terça-feira, 28 de novembro de 2017

Calígula

Calígula, como você deve saber, ganhou fama de ser um dos personagens mais cruéis, depravados e insanos de todos os tempos. Aliás, você já deve ter ouvido mais de uma história sinistra envolvendo esse antigo Imperador Romano — como os relatos de que ele supostamente cometia incesto com suas  irmãs, alimentava animais selvagens com seus prisioneiros e que ele tentou nomear seu cavalo, Incitatus, como cônsul.
Entretanto, existe muito debate sobre o que realmente é fato sobre a vida de Calígula — e o quão biruta ele era — e o que não passa de mito. Assim, confira a seguir o que se sabe sobre esse polêmico Imperador Romano, quais são algumas das barbaridades atribuídas a ele, e o que os historiadores têm a dizer com relação a tudo isso.

O que sabemos sobre Calígula?

Calígula nasceu no ano 12, em Antium — atual Anzio —, na Itália, e era um dos seis filhos do ilustre general romano Germanicus e de Agrippina Maior, que era ninguém menos que neta do primeiro imperador romano, Augusto.

Na verdade, seu nome era Gaius Julius Caesar Augustus Germanicus, mas Calígula ficou conhecido pelo apelido — que significa “Botinhas” — que recebeu dos legionários a serviço de seu pai, que achavam graça de vê-lo quando ainda era pequenino vestido de militar e usando “cáligas”, como eram chamadas as sandálias usadas pelos soldados.
Os problemas começaram quando Augusto, o Imperador, adoeceu e decidiu nomear Tibério, seu enteado, como sucessor. Nós já falamos um pouquinho sobre esse cara — pra lá de perverso — a realidade é que ele não era uma figura muito querida pelos romanos. Então, sabendo que a população não aceitaria muito bem sua decisão, Augusto convenceu Tibério a adotar Germanicus como filho e nomeá-lo como herdeiro.

Traumas familiares e ascensão

Quando Augusto faleceu, Tibério se tornou imperador e, rapidamente, despachou Germanicus em missões diplomáticas pelas províncias romanas. Só que o pai de Calígula acabou morrendo de forma estranha, levantando suspeitas de que ele teria sido assassinado — e Agrippina, furiosa, não pensou duas vezes antes de acusar Tibério de se livrar de seu marido por considerá-lo um perigoso rival.
O Imperador ordenou que Agrippina fosse aprisionada em uma ilha remota — onde ela morreu de fome — e mandou prender dois dos irmãos de Calígula, um que cometeu suicídio e outro que também morreu de inanição. “Botinhas”, que ainda era muito pequeno, foi enviado junto com suas irmãs para viver com a bisavó Lívia, esposa de Augusto, e permaneceu afastado da vida política até o ano 31, quando foi adotado por Tibério, o homem que causou todo esse drama familiar.
No fundo, Calígula odiava Tibério, mas, como no início ainda tinha um pouco de juízo, ele tratava o Imperador com respeito. Entretanto, todos os traumas vividos pelo jovem romano — assim como ter que suportar a ideia de ser “filho” de Tibério — acabaram por afrouxar alguns parafusos na cabeça de Calígula. Dizem que ele adorava assistir a torturas e execuções e passava suas noites em orgias malucas.
Calígula

Pois Tibério morreu no ano de 37, e Calígula, então com 24 anos, foi nomeado Imperador e começou seu governo com o pé direito: mandou libertar cidadãos presos injustamente, eliminou vários impostos e patrocinou inúmeros eventos públicos — como lutas com gladiadores, corridas de bigas e peças teatrais. No entanto, seis meses após assumir o posto, Calígula adoeceu e quase morreu. Foi a partir daí que as coisas começaram a degringolar.

O que dizem sobre Calígula?

Dizem que Calígula era meio esquisitão. Ele era alto, branquelo e, apesar de estar ficando calvo, tinha o corpo bastante peludo, o que o tornava alvo de muitas brincadeiras. Tanto que ele começou a punir com a morte qualquer um que falasse sobre cabras em sua presença. Além disso, Calígula se tornou incrivelmente paranoico e começou a exilar pessoas próximas a ele ou ordenar a sua morte.
Ele inclusive ordenou a execução de seu primo e filho adotivo — sim, as coisas eram um pouco diferentes na Roma Antiga —, Tibério Gemelo, e começou a declarar para todo mundo que ele era um deus. Calígula começou a aparecer em público vestido como várias divindades da época, como Hércules, Mercúrio, Júpiter, Apolo e até Vênus, a deusa do amor. O Imperador também mandou substituir as cabeças de deuses de vários templos por bustos seus.
Dizem ainda que Calígula mandou construir uma ponte entre seu palácio e o templo de Júpiter — para que ele pudesse visitar a divindade —, e que o Imperador costumava conversar com a Lua. Mas isso não era nada... Segundo alguns relatos, Calígula desenvolveu vários métodos de tortura horripilantes e transformou as sessões em espetáculos públicos. Ademais, ele adorava mutilar seus prisioneiros ou jogá-los para serem devorados por leões famintos.
Calígula seria um sádico cruel e lunático
Tem ainda a história envolvendo Incitatus, o amado cavalo que Calígula teria tentado nomear como cônsul e para quem mandou construir um estábulo de mármore equipado com uma manjedoura de marfim. O animal teria vários serventes ao seu dispor — e era alimentado com grãos misturados com flocos de ouro. Na verdade, existem listas e mais listas de barbaridades atribuídas a Calígula, e nós selecionamos três das mais escabrosas que circulam por aí:
  • Ele teria começado a praticar o incesto com suas irmãs ainda na adolescência, inclusive publicamente, e sua favorita era Drusilla. Pois a moça acabou ficando grávida e Calígula, com medo do nascimento do pequeno semideus, teria eviscerado a coitada para remover seu útero e o bebê. Depois da morte da irmã, o Imperador a transformou em divindade;
  • Certa vez, Calígula teria ordenado a morte de uma família inteira, mas, como a lei romana proibia que meninas virgens fossem executadas, ele primeiro obrigou a garota a assistir seus familiares serem torturados e mortos e, depois, fez com que o carrasco violentasse a coitada e mandou que ela fosse enforcada;
  • Calígula curtia a ideia de devorar os testículos de seus inimigos e, para isso, mandava que suas vítimas fossem amarradas de cabeça para baixo, e as mantinha nessa posição enquanto arrancava o órgão pouco a pouco a mordiscos.
Pois o comportamento cada vez mais insano de Calígula teria acabado por despertar a ira do povo e, pior, a do Senado. Então, no ano de 41, quando ele tinha apenas 28 anos de idade, um grupo de guardas o atacou, matando o jovem imperador insano com mais de 30 facadas.

O que os historiadores têm a dizer?


Ninguém parece discutir muito o fato de que Calígula realmente era meio biruta e que ele cometeu incontáveis atrocidades. Entretanto, muitos pesquisadores apontam que a maioria dos relatos mais horripilantes surgiram muito depois da morte do romano, como é o caso da prática de incesto com suas irmãs, ato descrito pela primeira vez por Suetônio, um historiador meio fofoqueiro, 80 anos após Calígula ser assassinado.
O assassinato de Calígula, quando ele tinha apenas 28 anos
Sêneca e Fílon, por outro lado, que foram contemporâneos a Calígula e não economizaram críticas ao Imperador, jamais mencionaram nada de relações incestuosas. Sobre seu comportamento errático, muitos historiadores parecem concordar que esse papo de que Calígula aterrorizava Roma com sua loucura — ordenando execuções públicas a torto e direito, falando com a lua ou nomeando seu cavalo para um cargo público — também é exagero.
O consenso é que, se Calígula tivesse sido tão terrível como dizem, ele teria sido afastado do poder rapidamente por sua conduta. Além disso, pelo menos por um período, ele foi apoiado e muito amado pela população de Roma, e não podemos nos esquecer que ele era um jovem sem qualquer experiência que teve o poder absoluto do maior Império da época colocado em suas mãos. Quem não gostava nada de seus excessos e suas extravagâncias era o Senado!
Existe ainda a teoria de que Calígula possivelmente sofria de vários problemas de saúde, entre eles o hipertireoidismo, a epilepsia e a Doença de Wilson, uma doença hereditária que pode provocar instabilidade mental. Isso sem falar na dramática infância do romano que, certamente, teria deixado qualquer um meio maluco.

Fonte:Megacurioso


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