quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Pai Nosso



Será inútil dizer:
Pai Nosso, se em minha vida não ajo
como um filho de Deus,
pois fecho meu coração ao amor.

Será inútil dizer:
que estais no céu,
se os meus valores são representados
pelos bens da Terra.

Será inútil dizer:
SANTIFICADO SEJA O vosso NOME,
se penso apenas em ser cristão por medo,
superstição ou comodismo.

Será inútil dizer:
VENHA a nós O vosso REINO,
se acho tão sedutora a vida aqui,
cheia de coisas supérfluas e futilidades.

Será inútil dizer:
SEJA FEITA A vossa VONTADE,
se, no fundo, desejo mesmo é
que os meus sonhos se realizem.

Será inútil dizer:
PERDOAI-NOS AS NOSSAS OFENSAS
ASSIM COMO NÓS PERDOAMOS
A QUEM NOS TEM OFENDIDO,
se não me importo em ferir, injustiçar,
oprimir e magoar os que se
atravessam no meu caminho.

Será inútil dizer:
E NÃO NOS DEIXAI CAIR EM TENTAÇÃO,
se escolho sempre o caminho mais fácil,
que nem sempre é o caminho de Cristo.

Será inútil dizer:
MAS LIVRAI-NOS DO MAL,
se por minha própria vontade procuro os
prazeres materiais e tudo o
que é proibido me seduz.
Também será inútil dizer
AMÉM,
porque sabendo que sou assim,
continuo me omitindo e nada faço para me modificar.

O que há de vir

Aquela que dormirá comigo todas as luas 
É a desejada de minha alma. 
Ela me dará o amor do seu coração 
E me dará o amor da sua carne. 

Ela abandonará pai, mãe, filho, esposo 
E virá a mim com os peitos e virá a mim com os lábios 
Ela é a querida da minha alma 
Que me fará longos carinhos nos olhos 
Que me beijará longos beijos nos ouvidos 
Que rirá no meu pranto e rirá no meu riso. 
Ela só verá minhas alegrias e minhas tristezas 
Temerá minha cólera e se aninhará no meu sossego 
Ela abandonará filho e esposo 
Abandonará o mundo e o prazer do mundo 
Abandonará Deus e a Igreja de Deus 
E virá a mim me olhando de olhos claros 
Se oferecendo à minha posse 
Rasgando o véu da nudez sem falso pudor 
Cheia de uma pureza luminosa. 
Ela é a amada sempre nova do meu coração 
Ela ficará me olhando calada 
Que ela só crerá em mim 
Far-me-á a razão suprema das coisas. 
Ela é a amada da minha alma triste 
É a que dará o peito casto 
Onde os meus lábios pousados viverão a vida do seu coração 
Ela é a minha poesia e a minha mocidade 
É a mulher que se guardou para o amado de sua alma 
Que ela sentia vir porque ia ser dela e ela dele. 

Ela é o amor vivendo de si mesmo. 
É a que dormirá comigo todas as luas 
E a quem eu protegerei contra os males do mundo. 

Ela é a anunciada da minha poesia 
Que eu sinto vindo a mim com os lábios e com os peitos 
E que será minha, só minha, como a força é do forte e a poesia é do poeta.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A Grande Voz

É terrível, Senhor! Só a voz do prazer cresce nos ares. 
Nem mais um gemido de dor, nem mais um clamor de heroísmo 
Só a miséria da carne, e o mundo se desfazendo na lama da carne. 

É terrrível, Senhor. Desce teus olhos. 
As almas sãs clamam a tua misericórdia. 
Elas crêem em ti. Crêem na redenção do sacrifício. 
Dize-lhes, Senhor, que és o Deus da Justiça e não da covardia 
Dize-lhes que o espírito é da luta e não do crime. 

Dize-lhes, Senhor, que não é tarde! 

Senhor! Tudo é blasfêmia e tudo é lodo. 
Se um lembra que amanhã é o dia da miséria 
Mil gritam que hoje é o dia da carne. 
Olha, Senhor, antes que seja tarde 
Abandona um momento os puros e os bem-aventurados 
Desvia um segundo o teu olhar de Roma 
Dá remédio a esta infelicidade sem remédio 
Antes que ela corrompa os bem-aventurados e os puros. 
Não, meu Deus. Não pode prevalecer o prazer e mentira. 
A verdade é o Espírito. Tu és o Espírito supremo 
E tu exigiste de Abraão o sacrifício de um filho. 
Na verdade o que é forte é o que mata se o Espírito exige. 
É o que sacrifica à causa do bem seu ouro e seu filho. 
A alma do prazer é da terra. A alma da luta e do espaço. 
E a alma do espaço aniquilará a alma da terra 
Para que a Verdade subsista. 

Talvez, Senhor meu Deus, fora melhor 
Findar a humanidade esfacelada 
Com o fogo sagrado de Sodoma. 

Melhor fora, talvez, lançar teu raio 
E terminar eternamente tudo. 
Mas não, Senhor. A morte aniquila - ao fraco a morte inglória. 
A luta redime - ao forte a luta e a vida. 
Mais vale, Senhor, a tua piedade 
Mais vale o teu amor concitando ao combate último. 

Senhor, eu não compreendo os teus sagrados desígnios. 
Jeová - tu chamaste à luta os homens fortes 
Tua mão lançou pragas contra os ímpios 
Tua voz incitou ao sacrifício da vida as multidões. 
Jesus - tu pregaste a parábola suave 
Tu apanhaste na face humildemente 
E carregaste ao GóIgota o madeiro. 
Senhor eu não os compreendo, teus desígnios. 

Senhor, antes de seres Jesus a humanidade era forte 
Os homens bons ouviam a doçura da tua voz 
Os maus sentiam a dureza da tua cólera. 
E depois, depois que passaste pelo mundo 
Teu doce ensinamento foi esquecido 
Tua existência foi negada 
Veio a treva, veio o horror, veio o pecado 
Ressuscitou Sodoma. 

Senhor, a humanidade precisa ouvir a voz de Jeová 
Os fortes precisam se erguer de armas em punho 
Contra o mal - contra o fraco que não luta. 
A guerra, Senhor, é em verdade a lei da vida 
O homem precisa lutar, porque está escrito 
Que o Espírito há de permanecer na face da Terra. 

Senhor! Concita os fortes ao combate 
Sopra nas multidões inquietas o sopro da luta 
Precipita-nos no horror da avalancha suprema. 
Dá ao homem que sofre a paz da guerra 
Dá à terra cadáveres heróicos 
Dá sangue quente ao chão! 

Senhor! Tu que criaste a humanidade. 
Dize-lhe que o sacrifício será a redenção do mundo 
E que os fracos hão de perecer nas mãos dos fortes. 
Dá-lhe a morte no campo de batalha 
Dá-lhe as grandes avançadas furiosas 
Dá-lhe a guerra, Senhor!

A Esposa

Às vezes, nessas noites frias e enevoadas 
Onde o silêncio nasce dos ruídos monótonos e mansos 
Essa estranha visão de mulher calma 
Surgindo do vazio dos meus olhos parados 
Vem espiar minha imobilidade. 

E ela fica horas longas, horas silenciosas 
Somente movendo os olhos serenos no meu rosto 
Atenta, à espera do sono que virá e me levará com ele. 
Nada diz, nada pensa, apenas olha - e o seu olhar é como a luz 
De uma estrela velada pela bruma. 
Nada diz. Olha apenas as minhas pálpebras que descem 
Mas que não vencem o olhar perdido longe. 
Nada pensa. Virá e agasalhará minhas mãos frias 
Se sentir frias suas mãos. 

Quando a porta ranger e a cabecinha de criança 
Aparecer curiosa e a voz clara chamá-la num reclamo 
Ela apontará para mim pondo o dedo nos lábios 
Sorrindo de um sorriso misterioso 
E se irá num passo leve 
Após o beijo leve e roçagante... 

Eu só verei a porta que se vai fechando brandamente... 
Ela terá ido, a esposa amiga, a esposa que eu nunca terei.

A brusca poesia da mulher amada

A mulher amada carrega o cetro, o seu fastígio 
É máximo. A mulher amada é aquela que aponta para a noite 
E de cujo seio surge a aurora. A mulher amada 
É quem traça a curva do horizonte e dá linha ao movimento dos 
astros. 
Não há solidão sem que sobrevenha a mulher amada 
Em seu acúmen. A mulher amada é o padrão índigo da cúpula 
E o elemento verde antagônico. A mulher amada 
É o tempo passado no tempo presente no tempo futuro 
No sem tempo. A mulher amada é o navio submerso 
É o tempo submerso, é a montanha imersa em líquen. 
É o mar, é o mar, é o mar a mulher amada 
E sua ausência. Longe, no fundo plácido da noite 
Outra coisa não é senão o seio da mulher amada 
Que ilumina a cegueira dos homens. Alta, tranqüila e trágica 
É essa que eu chamo pelo nome de mulher amada. 
Nascitura. Nascitura da mulher amada 
É a mulher amada. A mulher amada é a mulher amada é a mulher 
amada 
É a mulher amada. Quem é que semeia o vento? - a mulher amada! 
Quem colhe a tempestade? - a mulher amada! 
Quem determina os meridianos? - a mulher amada! 
Quem a misteriosa portadora de si mesma? A mulher amada. 
Talvegue, estrela, petardo 
Nada a não ser a mulher amada necessariamente amada 
Quando! E de outro não seja, pois é ela 
A coluna e o gral, a fé e o símbolo, implícita 
Na criação. Por isso, seja ela! A ela o canto e a oferenda 
O gozo e o privilégio, a taça erguida e o sangue do poeta 
Correndo pelas ruas e iluminando as perplexidades. 
Eia, a mulher amada! Seja ela o princípio e o fim de todas as coisas. 
Poder geral, completo, absoluto à mulher amada!

Soneto de carnaval

Distante o meu amor, se me afigura 
O amor como um patético tormento 
Pensar nele é morrer de desventura 
Não pensar é matar meu pensamento. 

Seu mais doce desejo se amargura 
Todo o instante perdido é um sofrimento 
Cada beijo lembrado uma tortura 
Um ciúme do próprio ciumento. 

E vivemos partindo, ela de mim 
E eu dela, enquanto breves vão-se os anos 
Para a grande partida que há no fim 

De toda a vida e todo o amor humanos: 
Mas tranqüila ela sabe, e eu sei tranqüilo 
Que se um fica o outro parte a redimi-lo.







Oxford, 1939.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Mães e Filhas


Mães são criaturas fascinantes... Por que não somos capazes de perceber isso antes??? Antes de frequentarmos a Escola do Mundo, felizes e ansiosas por aprender, tudo aquilo que nossas mães já se cansaram de nos dizer...Quando foi que ser filha deixou de ser divertido e passou a parecer castigo??? 

Em algum ponto da vida, não precisamos mais de suas mãos unidas às nossas, para atravessarmos uma rua, ou cruzarmos uma avenida. Por que não dá pra perceber? Podemos andar lado a lado, conversar se necessário, contar piadas, casos de infância e falar de muitas coisas, desde que nada sério ou desagradável...

Onde é que a certeza das Mães invade sem pudor, o limite sagrado das dúvidas das filhas? Santas... mulheres perfeitas, que têm sempre razão, não cativam mais como antes... afastam, irritam, sufocam então. Mães passam a ser... um ser inundado de pretensão... Como isso acontece? Ninguém sabe? Ninguém vê? 

Filhas que crescem... mães que envelhecem... e as semelhanças? Estão lá, estampadas nos rostos, nas mãos, na voz, no jeito de falar, de andar... como negar? Elas permanecem! Eu sou você ontem... e eu, sou você amanhã... será???

Agora mulher, me tornei esposa, dona do meu nariz... permaneço filha, mas hoje... me descubro também Mãe! E tudo isso, por que quis. E quis com tanta força e tanto, e tanto... que ao segurar minha filha, pela primeira vez, não pude evitar o pranto. Chorar faz parte, do batizado de uma Mãe... 

Mães nascem muito antes de darem à luz... mas no momento em que concebem. O parto é o encontro... O encontro esperado da Mãe com sua cria, sua criança e o inusitado encontro dela... com ela mesma e, pasmem... com suas próprias mães...

A partir desse instante, passado e presente se unem e ganham sentido, tudo faz sentido... Sou Mãe agora... e nunca parei pra pensar no que sentiria nessa hora... Minha mãe me vê em minha filha, mas eu me vejo em minha Mãe... uma confusão agradável de espelhos trocados.

Júlia... te amo!!! Obrigada minha filha, por existir em minha vida, com tanta força e tanta vontade... por exigir seus direitos e por brigar tanto pra ser quem você é... diferente de mim, com sua própria personalidade. Lute todos os dias pelo seu lugar no mundo... ele é inteiro seu... voe bem alto e viva... feliz e altiva, minha Princesa... Vossa Majestade!

Obrigada Mainha, por me ensinar o caminho, por me mostrar quem eu sou... Te amo tanto que dói... fique feliz por saber, que eu estou feliz de viver... de descobrir todo dia um pouquinho mais que... Eu sou você, ontem...

Júlia - A História de Nós Duas


Esta é uma declaração explícita de amor profundo... um agradecimento ao ser que me fez Mãe.. a Júlia, minha filha... por isso, peço que liguem o som, e não deixem que a música pare... músicas desenham cenários para o amor nascer e crescer... e eu preciso disso pra contar a ela, a você minha Júlia, a história de nós duas...
Para Ouvir

Filha, te descobrir em mim, foi um sonho realizado... abrir espaço em meu corpo só pra você, foi um prazer... nunca me importei com o que mostrava a balança...  sentir seus movimentos e chutes cada vez mais fortes, foi algo indescritível... memorável... eterno...

Começamos a conversar, longas conversas... assim que soube que você podia me ouvir. Então fiz questão de lhe apresentar um imenso repertório das músicas que mais amo... delicioso sentir, que foram todas aprovadas por você... 

Desde o início te toquei... mas ao ter certeza de que você já sentia meu carinho, fiz questão em deixar minhas mãos sempre alisando a pele que te envolvia... cada novo movimento seu, era uma resposta... doces respostas recebi filha minha, estão tatuadas em minha alma...pra sempre...

Seus desejos eram ordens e saciá-los foi um vício do qual até hoje me assumo atada... Não atendê-los, agora, é uma batalha que raramente venço.
Te segurar nos braços pela primeira vez, nosso primeiro encontro... foi avassalador...  fui invadida e preenchida por um amor tão, tão gigantesco, tão forte e intenso... que senti medo, muito medo... medo de não conseguir ser a Mãe que você merecia, de decepcionar suas expectivas, seus sonhos em relação a mim... medo de que suas asinhas de repente aparecessem e você voasse de volta pro céu... por que o ser que placidamente dormia em meus braços... era um anjo... eu sabia... era você minha filha, meu anjo.

Eu te esperei tanto... e você veio... atendeu meu chamado e veio... Ao me lembrar disso, te olhando ainda, você, que dormia, esboçou um sorriso... breve, mas lindo... e bastou isso, pra que todo o medo desaparecesse... então, só sobrou o amor... maior que tudo e qualquer coisa... cego, surdo, mudo, louco, inconsequente...

Desde então, posso resumir meus dias em milhões de te amos... Te amo tudo! Te amo mais! Te amo unha, dentinho, cabelo! Te amo inteira! Te amo sorrisos, brigas, brincadeiras! Te amo sonhos, palavras, imagens! Te amo noite, dia, chuva, sol! Te amo cada segundo... antes, durante, depois! Te amo pele, cheiro, corpo, alma! Te amo saber! Te amo existir! Te amo chorar! Te amo sorrir! Te amo até nascer, crescer, VIVER! Te amo ontem, hoje, agora... sempre... PRA SEMPRE!!!

A eternidade, é só uma pequena parte, do longo caminho que o meu amor por você tem para percorrer...e não importa como... você sempre me sentirá assim, muuuito pertinho... sempre ao seu lado... PRA SEMPRE!!
Obrigada por vir... Obrigada por me ensinar a SER SUA MÃE.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Frases Divertidas

1-Se você sentir duas bolinhas encostando no seu traseiro, Não se aflija, o pior já passou... 

2-Homem é como vassoura: sem o pau, não serve pra nada.


3-Os homens mentiriam muito menos se as mulheres fizessem menos perguntas.


4-Marido é igual a menstruação: Quando chega, incomoda; quando atrasa, preocupa.


5-Aquele que, ao longo de todo o dia: é ativo como uma abelha, forte comoum touro, trabalha que nem um cavalo, e que ao fim da tarde se sente cansado que nem um cão... deveria consultar um veterinário. E bem provável que seja um grande burro.


6- A cueca não é a melhor coisa do mundo, mas está bem perto.


7- Errar é humano. Colocar a culpa nos homens é divino.


8-Estar junto nao é estar ao lado, mas é estar dentro.


9-A mulher está sempre ao lado do homem, para o que der e vier; já o homem, está sempre ao lado da mulher que vier e der.


10- Se sua mulher pedir mais liberdade, compre uma corda mais comprida...


11-Carioca é assim, já nem liga mais para bala perdida. Entra por um ouvido e sai pelo outro.


12-Bebo porque sou egocêntrica... gosto quando o mundo gira ao meu redor.


13-Se um dia sentir um enorme vazio dentro de você... Vá comer, que é fome!!!!!!...


14-Se for dirigir, não beba. Se for beber, me chama.


15-Mulher feia é que nem muro alto, primeiro dá um medo...., mas depois a gente acaba trepando.


16-Coração de m
ulher é igual circo...sempre tem lugar para mais um palhaço!!!

17-Se dentista é especialista em dente, paulista é especialista em quê?

18-Quando lhe atirarem uma pedra, faça dela um >degrau e suba... Só depois, quando tiver uma visão plena de toda a área, pegue outra pedra, mire bem e acerte o crânio do filho da puta que lhe atirou a primeira.


19-Sabe o que é a Meia Idade? É a altura da vida em que o trabalho já não dá prazer e o prazer começa a dar trabalho!!!


20-Para que serve beleza interior se o pinto não tem olho.


21-Juizo eu tenho, só nao sei usar.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A Árvore da Maldição

Um dos mestres do horror e da agonia, William Friedkin, diretor mais conhecido pelo filme “O Exorcista”, lançou “A Árvore da Maldição” (The Guardian) em 1990. No longa, Camilla, uma mulher com sotaque britânico, trabalha como babá em casas de família e as conquista com seu talento, simpatia e organização. Porém, seu real objetivo é raptar bebês e levar seu sangue novo para alimentar uma árvore macabra.
Sem contar com muitos recursos tecnológicos, Friedkin poderia cair em um abismo e lançar um filme B pastelão da pior qualidade. Porém, o diretor escapou dessa possibilidade com sua maneira peculiar de olhar para o horror, indo além da esfera material, na qual o visível já é o terror em si. Friedkin explora os fatores psicológicos, vai além da manipulação de situações para que acabem em berros, sustos ou desespero. Seu poder está nos detalhes, no adiamento do grito, como se cada objeto, som, ou diálogo pudesse causar uma destas reações.
Um desses joguetes é um pequeno livro, peça chave do filme e constantemente aberto pela mão de alguns personagens. É um livreto infantil, destes que montam figuras tridimensionais quando folheados. A cada página, cria a imagem de uma árvore obscura que ilustra um conto de fadas. O contraste entre a obra inocente que, de súbito, faz nascer uma forma macabra, monta um clima de mistério e aumenta a tensão e estranhamento em quem assiste.
Essa maneira terrorista de insinuar o terror também é vista logo na primeira cena, quando uma família desconhecida prepara as malas para viajar. Na casa, há alguém cuidando das crianças, um alguém sem rosto, que somente aparece na penumbra, levanta-se do sofá, coloca uma chupeta na boca da criança, manifesta-se como uma força ruim e sobrenatural entre os cômodos da casa.
O sobrenatural, aliás, é demonstrado de uma forma sutil. O mal, encarnado na babá estrangeira e na árvore, estende sua aura para todos os personagens do filme e encontra um casal de yuppies  americanos que tenta começar a vida em uma nova cidade. A relação dos dois, de início morna e de grandes expectativas, ganha tons mais vivos quando procuram os serviços da estranha babá Camilla.
O que seria uma solução para os dois, acaba tornando-se mais um tormento. A esposa logo se apega pela moça loira de sotaque inglês, mas o marido sempre observa-a de forma desconfiada. No início, o problema do rapaz é apenas certa sensualidade da moça, que mexe com ele, mas, depois, ele percebe certas atitudes suspeitas e começa investigá-la. Para piorar, sonhos estranhos perturbam suas noites, impedindo-o de trabalhar e, além disso, um de seus amigos interessa-se pela babá.
Em “A Árvore da Maldição”, assim como em outro filme do diretor, “Possuídos” (Bug, de 2006), há certo interesse em mostrar o processo de destruição do casal utilizando fatores externos e sobrenaturais. No caso de “Bug”, são insetos invisíveis que atormentam uma mulher e seu namorado, deixando-os à beira da loucura. Assim como no desgaste de qualquer relacionamento, em que não se sabe para onde correr e nem o que realmente está acontecendo, o fantástico e o maldito perseguem os casais de Friedkin em ambos os filmes, acuando-os em universos psicóticos, mas, ao mesmo tempo, tornando-os mais interessantes e fortes.
Personagem principal, a babysitter demonstra uma desconexão completa com a realidade, seus trejeitos revelam um tom fantasmagórico. Utilizada como um fantoche da árvore maldita, ela caminha sozinha por trilhas e sofre com o assédio dos homens. É a natureza, que subjuga Camilla em favor de seus interesses, mas, ao mesmo tempo, protege-a de perigos reais: a polícia, o emprego e os homens que tentam abusar de seu corpo.
O rapto dos bebês ocorre sempre durante a noite, quando a árvore domina até mesmo os lobos, fazendo-os escoltarem o caminho da mulher. Ela se aproxima e entrega seu corpo para as raízes, tronco e nervos da árvore. Enquanto sua pele mescla-se com as cascas e folhas do vegetal, Camilla promete-lhe mais um filho. Um presente ao único ser com quem tem uma conexão de verdade.

Oráculo

oráculo  interpreta o que foi dito, pois ele nada produz para ser reconhecido, mas para ser interpretado. Diz uma verdade que aceita a interpretação e a alteração pelos que tomam conhecimento da verdade que foi dita, que podem, assim, tentar controlar o destino.
Os que escutam o Oráculo sabem que o que foi dito, precisa ser interpretado corretamente. Se for uma desgraça, tentarão evitá-la, mas se for algo de bom Farão de tudo para que não haja nada que impeça a previsão acontecer. No Entanto, a fala do oráculo, mesmo que seja simples, deve ser interpretada com cuidado e de forma correta.
Normalmente, nas narrativas sobre os oráculos, o que foi dito, realmente ocorre, mas de uma maneira inesperada. Mesmo assim, não se sabe se o que foi dito, realmente ocorreu, haja vista que, depois do desfecho, pode-se interpretar o que ocorreu como sendo o real aviso do oráculo.
Um exemplo é o de Sócrates que, ao escutar o que dizia o Oráculo, afirmando que ele é sábio, parte para negar tal afirmação. Procurando outros mais sábios, ele interpreta que aquilo que o oráculo concluiu não era a mesma conclusão a que ele chegou inicialmente. No início, Sócrates interpreta que não sabia, mas, ao menos, sabia que não sabia, enquanto que muitos outros afirmavam saber coisas que, na verdade, não sabiam. Já com mais idade, Sócrates conclui que a interpretação correta feita pelo oráculo foi a de ele ter filosofado como filosofou, fazendo com que a cidade inteira se questionasse.
Sócrates, ao final da vida, interpreta que era isso que o Oráculo de Delfos queria dele. Assim, o que disse o oráculo, se realizou, foi uma verdade, mas não como Sócrates pensou. O oráculo confirmou a verdade de que, ao final, Sócrates era o mais sábio, quando diz que ser sábio não era responder as perguntas e, sim, fazer as indagações. Por isso, para Sócrates, a frase com a qual se é sábio é “uma vida não examinada não vale a pena ser vivida”.
A verdade do oráculo coloca os que dela tomam conhecimento, na arte da interpretação, que é um trabalho que, muitas vezes, cria a verdade, vista na interpretação final, e não a descobre. A verdade dita pelo oráculo é interpretada, por meio da prática de lidar com aquilo que foi dito, ou seja, se for ruim, tentando refutá-la, se for boa tentando fazer com que ela ocorra. No fim, a verdade do oráculo é uma verdade fabricada, cuja interpretação depende das pessoas que recebem a mensagem.

Comunismo cristão

Comunismo cristão é uma forma de pensamento filosófico que combina os conceitos básicos do comunismo  e da religião cristã. De acordo com este raciocínio, os preceitos divulgados por Jesus Cristo de amor ao próximo e de valorização dos mais humildes vão de encontro às ideias do proletariado elaboradas por Karl Marx  no fim do século XIX. Assim, Jesus Cristo, quase 2000 anos antes, teria construído junto a seus apóstolos uma sociedade igualitária, similar ao esquema empreendido pelo comunismo.
Esta fórmula conciliadora de comunismo e cristianismo é vista como um desdobramento radical do socialismo cristão, mas que possui ainda vários pontos passíveis de polêmica entre seus simpatizantes, em especial os conceitos como o materialismo, (que na verdade não faz parte da obra original de Marx, destinada a ser um estudo econômico, em primeiro lugar), isso sem mencionar as contribuições de Lênin ao marxismo, que, sendo basicamente uma teoria econômica, teve sua interpretação política suprida pela obra deste revolucionário russo, numa fórmula conhecida como marxismo-leninismo, que foi o paradigma de praticamente todos os regimes socialistas surgidos em todo o planeta no século XX.
Pelo que se sabe, a organização inicial da igreja cristã era baseada em princípios comunais, cada um trabalhando para construir algo maior, baseado nos ensinamentos de Jesus. Apóstolos reunidos com suas famílias e discípulos, vivendo em condições de igualdade, praticavam uma fé onde o indivíduo não era encorajado a obter maior poder ou riqueza ou ainda importância em relação aos outros. Esta imagem dos primeiros tempos da religião cristã é bem semelhante aos estudos de Marx sobre a evolução social e econômica do ser humano, e a sua descrição das sociedades primitivas, que de acordo com este, em um estágio bastante remoto, teriam vivido o pleno comunismo, sem desigualdades, exploração econômica de trabalho e acumulação de riquezas.
Um dos princípios fundamentais que ligam Marxismo e Cristianismo é a preocupação com o bem comum e a caridade em relação aos outros para que ninguém permaneça desamparado dentro da coletividade. É este um ponto onde se enxerga a semelhança entre as duas estruturas, pois o cristianismo dos primeiros tempos, em especial aquele se vislumbra nos Atos dos Apóstolos, na Bíblia, é visto como uma filosofia próxima do raciocínio comunista. Os cristãos baseiam suas doações na crença religiosa do amor ao próximo, realizando assim o sacrifício de seu conforto por amor ao próximo, de acordo com o ensinamento de Jesus. Esses sacrifícios, apesar de livremente escolhidos, derivam da filosofia trazida pelo Cristo, e que todo fiel continua a seguir, bem ou mal. Em outras palavras, eles são o resultado de uma decisão de cunho pessoal, inspirada nas palavras do representante de Deus na Terra. No comunismo, ocorre algo semelhante. A estrutura política montada pela sociedade comunista convoca os cidadãos a participarem, de acordo com preceitos programados e acreditados como benéficos para o povo.

Bibliografia:
COLLINS, Boyd. The Spirit of Christian Communism: Rosa Luxemburg and Heaven on Earth (em inglês). Disponível em
<http://www.zcommunications.org/the-spirit-of-christian-communism-rosa-luxemburg-and-heaven-on-earth-by-boyd-collins>.

Deus das Lacunas”.

Você sabe quem criou o universo, como foi criado e para onde o universo está indo? Apesar das teorias científicas, a maioria das pessoas diz que “Deus fez o universo e ele sabe para onde ele vai”. Sem questionar a visão e a crença religiosa das pessoas, dar a Deus a titularidade e autoria sobre fatos e existências desconhecidas pelo nosso entendimento humano é referido como “Deus das Lacunas”.
Tudo que se caracteriza como natural ou sobrenatural sem explicação lógica pelos estudos da ciência humana e são depositados na autoria divina sem prévia averiguação é determinado pelos cientistas como uma explicação irracional alimentada pela falácia popular. Para a ciência, colocar tudo sob a decisão e culpa de Deus é não seguir um caminho lógico de pesquisa e entendimento.
Até os dias atuais, o senso comum culpa Deus pelas catástrofes naturais e perdas de milhares de pessoas num acidente, sem antes buscar um entendimento a respeito da responsabilidade do próprio homem em determinados casos e o comportamento geológico e climático do planeta Terra.
Numa época em que a humanidade não conhecia a origem e existência dos germes, acreditava-se que Deus era culpado pelas doenças geradas pelos germes e pela a origem desse “mal”, porém, quando a ciência descobriu a existência de bactérias e protozoários, o conhecimento humano ocupou a “lacuna da ignorância” que havia e que mantinha o desconhecimento a respeito dos germes.
O termo “Deus das lacunas” foi criado pelo evangelista escocês, Henry Drummond, no século XIX. Segundo Drummond, os cristãos não poderiam provar a existência de Deus por meio da inexistência de explicação para determinados fatos, existências e funcionalidades ainda desconhecidas.
No século XX, Dietrich Bonhoffer escreveu diversas cartas enquanto estava preso por nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, em seus escritos acreditava que a humanidade não tinha o direito de utilizar Deus (muito menos culpá-lo) pela nosso nível de desconhecimento e sofrimento. Em seu mais conhecido pensamento: “vamos encontrar Deus no que nós conhecemos, não no que nós desconhecemos”.
Considerando as limitações tecnológicas e científicas da humanidade em determinadas épocas históricas, as lacunas poderão sempre existir, apesar da conquista de novas descobertas e esclarecimentos a respeitos de temas e desafios que requerem pesquisa teórica e prática constante. Pois, as dúvidas sempre existiram perante o desconhecido e sempre se multiplicam depois de uma descoberta. A própria existência onipresente de Deus pode ser uma lacuna, que o homem não consegue explicar, apenas acreditar a partir de sua visão de mundo e nível de conhecimento

Revolução dos Cravos