terça-feira, 6 de setembro de 2011

Aprendendo com Chico Xavier

Na Prática da Solidariedade

Corria o ano de 1928, Francisco Cândido Xavier estava nac reunião do Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, quando algumas pessoas chegaram pedindo socorro para um mendigo cego que, sendo guiado por um companheiro embriagado, caira de um viaduto, de uma altura de quatro metros. O cego sem ninguém, pois o guia tinha sumido, vertia sangue pela boca.

 Chico atendeu imediatamente e, mesmo sendo muito pobre, alugou pequeno pardieiro, a fim de abrigar o doente, que foi atendido, gratuitamente, por caridoso médico. Trabalhando no comércio, o médium ficava junto ao mendigo à noite, porém o enferemo precisava ser assistido durante o dia. Chico Xavier providenciou a publicação de um apelo em pequeno jornal da cidade, de circulação semanal, rogando a presença de alguém que pudesse atender ao cego Cecílio, durante o dia. Poderioa ser espírita, católico, ateu, não importava.
Decorridos seis dias e nada. Nenhum voluntário se apresentou. Entretanto, no final da semana, duas meretrizes, muito conhecidas na cidade, se apresentaram, dizendo àquele jovem espírita: - Chico, lemos o pedido e aqui estamos. Se pudermos servir... - Ah! Como não? Entrem, irmãs! Jesus há de abençoar-lhes a caridade. Todas as noites, antes de sair, elas oravam com o Chico, perto do enfermo. Um mês depois o velhinho estava restabelecido e feliz. Reuniram-se, pela última vez, em prece de agradecimento a Jesus. Quando Chico Xavier terminou a oração, os quatro choravam. - Chico - disse uma das mulheres - a prece modificou a nossa vida. Estamos a despedir-nos. Mudamo-nos para Belo Horizonte, a fim de trabalhar. Uma foi servir numa tinturaria; a outra conquistou o título de enfermeira.
 (do livro "Lindos Casos de Chico Xavier", de Ramiro Gama).

Dívida e Resgate Uma das cunhadas do Chico teve um filho anormal. Braços e pernas atrofiadas. Os olhos, cobertos por uma espessa névoa, mantinham-no mergulhado na mais completa escuridão. Inspirava medo às pessoas que o viam. Era tão deformado que a mãe ao vê-lo teve um choque e foi internada num hospital de doentes mentais.
O Chico ficou com o sobrinho. Cuidar dele não era fácil. Medicá-lo, banhá-lo e aplicar-lhe um clister diariamente.
O menino não deglutia e para alimentá-lo, o Chico tinha que formar uma pequena bola com a comida, colocar em sua garganta e empurrar com o dedo. Isto, durante doze anos aproximadamente. Quando o sobrinho piorava, o Chico rezava muito para que ele não desencarnasse.
Já o amava como um filho. Um dia o Espírito Emmanuel lhe disse: _ Ele só vai desencarnar quando o pulmão começar a desenvolver e não encontrar espaço. Aí, então, qualquer resfriado pode se transformar numa pneumonia e ele partirá.
Quando estava próximo dos doze anos, foi acometido de uma forte gripe e começou a definhar. Na hora do desencarne, seus olhos voltaram a enxergar. Ele olhou para o Chico e procurou traduzir toda a sua gratidão naquele olhar. Emmanuel, presente, explicou: _ Graças a Deus. É a primeira vez, depois de cento e cinquenta anos, que seus olhos se voltam para a luz. As suas dívidas do passado foram liquidadas. Louvado seja Jesus.
 (do livro "Chico, de Francisco, de Adelino da Silveira, Ceu, 1987).

 A Bênção da Chuva Na tarde de 28 de março de 1981, chovia muito em Uberaba. Pacientemente, Chico esperava que o aguaceiro passasse. A copa frondosa do abacateiro oferecia precário abrigo para todos os que ali nos reuníamos ávidos por aprender. A reportagem do programa "Fantástico", da TV Globo, do Rio de Janeiro, filmava tudo de dentro de um carro de aluguel. Como sempre, várias caravanas de diversos Estados, estavam presentes, notadamente de Curitiba, Paraná. A chuva amaina e o Sr. Weaker convida-nos ao início da reunião na Vila dos Pássaros Pretos. A prece, como de hábito, é proferida pelo prof. Thomaz.
Chico toma a palavra e explica que o culto se divide em duas partes: a primeira, dos comentários em torno de uma página do Evangelho; a segunda, "o encontro com os amigos que nos hospedam...". "O Evangelho Segundo o Espiritismo" convida-nos a examinar o cap. 25, "Buscai e Achareis".
Cada companheiro convidado aos comentários por orientação de Chico, não deve exceder ao tempo de quatro minutos, "para que tenhamos um maior número de opiniões em torno do texto lido".
Uma confreira, fazendo uso da palavra, observa que "é pelo trabalho que caminhamos rumo à conquista do amor"; alguém assinala que o trabalho, conjugado à oração, constitui excelente antídoto contra a tentação; por nossa vez, acentuamos que o trabalho longe de ser uma expiação, é uma bênção de Deus.
Gasparetto, também presente à tarefa, destaca o trabalho como terapia; D. Zibia Gasparetto, médium de psicografia que todos admiramos, adverte-nos para o trabalho de nos conhecermos intimamente; Langerton, o amigo de Peirópolis, diz que "o trabalho é a nossa âncora"; Márcia comenta que o "ajuda-te" é mensagem para que tenhamos iniciativa própria e que "o céu te ajudará" traduz a confiança que devemos depositar na providência divina... Apesar da chuva, os nossos irmãos carentes, entre eles muitas crianças e velhinhos, não arredaram o pé da fila que daí a instantes seria beneficiada com os óbulos da fraternidade, numa demonstração eloquente de que ali estão por necessidade e não por ociosidade, como divulgam alguns adversários da caridade.
 Agora, era chegado o grande momento: Chico Xavier, inspirado por Emmanuel, ia falar. Apesar de completamente ensopados, inclusive o Chico molhara-se um pouco, procuramos colocar-nos na máxima condição de receptividade para ouvir.
Aos beijos do sol, um arco-íris emoldura o templo da natureza. Chico fala: "Estamos aqui reunidos, sob a chuva, para nos conhecer com mais segurança. Estamos numa hora de confrontação...Quantos não gostariam de estar trabalhando sob a chuva? Quantos enfrentam o problema da terra ressequida? A calamidade da seca é comparável a dos terremotos. Há mais de dois anos não chovia em sete Estados da Federação.
Em João Molevade, Minas Gerais, centenas de operários lidam com o aço em fogo, nas grutas. Eu conheço moças que trabalham em boates para sustentar mães que estão em sanatórios. ...os que trabalham no clima da calúnia, em busca do numerário para obtenção do pão de cada dia... Nós não vamos esquecer essa chuva como lição-advertência.
Hoje vamos retornar aos nossos lares com um conhecimento mais amplo de uns para com os outros... Pela primeira vez, há quinze dias, aconteceu um desastre com algumas companheiras nossas quando retornavam a São Paulo, após orarmos no Grupo Espírita da Prece.
Muitos, certamente, irão falar...Mas estarão se esquecendo de agradecer os milhares de reuniões, dos dias em que não houve nada... A chuva é uma amiga que também veio enfeitar o nosso culto, para termos a sensação dos que estão debaixo das pontes, dos casebres, dos andarilhos...Esta, ao meu ver - encerrou o Chico - é a nossa maior lição desta tarde". Sim, não havia o que reclamar.
E a chuva, na voz de Chico Xavier, transformara-se em lição. A água das nuvens lavara-nos o exterior, mas a água dos Céus carreara, com o enxurro, mais alguns dos detritos que enodoam as nossas almas.
(Do livro "Chico Xavier, à Sombra do Abacateiro", de Carlos Baccelli).

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