter esse tipo de câncer, para que testes mais específicos sejam realizados e seja confirmada ou afastada tal suspeita. Geralmente, o teste confirmatório é uma biópsia ou exame de um determinado tecido do corpo (anátomo-patológico).
Para que um teste seja considerado de "screening", ou seja, para que seja considerado adequado para ser realizado numa pessoa que não apresente sinais e sintomas da doença, ele deve: 
 
Ter a capacidade de diagnosticar o câncer, antes que a pessoa desenvolva sintomas
Oferecer pouco risco ou desconforto para a pessoa
Ter um custo acessível
Por outro lado, para desenvolver métodos de detecção precoce em relação a um determinado tipo de câncer, é necessário: 
 
Haver evidências científicas suficientes de que, se esse câncer for diagnosticado precocemente haverá um tratamento médico disponível que melhore a evolução da doença
Que esse tratamento não seja pior que a própria doença
Isto quer dizer que não adianta o teste ser bom, pouco desconfortável e barato mas não ter um tratamento disponível para mudar a história natural da doença. Também não adianta ter tratamentos que possam ser instituídos na fase pré-clínica da doença (fase da doença em que ainda não se pode fazer o diagnóstico pelos sinais e sintomas que a doença provoca), se não existem testes que diagnostiquem esse câncer nesta fase pré-clínica.
Além dessas características descritas anteriormente (ter a capacidade de diagnosticar um câncer precocemente e esse câncer ter tratamentos disponíveis para se alterar a sua história natural), a detecção precoce deve ser realizada só naqueles cânceres que, se diagnosticados precocemente e instituído tratamento efetivo precocemente, podem modificar o custo afetivo, pessoal e financeiro relacionado ao diagnóstico e ao tratamento e/ou diminuir a mortalidade relacionada com esse tipo de câncer. Ou seja, não adianta fazer diagnóstico precoce e tratar o câncer na sua fase pré-clínica , se isto não vai alterar a mortalidade e/ou o sofrimento da pessoa. Porque nesse caso, o que está sendo feito é simplesmente tornar uma pessoa saudável e assintomática em uma pessoa doente com todos os custos pessoais e financeiros relacionados ao diagnóstico e ao tratamento de uma doença como essa.
Muitos tipos de cânceres e vários testes diagnósticos têm essas características: 
 
Diagnosticar o câncer antes de desenvolver sinais e sintomas
Ter um tratamento efetivo contra este tipo de câncer
Que tipo de testes são feitos para detectar precocemente um câncer?
A forma mais fácil de fazer esse teste é através da observação visual de lesões suspeitas, seguida da palpação. São procedimentos fáceis, de baixo custo e com um mínimo de desconforto.
A inspeção(ou exame visual) de alterações de textura e coloração da pele, mucosa oral, retina e colo uterino é um exemplo de como se pode buscar alterações sugestivas de uma lesão pré-maligna.
A palpação também é particularmente útil, fácil de se fazer e barata para detectar precocemente nódulos de mama, próstata aumentada ou linfonodos alterados.
Outros tipos de testes são feitos para se detectar precocemente. São testes de imagem como raio-X, ecografias ou testes laboratoriais, como testes de sangue e urina.
Que tipos de cânceres podem ser diagnosticados precocemente?
Exemplos de cânceres nos quais é possível ser realizada a detecção precoce e serem tratados efetivamente: 
 
câncer de mama
o câncer de colo uterino
câncer de cólon.
Para diminuir as suas chances de desenvolver um câncer, siga estes conselhos: 
 
Consulte-se com o seu médico regularmente
Faça os exames de detecção precoce de câncer que ele recomendar, com a freqüência que for mais adequada para o seu caso específico.
Não fume
Não ingira bebidas de álcool em excesso
Coma frutas, legumes e verduras diariamente
Tome bastante água
Pratique exercícios físicos regularmente conforme indicação médica
Evite o sol entre as 10 horas e 16 horas
Mulheres: amamentem seus filhos
Previna-se de doenças sexualmente transmissíveis através de métodos de barreira(camisinha)
Pratique uma fé religiosa ou outra forma de espiritualização
Seja feliz!
Perguntas que você pode fazer ao seu médico
Uma doença descoberta na sua fase pré-clínica pode regredir?
Existe algum teste genético que diga se algum dia eu terei câncer?
Exames Complementares no Diagnóstico do Câncer
A anamnese e o exame físico são a base do diagnóstico clínico e constituem os elementos orientadores da indicação de exames complementares.
São múltiplas as finalidades dos exames complementares na área da oncologia. A solicitação destes exames visa a avaliar o tumor primário, as funções orgânicas, a ocorrência simultânea de outras doenças e a extensão da doença neoplásica (estadiamento). Além disso, os exames complementares são indicados para detecção de recidivas, controle da terapêutica e rastreamento em grupos de risco. Os exames utilizados para diagnosticar e estadiar o câncer são, na maioria, os mesmos usados no diagnóstico de outras doenças. Assim é que os exames laboratoriais, de registros gráficos, endoscópicos e radiológicos, inclusive os ultra-sonográficos e de medicina nuclear, constituem meios pelos quais se obtêm a avaliação anatômica e funcional do paciente, a avaliação do tumor primário e suas complicações loco-regionais e à distância.
Alguns tumores se caracterizam pela produção de substâncias, cuja dosagem é usada como meio diagnóstico, como parâmetro de estadiamento, como controle da terapêutica e como fator prognóstico. Essas substâncias são conhecidas como marcadores tumorais. Os principais marcadores de valor clínico reconhecido e os tumores a que correspondem estão relacionados no quadro a seguir. É necessário ressaltar que, dependendo da dosagem desses marcadores, eles podem ser interpretados como de resultado normal, suspeito ou patológico.

Alguns marcadores tumorais de valor clínico reconhecido

MarcadorProblemas Específicos
Antígeno carcinoembrionárioTumores do trato gastrintestinal
Alfa-fetoproteínaTumor do fígado, tumores embrionários
Gonadotrofina coriônicaTumores embrionários e placentários
TirocalcitoninaCarcinoma medular de tiróide
Beta-2- MicroglobulinaMieloma múltiplo e linfoma maligno
CA 125Carcinoma de ovário
CA 15-3Carcinoma de mama
CA 19-9Carcinoma de pâncreas, vias biliares e tubo digestivo
CA 72-4Carcinoma de estômago e adenocarcinoma mucinoso de ovário
HTGCarcinoma de tireóide
PAPCarcinoma prostático
PSACarcinoma prostático
SCCCarcinoma epidermóide do colo uterino, cabeça e pescoço, esôfago e pulmão
TPACarcinoma de bexiga
Indicação Criteriosa de Exames Complementares
Deve-se avaliar cuidadosamente uma série de fatores antes da solicitação dos exames complementares, pois a realização de múltiplos exames não significa, obrigatoriamente, maior acerto diagnóstico. Verifica-se, freqüentemente, uma solicitação excessiva de exames, o que acarreta aumento dos custos da assistência à saúde. Deve-se notar também que, ao contrário da opinião corrente, o fato de um serviço dispor de aparelhos sofisticados não significa, necessariamente, que o padrão da assistência prestada seja superior.

Relacionam-se a seguir alguns exemplos de equívocos freqüentemente cometidos com relação a exames complementares:• solicitação de cintilografia hepatesplênica para detecção de metástases hepáticas, quando este exame não tem valor diagnóstico para esta finalidade.
• solicitação de seriografia esôfagogastroduodenal, em lugar de duodenopancreatografia, para avaliação de tumor de cabeça de pâncreas.
• solicitação de exame ultra-sonográfico de abdômen que apresenta drenos, feridas abertas, suturas recentes etc., já que estas condições invalidam o exame.
• indicação de procedimento invasivo para avaliar a ressecabilidade de tumor, quando o caso não tem indicação de tratamento cirúrgico.
• solicitação, no mesmo caso, tanto de ultra-sonografia como de tomografia computadorizada do abdômen para detectar metástases hepáticas, quando um só desses exames é suficiente para alcançar tal finalidade.

É importante lembrar que, conforme já mencionado, os exames devem ser solicitados de acordo com o comportamento biológico do tumor, ou seja, o seu grau de invasão e os órgãos para os quais ele origina metástases, quando se procura avaliar a extensão da doença.

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