Houve um tempo em que eu acreditava no amor, mais do que isso, eu acreditava no romantismo. E sonhava, boba, com aqueles momentos que nos fazem saber amadas. Acreditava em declarações verdadeiras, em flores nos momentos especiais, em andar de mãos dadas pelas ruas e em bilhetinhos de amor perdidos nos meios dos livros.
Houve um tempo em que eu assistia filmes românticos e acreditava que as pessoas poderiam fazer pedidos de casamento, noivado, namoro, de formas planejadas e memoráveis. Acreditava nos textos de amor e imaginava que sempre havia alguém por trás motivando todas aquelas linhas.
Houve um tempo em que eu acreditava nas pessoas. Na vontade de fazer o bem, em agradar quem se ama, em querer fazer o outro feliz sem receber nada em troca além do sorriso sincero. Houve um tempo em que eu acreditava que as pessoas abraçavam, beijavam e viviam juntos apenas por afinidade, por vontade própria, por amor e não por esperar algum “benefício” com isso.
Houve um tempo em que eu acreditei em muitas coisas. Mas a vida nos abre os olhos e endurece o coração. Hoje eu não vejo mais romantismo em canto algum. As pessoas são rudes, grosseiras e egoístas. Sempre ocupadas com o seu mundo particular, com as suas vontades, com as suas agendas lotadas. Não há espaço para mais ninguém, estão todos muito ocupados consigo mesmo que são incapazes de olhar para o próximo. A compaixão está morta, o amor está morto, o romantismo está acabado. Somos seres solitários presos em nossas próprias angústias, incapazes de sentir felicidade com a alegria de alguém que queremos bem.
A vida é curta, dizem, não se pode desperdiçar com mais ninguém. A vida é muito curta para os bilhetinhos de amor, para as flores, para as ligações, para os pequenos poemas mal feitos. A vida é muito curta para se fazer alguém feliz. A vida é tão curta e passageira que sua efemeridade nos tornou escravos de nós mesmos: somente a nossa dor é profunda, somente nossos problemas são grandes, somente nós somos importantes. Ninguém parece querer repartir a vida e os sentimentos, os abraços, os momentos bons e ruins. Ninguém se socializa, ninguém se abraça, ninguém se beija, de verdade. Os relacionamentos são instantâneos e a solidão é eterna. Somos todos solitários. Solitários conectados. Solitários plugados. Solitários mesquinhos e rancorosos que não sabem dar e nem demonstrar amor. Solitários amargos, que vivem rápido, porque a vida é curta e vazia
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