segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Conheça a história de Tereza de Benguela, uma heroína negra!

A mulher que tornou-se símbolo de liderança, força e luta pela liberdade.

Imagem do Google


Uma mulher que tornou-se símbolo de liderança, força e luta pela liberdade. Apesar de sua história ter sido pouco divulgada durante um longo período, hoje seu legado é cada vez mais reconhecido. Tereza de Benguela é um ícone da resistência negra no Brasil Colonial. Sua trajetória remonta ao século XVIII, quando Vila Bela da Santíssima Trindade era a primeira capital de Mato Grosso.

Rainha Tereza”, como ficou conhecida em seu tempo, viveu nesta região do Vale do Guaporé. Após a morte do marido, passou a liderar a comunidade, resistindo bravamente à escravidão por mais de 20 anos. Tereza comandou a estrutura política, econômica e administrativa da comunidade, enfrentando diversas batidas da Coroa Portuguesa. Teresa de Benguela sobreviveu até meados da década de 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças do então governador da capitania.

A história de Tereza de Benguela demorou a ganhar projeção. No entanto, passados quase 250 anos, o reconhecimento começa a aparecer. Uma lei aprovada em 2014 institui 25 de julho como o Dia Nacional de Teresa de Benguela e da Mulher Negra. Motivo de orgulho para os habitantes de toda a região e porque não, de todo o País.


Artigo transcrito da pagina http://gshow.globo.com/TV-Centro-America/E-Bem-MT/noticia/2015/03/conheca-historia-de-tereza-de-benguela-um-heroina-negra.html

Um Brasil de Terezas de Benguela

25 de julho é Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra
Redação
Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG),25 de Julho de 2019 às 13:00

Um território onde não tinha escravidão, onde não havia um patrão branco chicoteando negros e negras forçados a trabalhar. Ainda no século XVIII, mas com legislação complexa e participativa. O quilombo de Quariterê, no estado do Mato Grosso, existiu entre 1730 e 1795. Mais de 60 anos de resistência ativa, de demonstração de que era possível outra forma de organização social e do trabalho. Mas provavelmente você nunca ouviu falar dele. E talvez você não saiba, também, que ele foi comandado por uma mulher, Tereza de Benguela.

Líder do Quilombo do Quariterê, Tereza desafiou a Coroa e o sistema escravocrata português / Foto: Reprodução

Não há muitas informações certeiras sobre ela. Há quem diga que ela passou a liderar o quilombo após a morte do companheiro, José Piolho. Há outros registros que a colocam como a rainha do quilombo desde antes, que era ela quem presidia as reuniões daquilo que funcionava como um Senado. Outra incerteza é em relação ao seu nascimento, se na África ou já no Brasil. Também não se sabe ao certo se havia indígenas entre os habitantes do território livre, mas muitos indicativos levam a crer que sim.

Sabe-se que Tereza liderava e inclusive organizou um exército em resistência à invasão bandeirante, violenta e assassina, que levou à sua morte. As dúvidas e o desconhecimento da história de Tereza falam muito sobre o Brasil. Por um lado, há uma intensa vivência de enfrentamento, de coragem, de ação decidida e dirigente de pessoas oprimidas. Entre essas pessoas, negros, mulheres, negras. Por outro lado, um apagamento sistemático e interessado dessa tradição e a construção de um ilusório “povo pacífico”, uma mentirosa “democracia racial”, mito atrás de mito que escondem nossa formação violenta e resistente.

25 de julho: memória histórica

Em 1992, na República Dominicana, foi realizado o 1º Encontro de Mulheres Afro-latinoamericanas e caribenhas, e instituído o 25 de julho como dia de luta. Em 2014, coube à primeira presidente mulher da história do Brasil, Dilma Rousseff, sancionar uma lei que colocava o 25 de julho como Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

Essa homenagem mais que justa e tardia a uma heroína brasileira precisa ser lembrada e celebrada. Mais que isso, precisamos honrar a história de luta e seguir fazendo como Tereza. É preciso resistir ao opressor, seja ele um bandeirante armado, seja um presidente que faz apologia à violência e à morte. É preciso lembrar e contar nossa história, porque a memória e a verdade são revolucionárias. 

Tereza mostrou o caminho: é possível construir um território livre. Façamos como ela, todos os dias.



Edição: Joana Tavares

Artigo trascrito do Brasil de Fato 
https://www.brasildefato.com.br/2019/07/25/editorial-or-um-brasil-de-terezas-de-benguela/

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