ACONSELHAMENTO PRÉNATAL
Muitas das mulheres, no decurso da gravidez, já tomaram uma decisão quanto ao tipo de alimentação que desejam para os seus filhos. Isto não impede, no entanto, que uma grande parte delas tenha dúvidas, incertezas, ou se mostrem ambivalentes. Nalguns casos essa decisão só é feita para o final da gravidez, sendo nesta altura que todas se mostram mais sensíveis à informação sobre a amamentação e as suas particularidades e o aconselhamento se torna mais eficaz.É, actualmente, muito claro que o aleitamento materno é uma capacidade que se aprende, vulnerável a experiências negativas, desconhecimento ou falta de apoio. O aconselhamento em amamentação deverá ser parte importante do seguimento pré natal, já que as dúvidas, as preocupações, as ansiedades são normais.
É, atualmente, muito claro que o aleitamento materno é uma capacidade que se aprende, vulnerável a experiências negativas, desconhecimento ou falta de apoio. O aconselhamento em amamentação deverá ser parte importante do seguimento pré natal, já que as dúvidas, as preocupações, as ansiedades são normais.
Parece não ser muito importante a abordagem do aleitamento materno muito precocemente na gravidez, sendo mais importante fazê-lo no último trimestre, quando a grávida está mais receptiva. Também a utilização de materiais de apoio, escritos e ilustrados, sendo útil para aumentar os conhecimentos da mulher sobre a amamentação, parece pouco contribuir para a decisão de amamentar.
A abordagem pré-natal deverá incluir uma avaliação dos conhecimentos e convicções sobre o aleitamento materno, das experiências anteriores de aleitamento, e identificar problemas e necessidades susceptíveis de intervenção futura. Deverão ser abordadas questões relacionadas com a anatomia e fisiologia da lactação, o período pós parto imediato, o posicionamento e a pega correctos, os problemas mais comuns, a manutenção do aleitamento materno (e particularmente o retorno ao emprego). Igualmente, deverão ser fornecidas informações sobre os apoios profissionais e institucionais disponíveis para a resolução de problemas concretos.
A possibilidade de poder conversar sobre estes temas é uma forma eficaz de aumentar o sucesso do aleitamento materno1.
Esta abordagem da grávida, como sempre, deve ser feita usando os seus conhecimentos e as suas competências de comunicação e aconselhamento, tendo sempre presente a necessidade de não evidenciar juízos de valor quanto às crenças e afirmações dela. Na recolha de informação de uma forma mais eficaz poderá usar um formulário de história de amamentação.
Deverá ser feita, então, uma História da Amamentação que deverá ser registada no processo clínico da mulher, e, tal como toda a outra informação da gravidez, acompanhá-la aquando da transição para outras instituições.
1. Saúde materna
2. Alergias maternas e familiares
3. Mamas e mamilos
3.1.Cirurgias, Doenças
4. História prévia de Amamentação
4.1. Duração do aleitamento materno exclusivo de cada filho
4.2. Problemas iniciais (dor, mastite, bebé adormecido?)
4.3. Outros problemas (trabalho, desmame?)
4.4. Apoio recebido
4.5. História familiar de aleitamento materno
5. Gravidez actual
5.1. Conhecimentos da mãe
5.2. Preocupações da mãe
5.3. Planos para utilização de leites artificiais
O tamanho, a forma ou a simetria das mamas, antes da gravidez, têm pouco a ver com a capacidade de amamentar. A maior contribuição para a variação de tamanho das mamas é da gordura que rodeia o tecido mamário mas não tem qualquer papel na produção de leite.
Com o decorrer da gravidez as mamas sofrem alterações, ficando maiores e mais pesadas, e a área à volta do mamilo (aréola) fica mais escura e mais sensível, como consequência da preparação para a produção de leite. Algumas mulheres poderão apresentar uma pele mais sensível, o que não tem importância para o aleitamento materno, e irá resolver-se espontaneamente nas primeiras semanas após o parto. O crescimento das mamas durante a gravidez é um bom indicador de que se estão a preparar para produzir leite
Não é necessário fazer nada de especial para preparar as mamas para a amamentação, tal como massagens com cremes, fricções ou expressão de colostro. Nem é necessário "endurecer" os mamilos.
Deve ser aconselhada a lavagem das mamas com água sem sabão (para não remover os óleos naturais da sua pele), durante a higiene diária, e a utilização de um soutien confortável, não apertado.
Algumas vezes os mamilos podem ser pequenos (mamilos rasos) ou até parecerem "puxados" para dentro (mamilos invertidos) parecendo não terem tamanho para o bebê poder mamar bem, para fazer uma boa pega. Na maior parte das vezes, estas configurações não acarretam problemas para o bebê mamar (o bebê mama no peito não no mamilo), podendo apenas e esporadicamente dificultar nos primeiros dias. O exame e tratamento dos mamilos rasos ou invertidos não é recomendado. Este tipo de práticas são ineficazes ou até associadas com um impacto negativo na amamentação.Os implantes de silicone não impedem ou interferem com o aleitamento materno e não têm impacto no bebê. Igualmente, no caso de redução mamária, a maior parte das mulheres consegue amamentar. No entanto, pode ser possível que nos primeiros dias após o parto seja necessário ajuda devido a alguma dificuldade de produção de leite. Neste caso, a amamentação frequente, sem restrições e horários, permite aumentar a quantidade de leite, evitando leites artificiais que impedirão uma maior estimulação das mamas.
O que pode fazer:
- Nas visitas pré natais explique à grávida, com tempo, as vantagens do aleitamento materno e os inconvenientes do aleitamento artificial.
- Ajude a mulher a entender que: Todas as mulheres que têm um parto podem produzir leite, a menos que sofram a retenção de algum fragmento da placenta; A maior parte das mulheres consegue amamentar exclusivamente durante 6 meses, e manter a amamentação após a introdução de alimentos sólidos pelo tempo que quiserem; O tamanho das mamas e a forma dos mamilos não têm importância para o sucesso do aleitamento materno; A preparação das mamas e dos mamilos, durante a gravidez, não é necessária.
- Encoraje a mulher a falar das preocupações, dúvidas e expectativas sobre o aleitamento materno e a maternidade, e converse com ela sobre isso.
- Dê particular atenção a mulheres jovens, sozinhas, com experiências anteriores negativas ou com outro tipo de necessidades especiais.
- Evite um controlo excessivo de uma gravidez sem problemas, o que pode contribuir para perda de confiança e insegurança, e afetar negativamente o sucesso da amamentação.
- Explique a importância das primeiras horas após o parto para o estabelecimento de um aleitamento materno com sucesso.
- Explique, de forma breve e simples, como funciona o aleitamento materno. Saliente a importância de uma boa pega e da amamentação a pedido.
- Ajude a mulher a ficar confiante que possíveis dificuldades com o aleitamento materno serão resolvidas, com sucesso, em 99% dos casos.
- Ajude a compreender que: Amamentar não é mais cansativo que alimentar com biberão. Pode funcionar como uma técnica anti stress: tanto a mãe como o bebê retiram conforto da amamentação; O aleitamento materno é mais prático que o uso de biberões: está sempre disponível, é fácil de transportar, é mais higiênico; O aleitamento materno é a forma mais moderna de alimentação.
- Fale com a mulher sobre a experiência anterior de amamentação, e se teve dificuldades, ajude a perceber porquê.
- Aconselhe a procurar apoio junto dos profissionais de saúde, de grupos de apoio ou amigas que tenham amamentado e a informar-se em livros, encontros, em sítios na Internet, como este.
- Aconselhe a discussão com o companheiro e a família.
- Identifique situações e motivos que possam dificultar a amamentação e procure ajudar a preveni-las ou resolvê-las.
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