O perispírito, também conhecido como corpo fluídico dos Espíritos e “[…] que une o corpo e o Espírito, é uma espécie de envoltório semimaterial. A morte é a destruição do envoltório grosseiro [corpo físico]. O Espírito conserva o segundo, que constitui para ele um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, mas que pode se tornar acidentalmente visível e mesmo tangível, como sucede nos fenômenos das aparições.1
A matéria que constitui o corpo físico e o perispírito é “[…] um dos mais importantes produtos do fluido cósmico […]. No perispírito, a transformação molecular se opera diferentemente, porquanto o fluido conserva a sua imponderabilidade e suas qualidades etéreas. O corpo perispirítico e o corpo carnal têm, pois, origem no mesmo elemento primitivo; ambos são matéria, ainda que em dois estados diferentes.”2
Os elementos que formam o perispírito é retirado do meio ambiente onde vive o Espírito, encarnado ou desencarnado. “Participa ao mesmo tempo da eletricidade, do fluido magnético e, até certo ponto, da matéria inerte.[…] É o princípio da vida orgânica, porém não o da vida intelectual, que reside no Espírito. É, além disso, o agente das sensações exteriores.No corpo, essas sensações estão localizadas nos órgãos que lhes servem de canais. Destruído o corpo, as sensações se tornam gerais.” 3
O perispírito não é igual em todas as pessoas, ainda que os elementos constituintes sejam os mesmos. “[…] A natureza do envoltório fluídico está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito. Os Espíritos inferiores não podem mudar de envoltório a seu belprazer e, por conseguinte, não podem passar, à vontade, de um mundo para outro. O envoltório fluídico de alguns deles, se bem que etéreo e imponderável com relação à matéria tangível, é ainda pesado demais, se assim nos podemos exprimir, com relação ao mundo espiritual, para não permitir que eles saiam do meio que lhes é próprio. Nessa categoria se devem incluir aqueles cujo perispírito é tão grosseiro, que eles o confundem com o corpo carnal, razão por que continuam a crer-se vivos [encarnados].” 4
Outro ponto, não menos importante: “Sendo um dos elementos constitutivos do homem, o perispírito desempenha importante papel em todos os fenômenos psicológicos e, até certo ponto, nos fenômenos fisiológicos e patológicos.” 5
Importa considerar que o “[…] perispírito não se acha encerrado nos limites do corpo, como numa caixa. Pela sua natureza fluídica, ele é expansível, irradia para o exterior e forma, em torno do corpo, uma espécie de atmosfera que o pensamento e a força da vontade podem dilatar mais ou menos.”5 Tal propriedade, chamada expansibilidade, permite que as pessoas se comuniquem entre si e permutem, à revelia, impressões, sentimentos e até pensamentos. 6
“É por meio da perispírito que os Espíritos atuam sobre a matéria inerte e produzem os diversos fenômenos mediúnicos.” 7 Da mesma forma, comunicam-se com os encarnados, transmitem-lhes bons ou maus pensamentos, de acordo com o grau de moralidade que possuem, ou transmitem informações corretas ou equivocadas, segundo o conhecimento que tenham. Produzem obsessões e são capazes de se imiscuir na vida dos que vivem no plano físico.
Referências
- KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 2 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Introdução VI, p.37.
- _____. A gênese. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 1 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. XIV, item 7.
- _____. O Livro dos Espíritos.Op. Cit., questão257, p. 225.
- _____. A gênese. Op. Cit. Item 9.
- _____. Obras póstumas. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 1 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Primeira parte. Cap: Manifestações dos Espíritos. Item 1: O perispírito como princípio das manifestações, n.º 12.
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