quinta-feira, 14 de março de 2013

10 Razões para atender ao choro de uma criança


1. As primeiras tentativas de comunicação do bebê são não-verbais. O bebê não é capaz de expressar sua alegria em palavras, então sorri. Ele não pode expressar em palavras sua tristeza ou raiva, mas chora. Se for atendido quando sorri, mas não quando chora, corre o risco de entender que só é amado e cuidado quando está alegre. Crianças que são tratadas assim ao longo dos anos não se sentem verdadeiramente amadas e aceitas.

2. Se as tentativas de uma criança mostrar tristeza ou raiva forem rotineiramente ignoradas, ela não conseguirá aprender a expressar esses sentimentos em palavras. O choro precisa ser atendido de forma positiva e apropriada para que a criança perceba que todos os seus sentimentos são aceitos. Se os seus sentimentos não forem aceitos e o choro for ignorado ou punido, ela entende que sua tristeza e raiva são inaceitáveis, independentemente de como sejam expressos. Será impossível para a criança perceber que a expressão da raiva e da tristeza em palavras apropriadas deve ser aceita, quando ela tiver idade e capacidade para usar essas palavras. A criança se comunica do modo como é possível para ela em determinada fase; ela não pode fazer algo que ainda não teve a oportunidade de aprender. A criança dá o melhor de si, de acordo com sua idade, experiência e circunstâncias imediatas. É injusto punir uma criança por não ter feito mais do quê ela é capaz.

3. Uma criança que aprendeu que seus pais só a atendem quando ela é “boazinha”, vai aprendendo a esconder dos outros, e até de si mesma, seus comportamentos “maus” e sentimentos “ruins”. Quando adulta, irá negar os sentimentos “ruins”, e será incapaz de comunicar toda a gama de sentimentos humanos. Na verdade, muitos adultos têm dificuldade em expressar raiva, tristeza ou outros sentimentos “maus” de um modo apropriado.

4. A raiva que não pode ser expressa na infância não desaparece por si só. Ela é reprimida e se acumula no decorrer dos anos, até que a criança não agüente mais contê-la e tenha idade suficiente para não temer mais o castigo físico. Quando finalmente esse reservatório de raiva explode, os pais ficam assustados e perplexos. Eles esqueceram as centenas ou milhares de frustrações que foram sendo acumuladas ao longo dos anos. O princípio psicológico de que “a frustração leva à agressão” é claramente exemplificado na revolta do adolescente. Precisamos ajudar os pais a entender o quanto é frustrante para a criança sentir-se “invisível” quando seu choro é ignorado, e como se sente desamparada quando os pais punem ou ignoram tentativas de expressar suas necessidades ou emoções.

5. Todos nascemos sabendo que cada um de nossos sentimentos é legítimo. Perdemos aos poucos esse sentido quando apenas o nosso lado “bom” obtém uma resposta positiva. Isso é trágico, pois somente quando aceitamos a nós mesmos e aos outros, independentemente de nossos erros, podemos ser verdadeiramente amorosos. Se não formos totalmente amados e aceitos na infância, não poderemos saber como alguém se sente assim, e não seremos capazes de comunicar isso aos outros, por mais leitura, reflexão e psicoterapia que possamos fazer. Nossas vidas seriam bem mais fáceis se tivéssemos simplesmente recebido amor incondicional durante nossos primeiros anos de vida!

6. Pais que se perguntam se devem ou não atender ao choro do filho deveriam pensar um pouco em sua própria reação em situações semelhantes. Os pais podem achar certo ignorar o choro do filho, mas ficam muito bravos se o cônjuge ignorá-lo quando ele ou ela quer estabelecer um diálogo. Em nossa sociedade, muita gente acha que o indivíduo só tem direito a ser ouvido a partir de uma certa idade. Mas que idade seria essa? Bebês e crianças não são menos gente só porquê são pequenos e indefesos. Se não por outro motivo, quanto mais indefesa uma pessoa mais ela deveria merecer nossa compaixão, atenção e cuidados.

7. Se as crianças aprendem com o exemplo dos pais que pessoas indefesas merecem ser ignoradas, elas podem perder sua compaixão inata por outros seres humanos. Se quando eram crianças indefesas tiveram seu choro ignorado, irão acreditar que esse é o modo certo de agir em relação aos mais fracos: “quem tem a força, tem a razão”. Sem compaixão, prepara-se o cenário para a violência futura. Quem se pergunta o porquê de um criminososo violento não ter piedade de suas vítimas, precisa imaginar onde foi que ele perdeu sua compaixão. A compaixão não some de um dia para o outro. Ela é subtraída, gota a gota, por pais indiferentes ou punitivos, até desaparecer completamente. A perda da compaixão é a maior desgraça que pode se abater sobre uma criança.

8. A criança que aprende pelo exemplo dos pais que ignorar o choro de um filho é correto, naturalmente vai tratar do mesmo modo seus próprios filhos, a menos que alguém intervenha. Os cuidados parentais inadequados passam de uma geração a outra até que alguma circunstância feliz mude esse quadro. Mas as tarefas de pai e mãe são bem mais fáceis para quem aprendeu na infância como tratar os filhos! Talvez o ciclo de maus cuidados parentais seja interrompido quando as pessoas começarem a parar na rua para intervir quando presenciarem a cena de uma criança sendo humilhada. Talvez isso represente para aquela criança a primeira vez em que seus sentimentos foram considerados legítimos e importantes, e essa mensagem crucial será lembrada mais tarde, quando ela mesma tiver um filho.

9. Chorar é um sinal designado pela natureza para perturbar os pais de modo que as necessidades da criança sejam atendidas. Ignorar o choro do bebê é como ignorar um alarme de incêndio porque o seu ruído é desagradável. Esse sinal tem o objetivo de nos perturbar para que prestemos atenção em algo importante. Só uma pessoa surda ignora o alarme de incêndio, mas muitos pais se fazem de surdos quando seus filhos choram. O choro, como o alarme de incêndio, tem por objetivo chamar nossa atenção para que cuidemos de necessidades importantes da criança. Não faz sentido imaginar que a natureza teria dado a todas as crianças um sistema de alarme que não serve para nada.

10.. Pais que só reagem a comportamentos “bons” podem acreditar que estão ensinando a criança a se comportar “melhor”. Mas eles mesmos são mais propensos a colaborar com pessoas que os tratam com delicadeza. É como se as crianças pertencessem a uma espécie diferente, que funciona com outros princípios de comportamento. Isso não faz sentido, porque seria impossível saber em que momento a criança passa para o modo “adulto” de ser. A verdade é bem mais simples: crianças são seres humanos que se comportam do mesmo modo que todos os outros seres humanos. Como todos nós, eles reagem melhor à delicadeza, paciência e compreensão. Os pais que não entendem porquê o filho é “mau-comportado” deveria perguntar a si mesmos: “Eu tenho vontade de obedecer quando alguém que me trata bem, ou quando alguém me trata do modo como acabei de tratar meu filho?”

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FONTE: http://www.facebook.com/solucoes.noites.sem.choro

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