quinta-feira, 14 de março de 2013

Amamentação Artificial - Cuidado com a Mamaderia



“Nesta pesquisa procurou-se alertar sobre o uso indiscriminado de bicos e mamadeiras como substitutos do aleitamento materno, com suas principais consequências. A criança que é alimentada através da mamadeira tem a tendência em introduzir o dedo na boca, como uma necessidade de exercitar a musculatura. A sua satisfação de fome é mais imediato, visto não ter a necessidade de fazer esforço ao sugar o bico da mamadeira, cujo orifício goteja mais rápido. O aleitamento materno é considerado uma questão de saúde pública e todos os sistemas sanitários do mundo reconhecem as vantagens da lactação. Inúmeras ações vêm sendo desenvolvidas para estimular cada vez mais o aleitamento materno. Além de satisfazer a fome do bebê e trazer o prazer oral, um dos pontos relevantes na amamentação é que o bebê começa a exercitar e fortalecer seus órgãos fonoarticulatórios (lábio, língua, bochechas, palato duro e mole e dentes) que serão importantes para o início da produção dos sons da fala.

A amamentação satisfaz muito mais que a mamadeira a necessidade de sucção do recém-nascido, sugando no seio materno a quantidade necessária. Neste momento ocorre a vantagem de manter um vínculo mãe x bebê, transmitindo carinho, segurança, amor e alimento. Durante a amamentação artificial, Gomes; Proença; Limongi (1994), afirmam que a criança coloca todo o bico da mamadeira na boca, ocupando todo o espaço bucal impedindo a sucção anterior e projetando a língua, o trabalho realizado pela criança para retirar o leite da mamadeira é apenas o trabalho posterior de pressionamento do bico. Quando o furo do bico ainda é aumentado para líquidos ralos, grande quantidade é derramada na boca da criança, fazendo com que ela adquira má postura de língua na deglutição, protuindo-a para não deixar escoar o líquido, uma vez que, a cavidade bucal fica repleta de líquido e os lábios podem estar hipofuncionante devido à falta de trabalho anterior.


As autoras completam que como existe uma grande quantidade de líquido no espaço oral, não sobra lugar para a sua atuação adequada na sucção e deglutição. Nestes casos, não há exercitação adequada da musculatura anterior, levando à alteração de tono, mobilidade, propriocepção e manutenção de posturas incorretas. Moresca & Feres (1994) acrescentam que durante o aleitamento materno, a língua e o lábio inferior se encontram em contato constante. Porém, quando a criança é alimentada na mamadeira com bico convencional, este cobre o dorso da língua, evitando que se aproxime do palato.

Algumas desvantagens da amamentação artificial, além destas descritas são: 


  • Risco de contaminação do leite; 
  • Preparo inadequado das mamadeiras; 
  • Digestão mais lenta e difícil; 
  • Fatores de ordem psicológica; 
  • O aleitamento artificial não fornece, como o leite humano, anticorpos, para defesa contra infecção.

Garliner (1974) faz uma comparação entre o mamilo e o bico artificial, revelando três significantes diferenças: o comprimento do bico, a velocidade do fluxo e a área em relevo circundando o bico. Estes fatores são altamente importantes, pois ocasionarão o equilíbrio muscular facial normal ou anormal. Vejam como fica a boca do bebê quando é amamentado no peito e quando é amamentado na mamadeira:



Segundo Varela (1986), há um problema com os bicos artificiais, pois quando o bebê mama no peito suga com força e ao mesmo tempo com a língua, comprimindo a auréola da frente para trás. No entanto, se usa a mamadeira, não precisa de tanta força para sugar e apenas empurrando o bico contra o palato obtém leite abundante. Mas o inconveniente vem depois, o bebê acostumado com o movimento da língua no bico da mamadeira, acaba recusando o peito, que lhe daria um pouco mais de trabalho.

O seio é o meio de contato entre a mãe e a criança. O relacionamento afetivo se faz através do contato boca com os mamilos e pelo aconchego produzido pelos braços maternos (Santos, 1981). Sugar no seio materno é um exercício vital para o correto crescimento das estruturas ósseas e musculares da face do bebê, interferindo de forma positiva o posicionamento dos dentes na fala e respiração.
Junqueira (2000) acrescenta que o recém-nascido tem a mandíbula pequena e retraída. Desta maneira, os movimentos que ele realiza, com a mandíbula e músculos da face, para extrair o leite materno favorece e são os grandes responsáveis pelo crescimento da mandíbula, proporcionando uma posição ideal para o surgimento dos dentes.
Conforme Guerreiro (1990), a sucção no seio materno exige esforço, caracterizando uma verdadeira ordenha, exercitando a neuromusculatura facial. Caso a amamentação seja artificial (mamadeira) ocorre falta de exercício e como resultado os ossos e músculo da face não se desenvolvem satisfatoriamente.
Para saber como funcionam a:


SUCÇÃO
Inicialmente é um ato reflexo que inicia-se a partir do quinto mês de vida intra-uterina e vai até o quarto mês de vida. A boca do recém-nascido é altamente sensível ao tato, permitindo reconhecer objetos entre eles o mamilo materno. O recém-nascido possui um retrognatismo da mandíbula para Tanigute (1998), fisiologicamente a criança que é amamentada no seio materno movimenta a mandíbula para frente e para trás. Deste modo ocorre a exercitação da mandíbula, musculatura orofacial, bochecha, lábios e da língua.


DEGLUTIÇÃO
A deglutição possui como principal função a propulsão do alimento da boca para o estômago. Servindo como meio de proteção das vias respiratórias e digestivas. A deglutição infantil é caracterizada pela posição da língua entre as gengivas, contração da musculatura facial, guiada pela relação sensorial entre lábios e língua. Com o desenvolvimento das estruturas estomatognáticas obteremos o amadurecimento da deglutição. Neste tipo de deglutição os dentes encontram se em oclusão, a mandíbula é estabilizada pelas contrações dos músculos elevadores da mandíbula, a língua melhor se posiciona e os lábios se ocluem.

Para Braga & Machado (1994), a deglutição é dividida didaticamente em fase bucal, faríngea e esofágica. Quando o bebê consegue certo volume de leite sugado do seio materno, a língua começa então a deslocar-se da frente para trás, em movimentos ondulatórios. Ocorrendo, assim a elevação do palato mole e o bolo lácteo são dirigidos à faringe. Esta movimentação é muito importante para a exercitação da musculatura e par o correto crescimento da mandíbula (Gomes, 1994).


MASTIGAÇÃO
A mastigação é uma função aprendida e depende de inúmeros fatores. Consegue ser aprendida com o aumento do espaço intra-oral, erupção dos primeiros dentes e maturação do sistema nervoso central. Bianchini (1998) divide o processo mastigatório em fase de incisão, trituração e pulverização. O bebê necessita sugar para desenvolver suas estruturas orais, ele posteriormente, necessitará mastigar para continuar este desenvolvimento e amadurecimento.

FALA

Função executada com órgãos de outros sistemas do organismo como o respiratório e o digestivo. De acordo com Augustoni (1986), as funções reflexo-vegetativos, da respiração, sucção, mastigação e deglutição são consideradas pré-lingüísticas, ou seja, as funções que preparam os mecanismos da linguagem articulada que utilizam a mesma neuro-musculatura.
Para finalizar as funções estomatognáticas,Tanigute (1998), afirma que a face necessita de estímulos genéticos e estímulos externos para o seu desenvolvimento. Estes estímulos são oferecidos naturalmente pelas funções: respiração, sucção (amamentação), mastigação e deglutição Garliner (1974) relata que o uso da mamadeira (bico artificial) proporciona o surgimento da respiração bucal e de interposição lingual, pois esta se movimenta para frente com o objetivo de deter o fluxo de líquido.
Este achado vai de encontro com Lino (1990), alertando para o fato de que o emprego de mamadeiras inadequadas quando do aleitamento artificial, reduz o número de sucções do bebê, levando a um não treinamento correto da deglutição com a possibilidade de ocorrência de desvios da posição da língua e instalação da deglutição atípica. Para Altmann (1990), deglutição atípica caracteriza-se por qualquer desvio do padrão normal do adulto de deglutição, podendo ser definido como o pressionamento da língua contra as superfícies lingual dos dentes incisivos e caninos ou a protrusão desta entre os dentes da arcada superior e inferior durante o repouso e o ato de deglutir.
Os movimentos realizados durante a amamentação, estimulam o crescimento da mandíbula e a respiração nasal, posicionando adequadamente a língua na cavidade intra-oral (Lemos & Nicola, 1999). A carência ou excesso de força, hipertrofia ou paralisia da língua acarretam defeitos não só estéticos como funcionais. (Beuttenmüller & Câmera, 1989).

Conforme Carvalho (1997), o principal meio de prevenção à Síndrome do Respirador Bucal seria amamentação, pois esta além de suprir as necessidades nutritivas e emocionais da criança faz com que esta desenvolva de maneira adequada as estruturas faciais e orais. Durante a amamentação a criança estabelece o padrão correto de respiração, mantém corretamente as estruturas orais facilitando a evolução do sugar para o mastigar. Ela não executa o simples movimento de “ordenha”, que são estímulos neurofuncionais para o correto desenvolvimento da musculatura perioral para estabelecer um bom vedamento labial, além de estímulos para o correto posicionamento mandibular corrigindo o retrognatismo natural após o nascimento.

Por fim, o leite materno é um alimento que possui de forma equilibrada todas as substâncias que o bebê necessita para seu crescimento e desenvolvimento, durante os seis primeiros meses de vida. Os componentes do leite materno variam ao longo da amamentação e estas modificações são necessárias para satisfazer as necessidades do bebê de acordo com a fase de vida em que o mesmo se encontra.
A lactação materna não só proporciona ao bebê o melhor alimento, como também contribui de maneira decisiva para o desenvolvimento físico e emocional do bebê. O leite materno é o mais completo alimento para o bebê, é econômico, não custa nada e sempre está limpo e pronto. Ele nunca é fraco e todas as mulheres podem produzi-lo em quantidade suficiente para alimentar o seu filho.
A amamentação é um ato de amor. A amamentação proporciona de forma ímpar uma estreita relação afetiva entre a mãe e o filho. A lactação estabelece um contato íntimo, físico e emocional.

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